Saúde - Doenças modernas: falta de celular, computador e outras tecnologias vira fobia
Nomofobia, que vem do inglês "no móbile", foi o nome dado para a doença que
causa pânico e angústia na falta do celular. Mas o celular é apenas uma das
tecnologias sem as quais algumas pessoas literalmente não sobrevivem. Há quem
não passe um minuto sem o computador, o e-mail, a internet. Ao que tudo indica,
viraram reféns do mundo moderno.
São fobias muito novas e pouco diagnosticadas, já que as pessoas não as enxergam
como doenças. "Como em todas as compulsões, o indivíduo só percebe quando a
coisa fica muito grave e passa a interferir a vida cotidiana. Ele não nota
porque virou necessidade da vida moderna ficar plugado o tempo todo ", explica a
psicóloga Ângela Ferreira Batalha, que é especialista em fobias.
Carreira prejudicada
Mas o que parece normal pode acarretar inúmeras conseqüências negativas,
especialmente na vida profissional. Por exemplo, uma pesquisa realizada pela
Universidade de Glasgow, na Escócia, revelou que um dilúvio de e-mails
interrompendo constantemente o trabalho estressa os profissionais. Na tentativa
de verificar as mensagens, eles se sentem mais cansados, frustrados e menos
produtivos.
Além disso, em algumas empresas, é proibido usar o celular. Elas já perceberam
que algumas pessoas usam o aparelho o dia inteiro, o que prejudica a realização
das atividades. Por fim, no Brasil, usar e-mail para fins pessoais ocasiona
demissão por justa causa.
"A maioria dos tribunais reconhecem o direito das empresas de fiscalizar o uso
do e-mail fornecido ao funcionário como ferramenta de trabalho e utilizar as
informações como prova em ações judiciais", explica a advogada trabalhista
Juliana Fuza, do escritório Innocenti Advogados Associados. A Justiça ainda
permite às empresas bloquear sites e programas de bate-papo.
Ângela concorda que o vício em tecnologias afeta a carreira. "Há pessoas que,
quando perdem o celular, ficam desesperadas, acham que ninguém vai conseguir
falar com ela e entram em pânico. Outras são viciadas nos programas de bate-papo
e podem passar o dia conversando. Quando percebem, não fizeram nada que tinham
que fazer", explica.
O que está por trás do vício
O problema de passar o dia inteiro na internet é que a pessoa deixa de viver a
vida real. Ela tem muitos contatos virtuais e quase nenhum físico. "O viciado
não quer fazer outra coisa e abdica até mesmo do convívio com a família, vivendo
só em função daquela determinada tecnologia", diz a psicóloga. "Quando chega
nesse ponto, a compulsão passa a ser um problema".
"Precisamos de mais casos diagnosticados para ver o que realmente está
acontecendo. O que está por trás dessas compulsões por tecnologias? Por que as
pessoas precisam estar plugadas o tempo todo? Seria solidão", questiona. "Por
exemplo, nos casos dos executivos que levam seus notebooks e telefones móveis
nas férias e nos finais de semana, por que eles têm a necessidade de serem
sempre solicitados?". São perguntas para refletir.
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