Seguros - Seguro de carro mais barato para mulheres é justo, dizem especialistas
Uma decisão da corte de Justiça europeia, anunciada nesta semana, determinou
que as empresas seguradoras devem cobrar taxas iguais de homens e mulheres, o
que coloca um fim à cobrança de valores mais baixos para motoristas do sexo
feminino.
A decisão foi tomada com base na alegação de um grupo belga de defesa do
consumidor de que a cobrança de um valor maior para os homens fere o princípio
de igualdade de gênero.
No Brasil, profissionais de seguros não acreditam que esta lei poderia ser
implementada. Para o presidente do Clube dos Corretores de Seguros do Grande
ABC, Marcelino Odlevati, o setor de seguros brasileiro é "bastante maduro” e
essa diferença de preços entre motoristas do sexo masculino e feminino é uma
maneira justa de tarifar o serviço, de acordo com o perfil de risco de cada
motorista.
“Não faz muito tempo, o valor do seguro era de 10% o valor do carro,
independente do condutor ser homem, mulher ou qual idade tivesse. Com o perfil,
a seguradora passou a determinar quem é o condutor e a cobrança ficou mais
justa”, afirma.
Excessos
Para Odlevati, o maior problema da criação dos “perfis” do motorista para o
estabelecimento do preço do seguro é a seguradora cometer algum excesso.
“Existem seguradoras que fazem 18, 19 perguntas para a avaliação de risco do
condutor. Algumas vezes, depois que você responde o questionário, algumas
daquelas informações podem mudar e você pode esquecer de comunicar essa
alteração e a seguradora coloca isso como uma justificativa para negar o
pagamento do seguro. Neste caso, eu não concordo”, ressalta.
Para a coordenadora da ProTeste - Associações de Consumidores, Maria Inês Dolci,
as seguradoras podem até fazer uma diferenciação com base no perfil de risco,
mas devem deixar bem claro para os clientes quais são os critérios analisados.
“O maior problema é que, no Brasil, os critérios analisados não são nada
claros”, diz Maria Inês.
Segundo ela, as seguradoras devem sempre informar para o cliente pelo que ele
está pagando e o motivo do valor ser mais alto, no caso dos homens e jovens, por
exemplo. “A diferença de preço também não pode ser muito grande”, afirma.
Score bancário
Segundo Odlevati, no Brasil, existe uma tendência de que a classificação do
condutor com base no seu perfil de sexo e idade seja substituída gradualmente
pelo “score bancário”. Ou seja, a seguradora deverá analisar o CPF e os dados de
crédito dos motoristas para estabelecer o valor do seguro.
“As estatísticas mostram que aqueles que possuem maior endividamento são
responsáveis pelo maior número de sinistros”, aponta.
De acordo com o profissional, isso acontece, em primeiro lugar, por má-fé de
alguns. “Tem aquelas pessoas que dão um 'jeitinho' de fazer um sinistro no carro
para receber o valor do seguro”, diz.
Em segundo lugar, as pessoas com mais dívidas e que passam por mais dificuldade
financeira costumam investir menos na manutenção do veículo. “Muitos acidentes
acontecem porque o motorista não fez as revisões ou os reparos necessários”,
conclui.
Referência:
InfoMoney
|
Autor:
Equipe InfoMoney
|
|