Aprenda como evitar transtornos financeiros e também a economizar com pacotes,
passagens aéreas, câmbio de moedas e compras
O planejamento é a chave para o viajante internacional fazer os melhores
negóciosPara muita gente, planejar uma viagem é encarada como uma tarefa mais
enfadonha do que divertida. Em se tratando de embarques internacionais, no
entanto, os preparativos são tão importantes que podem render uma boa economia
ao viajante. Seja qual for a sua postura, conheça cinco dicas para organizar a
viagem para o exterior:
1. Destino e propósito
Passar uma temporada em outro país costuma representar uma intricada
combinação entre os sonhos do viajante e as despesas que seu bolso irá
comportar. Não por acaso, a estimativa de gastos depende de uma série de fatores
conjugados: destino e tempo da viagem, preço das passagens, acomodação, custo
burocrático de cruzar a fronteira e desembolso com comida e lazer. Avaliar quais
dessas variáveis vai demandar mais dinheiro depende exclusivamente da vontade -
e conta bancária - de quem arruma as malas. Uma viagem de lua de mel nas Ilhas
Maldivas certamente sairá mais cara do que um mochilão com os amigos no Peru.
Por isso, o primeiro passo de quem pretende ir para fora deve ser a escolha
do local visitado e da data de embarque. O ideal é que o martelo seja batido com
no mínimo seis meses de antecedência, quando as chances de conseguir preços mais
em conta serão significativamente mais altas. "Baixa temporada é sinônimo de
desconto, e a economia pode chegar a 40% para locais como a Argentina durante o
verão", afirma Patrícia Belotti, supervisora de comunicação da Stella Barros
Turismo.
Vale lembrar que não é apenas a estação climática que influi drasticamente
nos valores. Na Disney, por exemplo, a viagem é igualmente salgada em janeiro ou
julho, período de férias escolares. A regra é pesquisar sempre e colher o máximo
de detalhes possíveis. Entre uma informação e outra, você pode acabar
descobrindo que priorizar preços baixos nem sempre é a melhor estratégia.
"Destinos como o Caribe, por exemplo, ficarão mais baratos em época de furacão",
completa Belotti.
2. Passaporte e visto
O passaporte é requisito básico para o viajante sair do país, pois identifica
a nacionalidade do portador e assegura reconhecimento legal em qualquer lugar do
mundo. Para tirá-lo, é preciso preencher um formulário no site da Polícia
Federal (http://www.dpf.gov.br/servicos/passaporte/requerer-passaporte)
e pagar uma taxa de 156,07 reais. Em seguida, o requerente deve levar uma série
de documentos à unidade da PF indicada no cadastro, o que pode inclusive exigir
agendamento prévio. O passaporte fica pronto em seis dias úteis e vale por cinco
anos. Apesar deste prazo, países como Cuba e Reino Unido só concedem a
autorização de entrada se faltarem mais de seis meses para o documento expirar.
Atente-se a esse detalhe e, se for o caso, renove o seu documento com a devida
antecedência.
Cada nação adota critérios próprios para liberar o acesso e permanência de
estrangeiros e quem viaja a estudo, trabalho ou turismo, deve necessariamente se
inteirar destas particularidades. Para os turistas, as regras costumam ser mais
flexíveis. Alemanha, Espanha e a maioria dos países europeus dispensam visto
para passageiros que se enquadram nesta categoria, fixando um período máximo de
três meses para a estadia. Embora a concessão também valha para países do
Mercosul - onde é possível inclusive substituir o passaporte pela cédula de
identidade - é obrigatório tirar o visto para conseguir entrar em destinos como
Estados Unidos, Austrália e Canadá . Acesse a lista completa de restrições no
endereço
http://www.portalconsular.mre.gov.br/antes/tab_vistos.doc/view.
Confirmada a necessidade de tirar o visto, procure a Embaixada ou Consulado
do país específico para providenciar a emissão do documento. Para os EUA, a taxa
de solicitação para turistas sai por 140 dólares e vale por dez anos. Outros 38
reais devem ser pagos pelo agendamento da entrevista. Já para a China, o visto
de apenas uma entrada custa 210 reais. De qualquer forma, embaixadas e
consulados não têm obrigação de atender aos pedidos ou mesmo justificar a
recusa. "Muitas pessoas se arriscam a fechar um pacote turístico por achar que
isso ajuda a conseguir o visto, o que não é verdade. Se o seu pedido for
preterido, é provável que você ainda tenha que pagar uma multa para a operadora
de turismo pelo cancelamento", alerta Patrícia Belotti, da Stella Barros.
O Ministério de Relações Exteriores ressalta que estar de posse ou mesmo ser
dispensado do visto tampouco dá garantias de acesso a qualquer país. A decisão
final cabe à autoridade de imigração e cada nação tem livre arbítrio para
aceitar ou não o ingresso de estrangeiros. Na Espanha, por exemplo, 1.902
brasileiros foram barrados no ano passado, 21% do total de deportados do país. A
mera desconfiança sobre a real motivação do viajante pode ser suficiente para
impedi-lo e, por isso, é recomendável manter um tom de respeito e coerência no
contato com autoridades estrangeiras. Outra dica é ter à mão vouchers de hotel,
dinheiro vivo (uma média de 60 euros por dia no caso de países europeus),
passagem de volta e cartão de crédito internacional. Tudo para comprovar a
capacidade financeira de se manter no país de destino - e a intenção de
realmente deixá-lo um dia.
3. Passagem aérea e acomodação
Em geral, comprar um pacote em agência de turismo sai mais em conta do que
bancar a viagem por conta própria. As operadoras fecham negócios em larga escala
e, por isso, têm maior poder de barganha na obtenção de preços convidativos em
companhias aéreas e hotéis. Ao comprar uma passagem sem o intermédio de um
agente, o consumidor vai arcar com o valor destinado aos compradores
individuais, a chamada tarifa balcão. O preço é outro para as agências de
turismo, que se beneficiam da tarifa operadora.
Contudo, quem opta pelo pacote terá de remunerar a agência pelo servido
prestado e também perde a liberdade de remanejar a viagem. Ainda que dispense a
parte terrestre e só feche a passagem aérea, o turista normalmente só poderá
remarcar o bilhete quando a companhia oferecer vagas na mesma classe tarifada.
Ou seja, a disponibilidade de assentos em um vôo não significa que será possível
fazer a troca, independente da disposição do cliente de pagar a diferença de
preço.
Marco Lourenço, gerente de vendas da agência Queensberry, defende que antes
dos custos baixos, o grande diferencial das empresas de viagem é a segurança.
"Em tempos de grandes promoções e divulgação irrestrita na internet, o viajante
pode, sim, encontrar bons preços sem qualquer ajuda. Mas quem procura um
operador, quer o know how de alguém que diga para ele quais os melhores países,
hotéis e roteiros, com um suporte em caso de imprevistos que o sujeito
individualmente não terá."
Quem preferir organizar o itinerário sozinho e estiver disposto a garimpar
boas ofertas, deve comprar a passagem aérea assim que possível. Isso porque as
companhias aéreas têm uma banda de preços determinada, com variações de até 40%.
Os assentos mais econômicos ocupam de 5 a 10% da aeronave e terminam
rapidamente. Se houver flexibilidade na definição da data da viagem, evite as
férias escolares e opte pelo período que vai de março a junho ou setembro a
novembro. Além disso, voar no meio da semana tende a ser no mínimo 5% mais
econômico.
Se o negócio for cortar gastos, vale pesquisar valores nas companhias
low-cost, que eliminam todos os custos possíveis para oferecer tarifas mais
atraentes. Alguns sites disponibilizam mecanismos que prometem rastrear os
bilhetes mais baratos, como o SkyScanner (http://www.skyscanner.com.br),
em português, e o Opodo (http://www.opodo.com).
Uma vez na Europa, quem pretende viajar entre os países do Velho Mundo pode
buscar bilhetes através dos endereços Fly Cheapo (http://www.flycheapo.com)
e Attitude Travel (http://www.attitudetravel.com).
As reservas de hotel seguem a mesma lógica e são tradicionalmente mais
acessíveis na baixa temporada. E se privacidade e comodidade não estiverem entre
as suas prioridades, considere a estadia em hostels e pensões bed & breakfast,
com preços seguramente mais tentadores. No site Hostel World (http://www.hostelworld.com),
é possível fazer uma pesquisa em mais de 24.000 estabelecimentos do tipo no
mundo todo.
4. Dinheiro e câmbio
Assim como no mercado financeiro, também nas viagens para o exterior quem
diversifica as opções ao lidar com dinheiro diminui os riscos de amargar grandes
perdas. Por isso, uma boa estratégia é levar uma parte do montante em espécie,
mas não esquecer os cartões de crédito e débito para não sair com a carteira
excessivamente recheada.
Dentre essas opções, a única que não oferece o câmbio travado é o cartão de
crédito. Na prática, o preço da moeda usado na cobrança é cotado pelo câmbio
comercial no dia do fechamento da fatura, e não no momento da compra do produto,
o que deixa o consumidor à mercê de qualquer flutuação. Os impostos também não
devem ser esquecidos: a cobrança é de 2,38% de IOF sobre o valor de cada
operação.
Por sua vez, os cartões de débito oferecidos pela Visa, também conhecidos
pela sigla VTM (Visa Travel Money), funcionam no sistema de recarga. O viajante
faz um depósito por meio de uma casa de câmbio autorizada, que transforma o
montante em créditos. O saldo poderá ser utilizado como um cartão de débito
comum ou sacado em caixas eletrônicos na própria moeda do país visitado. Tudo
isso com a cotação ajustada diariamente.
Em média, cada saque sai por 2,5 dólares, e as transações pagam IOF de 0,38%.
As vantagens parecem óbvias, mas vale ressaltar que ao contrário do que acontece
com os cartões de crédito, a conversão é feita com o câmbio turismo. "A moeda
fica de 4 a 8% mais cara, dependendo da praça onde é negociada. Mas se por um
lado o VTM paga um pouco mais no câmbio, por outro os impostos são mais baixos",
diz Fábio Agostinho, diretor da Confidence Câmbio.
Marco Lourenço, da Queensberry, reforça que a estabilidade do dólar tem
facilitado a vida do turista. "Em épocas de oscilações gritantes, criou-se essa
cultura do dinheiro em espécie. Hoje o viajante leva apenas o necessário, porque
os cartões são bem aceitos em qualquer lugar do mundo". Ainda assim, é
aconselhável ter cerca de 20% de dinheiro vivo - e em notas menores - para
gastos com gorjetas e serviços. Em alguns países, é possível que o dinheiro
devolvido como troco seja falso. Se você usar valores modestos, dificilmente vai
passar por essa situação, já que os falsificadores não veem retorno expressivo
na cópia de notas baratas.
Se possível, saia do Brasil com a moeda já trocada para pagar apenas uma taxa
de câmbio. Comprando dólares e fazendo a conversão pela moeda corrente do país
de destino, você vai pagar o lucro de outra agência de câmbio e correrá o risco
de receber notas falsas. Caso precise fazer a operação lá fora, opte pelos
bancos estrangeiros. Geralmente, eles oferecem melhores taxas quando comparados
às casas de câmbio, em especial as que estiverem instaladas em estações de trem
e aeroportos. Nesses locais, é aconselhável trocar apenas o estritamente
necessário. Fuja de agências próximas a pontos turísticos. Além de cobrarem
comissões mais salgadas, elas costumam ser visadas por assaltantes. E
independente do estabelecimento escolhido, guarde sempre os recibos para ter uma
prova legal da procedência do dinheiro.
Finalmente, priorize os travellers checks se o comércio do país de destino
for carente de caixas eletrônicos. O funcionamento dos cheques de viagem é
semelhante ao dos cartões de débito. A diferença é que o dinheiro deve ser
necessariamente trocado em bancos, mediante a assinatura e apresentação do
documento de identidade do portador. Em caso de roubos ou perdas, o cliente é
reembolsado em até dois dias.
5. Compras
Nos primeiros quatro meses do ano, os gastos dos brasileiros no exterior
aumentaram 70% em relação à 2009, batendo a marca de 4,5 bilhões de dólares. Com
a moeda mais estável e a expansão da renda da população, o sonho de tomar um
banho de loja no exterior ficou mais palpável.
Quem deseja economizar na hora de encher as sacolas deve ficar atento às
liquidações e aos centros de compra conhecidos como outlets, bastante comuns nos
países estrangeiros. As lojas de pontas de estoque oferecem descontos
expressivos em artigos de grife, que muitas vezes saem pela metade do preço
original. O site
www.outletsonline.com traz informações de estabelecimentos desse tipo nos
Estados Unidos e em outros lugares do mundo. Já o endereço
www.tangeroutlets.com
se restringe às lojas norte-americanas.
Alguns países como França e Canadá restituem o imposto local cobrado dos
produtos nacionais se o viajante solicitar a ficha de reembolso, ou "tax refund
check", nos estabelecimentos autorizados. Na Argentina, por exemplo, é possível
receber de volta até 16% das compras acima de 70 pesos. Quando for embarcar para
o Brasil, o turista deve apresentar o documento à alfândega, onde ele será
carimbado. Apresentando-o no guichê próprio, será possível receber a restituição
imediatamente. Para checar quais estabelecimentos oferecem essa possibilidade,
acesse o site
www.globalrefund.com.
Os apelos para o consumo são muitos, mas o céu não é o limite para quem se
entusiasma com os preços invariavelmente mais baixos anunciados lá fora. Os
compradores que voltarem de navio ou avião podem trazer no máximo 500 dólares em
produtos sem sofrer qualquer tributação pelas compras. O valor cai para 300
dólares por via terrestre. Não entram nesta conta roupas, artigos de higiene,
beleza, maquiagem e calçados para uso próprio, contanto a quantidade constatada
seja compatível com a duração e finalidade da viagem.
De volta ao país, o passageiro deve assinar um formulário informando se
ultrapassou o valor máximo permitido pela Receita Federal. Caso tenha
permanecido dentro dos limites, deve assinalar a opção "nada a declarar". Ainda
assim, é possível ter a bagagem revistada na alfândega. Se o fiscal encontrar
distorções entre os valores declarados e a infinidade de produtos presentes na
mala, o consumidor vai arcar com uma multa de 50% sobre o valor dos bens que
excederem a cota de isenção.
No duty free, é permitido gastar outros 500 dólares com isenção de tributos,
mas apenas no momento de desembarque. Os bens comprados em lojas francas
brasileiras antes da partida para o exterior recebem o mesmo tratamento dos
produtos adquiridos em outros países. Ou seja, passam a fazer parte da bagagem
do viajante. O mesmo vale para as compras realizadas em duty-frees de aeroportos
internacionais.