A network (rede de contatos profissionais) é atualmente assunto para
dissertações de mestrado, conversas de botequim e, inclusive, você já deve ter
chegado a participar de alguma palestra, discussão ou assistido a um programa de
TV que abordava o tema. Contudo, para infelicidade geral da nação, são poucas as
pessoas que sabem tirar proveito desta velha ferramenta de trabalho.
Velha?!!! Sim! Nossos bisavôs e os tataravôs destes também já se beneficiavam
das vantagens que uma boa convivência com as pessoas trazia às suas conquistas
pessoais. O que mudou é que algum estudioso do marketing escolheu um nome
estrangeiro para ficar mais bonito e parecer novo, além de adaptá-lo à nossa
realidade...
Em primeiro lugar, é fundamental entender que a network não é apenas uma técnica
de empregabilidade, mas um jeito de viver. Você tem que gostar (ou aprender a
gostar) de pessoas, caso contrário esqueça e pense em algo diferente. Fazer
networking não é “puxa-saquismo” é cultivar bons relacionamentos.
Por que a network é tão eficiente?
A rede de contatos possibilita tomar conhecimento sobre vagas não divulgadas na
mídia e chegar até as pessoas que realmente decidem sobre a contratação. Em
muitas empresas, cerca de 70% das oportunidades de emprego são preenchidas
graças às indicações que surgem a partir de conhecidos que compõem essa mesma
rede. Além de tudo, é um poderoso instrumento de integração entre pessoas das
mais variadas áreas, o que possibilita também novas amizades, criação de novos
negócios e novas parcerias. Através da rede, você se apresenta para o mundo e
expõe suas habilidades.
Vamos imaginar a seguinte situação: você atua em uma empresa que precisa
contratar um arquiteto para executar uma determinada obra. Convidado a sugerir
um profissional credenciado, quem você indicaria? Pense... Pense mais um pouco.
Ok. Lembra-se de alguém? Sim! Que bom para este “alguém”. Não lembrou? Pois é,
nenhum arquiteto preencheu o seu Top of Mind até este momento. Será que não está
acontecendo com as outras pessoas o mesmo em relação a você?
Quem não é visto não é lembrado
É essencial manter uma agenda recheada de telefones, e-mails e endereços de
amigos, profissionais ou vizinhos, esteja ou não empregado. Saiba que não basta
pedir ajuda somente em momentos de crise, é preciso manter contato constante e
estar disponível para ajudar também. Mantenha contato mesmo com aquelas pessoas
que não podem arranjar-lhe uma oportunidade, pois elas podem abrir portas. Dessa
forma, você conhece gente e vai sendo conhecido também. É preciso se mostrar!
Aliás, há quanto tempo você não envia um e-mail para aquele amigo que não
encontra desde o ano passado... (que tal fazer isso depois de ler a coluna?)
Como montar sua network
Fique atento às dicas de José Augusto Minarelli, presidente da Lens & Minarelli
Associados e autor do livro 'Networking - como utilizar a rede de
relacionamentos na sua vida e na sua carreira':
1. Livre-se dos rótulos. Antes de iniciar a rede de contatos, lembre-se
de que, independentemente do cargo que a pessoa ocupa, ela pode ter seu próprio
grupo de relacionamento e saber de 'alguém que conhece alguém' que pode ajudá-lo
de alguma forma.
2. Encare a rede como um negócio. A inclusão ou exclusão de contatos, a
atenção dada a eles e o tipo de relacionamento com cada pessoa devem ser
planejados e medidos de acordo com os seus interesses. Isso quer dizer que,
apesar da confiança e da honestidade com as quais você deve se relacionar, o
instrumento deve ser útil e servir aos seus propósitos. Portanto, seja seletivo
e profissional. De nada adianta uma agenda lotada de nomes que não poderão
ajudá-lo ou que nem sequer lembram quem você é.
3. Invista em seu capital social. Tão importante quanto seu capital
financeiro, é o social, composto por pessoas de vários graus de relacionamento.
Para aumentá-lo, procure sair, freqüentar cursos, eventos e coquetéis
profissionais. Quanto mais você aparecer para o mundo, mais será visto, e mais
oportunidades serão criadas com sua rede.
4. Reúna seus contatos. Isso não se refere somente a cartões de visita.
Pegue também suas agendas, seus convites de formatura, cadernos de endereços,
guardanapos de papel, capas de cheque, pedaços de papel soltos, enfim, tudo o
que possa conter anotações de nomes e dados de pessoas.
5. Tenha foco. Defina o que você quer da rede e atue em função disso. É
emprego? Contrato de trabalho? Abrir um negócio? Sendo claro, você ajuda seus
colegas a ajudarem você. Para definir seus objetivos, pergunte-se: de que
preciso? Quais são os meios para chegar lá? Quem pode me ajudar nisso? Onde pode
estar aquilo que procuro?
6. Registre seus contatos. Utilize o computador ou a ferramenta que
preferir para registrar seus contatos da maneira que achar mais conveniente.
Você pode separar seus contatos por estado, cidade, ordem alfabética, enfim, não
há regras específicas para isso. Apenas preocupe-se em fazer uma divisão que
agilize suas buscas.
7. Converse. Adquira o costume de se aproximar de pessoas estranhas. É dessa
forma que você realmente poderá saber quem ela é e de que forma ela pode
contribuir para a sua vida profissional e pessoal. Essa é uma dificuldade comum,
mas que precisa ser superada, caso você realmente queira expandir sua rede de
contatos.
8. Troque cartões no final da conversa. Com essa atitude, você evita
trocar cartões em vão ou oferecê-los para alguém que pode ser inconveniente e
dispensável para a sua rede.
9. Anote dados sobre a pessoa. Aproveite o verso do cartão de visitas
para anotar o local do encontro, o tipo de conversa e algumas características da
pessoa. É uma forma de você não precisar recorrer à memória para lembrar de onde
veio determinado cartão. Além disso, é possível retomar a conversa sem perguntar
coisas sobre as quais vocês já conversaram e saber um pouco sobre seus gostos e
preferências.
10. Classifique as pessoas. Infelizmente, não dá para ter o mesmo tipo de
vínculo com todas as pessoas. Até porque, naturalmente, temos em nossa vida a
presença daquelas que são mais ligadas a nós (família, amigos próximos) e outras
com as quais a relação estabelecida é menos intensa (colegas, parceiros de
trabalho). Todos fazem parte de seu capital social, mas se você classificá-los
de acordo com seu interesse profissional - quem pode ser mais ou menos
interessante - conseguirá distribuir o tempo dedicado a elas de maneira mais
produtiva. Atenção: isso não tem a ver com sentimentos ou aproveitar-se das
pessoas, mas apenas está ligado à administração dos contatos.
11. Classifique os contatos. Outra maneira de classificar seus contatos é
dividindo-os em quatro partes: contratantes - pessoas que possuem poder de
decisão sobre sua contratação; informantes - pessoas que sabem onde você pode
encontrar boas oportunidades de emprego; intermediários - pessoas de sua rede
que servem de ponte entre você e o contratante; e influenciadores - pessoas que
exercem alguma influência sobre sua recolocação no mercado.
12. Mantenha contato. É essencial cultivar sempre os seus
relacionamentos, mesmo quando não estiver precisando deles, para que você possa
ter crédito. A base da network é a troca - de informações, de favores, de
lembranças, de confiança. Ligue para dar os parabéns pelo aniversário, pelo
nascimento de um filho, por uma conquista profissional, pelo dia da profissão,
enfim, nunca deixe para se lembrar de alguém somente quando necessitar de ajuda.
13. Utilize a Internet. A rede mundial é uma extensão e um apoio para a
sua rede particular. Além de pesquisas sobre empresas, pessoas e serviços, você
pode trocar e-mails e participar de listas de discussão, que hoje são um grande
ponto de encontro entre profissionais que possuem os mesmos interesses. Nelas,
você poderá debater assuntos ligados à sua profissão, saber de novidades,
conhecer pessoas de seu interesse, arrumar emprego, etc.