A única forma de saber se um financiamento é mais barato que outro é comparando
o Custo Efetivo Total (CET); saiba como fazer isso
Comparar a CET entre financiamentos poderá indicar, efetivamente, qual é o mais
baratoMuita gente não sabe, mas ao contratar um empréstimo no banco o
consumidor pode pagar muitas outras taxas além dos juros. Para que o cliente
bancário tenha uma informação mais precisa e possa comparar as despesas que terá
ao tomar empréstimos em diferentes bancos, o Banco Central criou o chamado Custo
Efetivo Total (CET) do crédito.
A CET mostra ao consumidor todos os encargos financeiros embutidos em
financiamentos ou empréstimos, ampliando o conhecimento da população sobre todas
as taxas e despesas envolvidas em operações de crédito. Seu objetivo é facilitar
a vida da população, informando, de maneira clara e objetiva, qual será o preço
real das parcelas envolvidas na aquisição de uma linha de crédito. "Todo e
qualquer custo para o consumidor, além do valor real do bem, faz parte da
composição da CET", explica a economista da Associação Brasileira de Defesa do
Consumidor, Héssia Costilla.
Desde março de 2008, a legislação brasileira obriga que todas as
instituições, bancos ou financeiras do setor de crédito formal informem o
consumidor sobre o valor da CET. Fazem parte do pacote taxas como juros,
despesas com tarifas de abertura de crédito, seguro contra inadimplência,
impostos e outros encargos cobrados do cliente pela instituição financeira
credora, assim como custos administrativos de contrato, por exemplo.
Seu valor é definido pela instituição credora e, portanto, varia de acordo
com o estabelecimento no qual o consumidor irá adquirir um bem ou negociar
crédito. É a variação do percentual da CET que torna seu uso imprescindível na
hora de adquirir um empréstimo no banco, por exemplo.
CET ou Taxa de Juros?
Para avaliar melhor qual o preço final do crédito que alguém queira
contratar, o consumidor deve procurar o valor da CET. Como cada instituição é
responsável pela fixação desta taxa, que deve ser anual, a concorrência que se
cria entre os credores, seja pelas melhores ofertas ou número de clientes, pode
influenciar de maneira significativa o preço final de um produto.
"Deve-se atentar em pedir sempre pela taxa anual. Senão corre-se o risco de
ser informado o valor da taxa nominal, que é a taxa pura de juros, sem os outros
acréscimos", alerta João Baptista Sundfeld, economista e consultor de finanças.
Para entender como o percentual da CET pode impactar o valor final de um
imóvel, por exemplo, a Sagace consultoria de financiamento imobiliário, a pedido
de Exame.com, simulou o parcelamento de um apartamento, avaliado em 500 mil
reais, utilizando a mesma taxa de juros e condições de pagamento, em dois bancos
diferentes.
Partindo da lógica do senso comum e considerando formas de pagamento iguais,
tanto em um banco quanto em outro, um consumidor desavisado pode errar, e feio,
se atentar apenas para o valor da taxa de juros. No caso desta simulação, o fato
de os juros serem iguais, pode fazer com que o consumidor acredite que,
independente da instituição bancária, o valor final da operação será o mesmo.
Um equívoco que pode custá-lo quase 10 mil reais, de acordo com os cálculos
da Sagace. Os juros podem ser as mesmos, entretanto, os custos administrativos e
outras taxas contratuais que compõem o custo efetivo total variam. Nesta
situação, por exemplo, a diferença entre a CET foi de apenas 0,33%, o que
resultou em uma diferença de exatos R$9.873,29 no valor final do imóvel. Tudo
isso por conta de valores de seguros e taxas administrativas gerais que,
naturalmente, eram diferentes entre os bancos analisados.
Como usar a CET?
Quanto menor o valor do custo efetivo total, menor o valor final a ser pago
pelo consumidor. Portanto, é essencial pesquisar e depois comparar os
percentuais. Na ocasião de um empréstimo bancário, por exemplo, o consumidor
deve comparar os diferentes valores da CET que lhe serão oferecidos.
"A taxa efetiva é um procedimento, uma prática a ser seguida por todas as
financeiras ou bancos, para que os consumidores tomem decisões bem embasadas",
esclarece André Massaro, especialista em finanças do MoneyFit. Assim, o
consumidor poderá analisar, objetivamente, qual o valor final do empréstimo,
além de ter subsídios suficientes para comparar os preços em outras
instituições.
Por fim, ao utilizar a CET, o consumidor poderá escolher qual a linha de
crédito que melhor cabe no seu orçamento. Mas é importante que se atente a todos
os outros custos administrativos embutidos e que possam não constar no
descritivo da taxa de custo efetivo total.
Poucos consumidores sabem fazer cálculos de juros compostos. Vale lembrar,
portanto, que a obrigação em prestar a informação sobre a CET é da loja - e não
do cliente. "A taxa é obrigatória, por lei, a vir descrita no contrato, e o
valor deve ser informado ao consumidor antes da conclusão do negócio", aconselha
Héssia.