Por muitos anos, estrategistas de negócios têm dito aos executivos que agir
com integridade fará com que se tornem líderes mais eficazes. De fato, quando
autores bem-sucedidos, como Stephen Covey, relacionam a importância da
integridade (geralmente sinônimo de honestidade) com boa liderança, os
argumentos parecem óbvios e convincentes. Com a recente recessão global e os
corriqueiros escândalos corporativos que vemos há anos, torna-se compreensível
que agora as pessoas acreditem que os altos executivos e suas corporações devem
possuir valores transparentes, e a integridade é o principal.
No entanto, há pouca pesquisa empírica a respeito do assunto. Avaliamos 175
gestores governamentais de estados americanos para descobrir se a eficácia da
liderança está realmente relacionada à integridade.
Nossa pesquisa
Queríamos descobrir se havia uma ligação entre os valores em geral –
particularmente a integridade – e a eficácia da liderança dos gestores, vistos
por eles mesmos, seus chefes, seus colegas e seus subordinados diretos. Pedimos
a todos os entrevistados que avaliassem a freqüência com que os gestores
expressavam seis comportamentos da liderança (foco em metas, ser monitor, ser
facilitador, ser mentor, ser inovador e ser mediador); em que medida sua conduta
era guiada por seus valores e quão eficaz foram. Em seguida, analisamos os
resultados para ver quais destes comportamentos e valores melhor traduziam as
percepções dos grupos quanto à eficácia dos gestores.
Descobrimos que o comportamento – especificamente o foco em metas – foi, de
longe, o mais associado à efetividade da liderança, de acordo com os próprios
gestores, seus subordinados e chefes. A integridade teve um impacto pequeno,
porém significativo na forma com que os próprios gerentes e seus colegas
percebem a eficácia da liderança, mas não fez diferença alguma para seus chefes
e seus subordinados diretos. Curiosamente, estes dois grupos relataram outro
valor importante: a flexibilidade. Definitivamente, para os subordinados
diretos, este foi o maior indicador de eficácia. A flexibilidade também é
importante para os colegas dos gestores.
O que isto significa para os gerentes
Nossos resultados sugerem que os chefes e os subordinados diretos avaliam a
efetividade dos gestores pela sua capacidade de realização, não pela sua
integridade. Agora, isto significa que os executivos devam parar de se preocupar
com a integridade? De maneira alguma. Agir com integridade não se limita apenas
à percepção que os outros têm de você, mas é uma forma de o gestor permanecer
fiel a si mesmo. Enquanto um punhado de gerentes está disposto a fazer o que for
preciso para ganhar dinheiro e poder, acreditamos que a maioria quer se olhar no
espelho e ter a certeza de que são éticos, justos e honestos: pessoas íntegras.
No entanto, nosso estudo pouco apóia a afirmação de que a integridade é
essencial para se ter uma liderança efetiva. Quando autores como Covey,
Morrison, Badaracco e Ellsworth escrevem sobre a importância da integridade,
seus argumentos fazem bastante sentido. A realidade, porém, parece exigir uma
resposta mais sutil dos líderes.
O estudo também demonstra a diferença entre o trabalho conceitual da
integridade e as realidades que os gestores enfrentam diariamente. Por exemplo,
se ter integridade significa sempre dizer o que está pensando (honestidade), ou
aplicar regras sem exceções (imparcialidade), gestores que sempre agem assim
podem correr o risco de causar más impressões e prejudicar relacionamentos – e
até mesmo a empresa. É possível também encontrar situações em que a integridade
pode provocar conflito: por exemplo, um executivo que remunera os funcionários
melhor em um país do que em outro pode ser visto como alguém sem integridade. No
entanto, agir desta maneira faz com que o executivo maximize o valor dos
acionistas.
Acreditamos que se os gestores conseguirem equilibrar integridade e
flexibilidade podem atingir grandes resultados. A honestidade o manterá em paz
consigo mesmo e fará com que os colegas confiem em você. Sua flexibilidade irá
mostrar ao seu chefe, colegas e subordinados diretos que você está aberto a
novas ideias e disposto a mudar seu comportamento quando for necessário. O ato
de expressar esses valores nas interações com seus subordinados e colegas irá
motivá-los a trabalhar mais e com mais inteligência, tudo a seu favor. Sendo
assim, você será considerado uma pessoa que traz resultados.
Visando promover um debate informado, queríamos revelar o resultado chocante
desta pesquisa. No entanto, isto não significa que o comportamento antiético
seja incentivado ou que a integridade, de modo geral, não seja importante. A
realidade é que a integridade, em sua aplicação prática, é um conceito
multifacetado e complexo. Como tal, seria interessante para todos nós abordarmos
explicitamente seu significado no contexto dos negócios e seria, portanto,
demasiadamente simplista descartar seu valor.