Finanças pessoais - Balanço patrimonial: ferramenta importante do planejamento financeiro
Quando o assunto é planejamento financeiro, a pergunta mais
freqüente na cabeça da maioria das pessoas é: por onde devo começar? A primeira
coisa a fazer é tentar entender qual a sua situação financeira e, para isso, é
fundamental estar familiarizado com dois instrumentos importantes de gestão
financeira: o balanço patrimonial e o fluxo de caixa.
Imprescindíveis na gestão financeira de empresas, esses dois documentos podem
ser adaptados de forma a serem utilizados no seu planejamento financeiro
individual.
Balanço: o que você "tem" e o que "deve"
Muitas pessoas se enganam ao acreditar que, por terem uma casa menor e por
dirigirem um carro mais antigo do que seus vizinhos, então certamente gozam de
um patrimônio menor, e, portanto, precisam se esforçar mais.
Pois, bem, isso nem sempre é verdade! Já que o cálculo do seu patrimônio deve
incluir não apenas os bens que possui, mas igualmente importante, as dívidas que
ainda não quitou. Através da comparação entre o que você "tem" (seus ativos) com
o que você "deve" (seus passivos), o balanço patrimonial possibilita uma visão
mais realista da sua situação financeira atual.
Da mesma forma que a elaboração de um orçamento, não existe uma regra única para
se elaborar uma planilha de balanço patrimonial. Planilhas muito detalhadas
exigem muito tempo e tendem ao abandono. Por outro lado, agrupar demais os dados
pode não trazer nenhum benefício adicional, já que é provável que você já tenha
"na sua cabeça" uma idéia aproximada de onde o seu dinheiro está aplicado.
Assim sendo, é preciso encontrar um meio termo. De forma geral, é recomendável
que você separe a informações em quatro categorias distintas, como detalhado
abaixo:
- Ativos líquidos
Neste grupo você deve incluir os bens, propriedades ou aplicações que possui
e que podem ser vendidas rapidamente, em questão de dias, como por exemplo,
quotas em fundos de investimento, CDB, ações de empresas listadas no mercado
e saldo de conta corrente, obviamente não incluindo o limite do cheque
especial!
- Ativos menos líquidos.
Devem fazer parte deste grupo não só os bens, propriedades e aplicações de
baixa liquidez , que você não consegue vender em poucos dias, como os
imóveis, ações de empresas não listadas, como também aquelas, que, mesmo
podendo ser vendidas no curto prazo, podem implicar em custos adicionais,
como é o caso, por exemplo, dos planos de previdência, que não devem ser
sacados, mesmo que parcialmente, no curto prazo.
- Dívidas
Em geral, recomenda-se que as dívidas sejam agrupadas de acordo com o seu
prazo. Assim, as dívidas que financiam o consumo, como a de cartão de
crédito, cheque especial, ou outras formas de financiamento, com prazo de
quitação inferior a 24 meses, devem ser colocadas na categoria de vencimento
imediato.
Já dívidas cuja quitação é mais longa, como os financiamentos imobiliários,
em geral, podem ser separadas, pois além dos encargos serem menores, podem
ser quitadas em um prazo mais longo. Essa segmentação permite que, caso
tenha uma folga no caixa, estabeleça uma linha de prioridade para quitação
antecipada.
- Patrimônio
É calculado como sendo a diferença entre o total de ativos (líquidos e não
líquidos) e o total de dívidas que possui. No caso dos ativos incluírem
jóias, e outros tipos de bens, como quadros, nos quais pode haver grande
discrepância entre o valor de compra e o de venda destes bens é preciso
cautela, pois um erro de avaliação pode comprometer o cálculo do patrimônio
e, consequentemente o seu planejamento financeiro.
Exemplo prático
Não é difícil construir um balanço patrimonial. Na tabela abaixo ilustramos como
isso pode ser feito. Do lado esquerdo da tabela você deve listar tudo aquilo que
possui (ou seja, os seus ativos), e do lado direito tudo aquilo que deve (ou
seja, seus passivos). Na parte inferior do lado direito você coloca o
patrimônio, que nada mais é do que a diferença entre o total de ativos e o total
de passivos.
Ativos |
Passivos |
Casa |
R$ 200 mil |
Fcto da Casa |
R$ 50 mil |
Carro |
R$ 20 mil |
Outros empréstimos |
R$ 5 mil |
Fundo DI |
R$ 20 mil |
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Total |
R$ 240 mil |
Patrimônio |
R$ 185 mil |
Basta analisar a tabela acima para constatar que o seu patrimônio cresce sempre
que os seus ativos aumentam ou seus passivos diminuem. Como o balanço é uma
fotografia da sua situação financeira em um determinado momento, ele é
extremamente na definição e priorização das suas metas.
Balanço e orçamento de mãos dadas
Porém, como qualquer ferramenta de controle financeiro ela só é útil à medida
que for construído com informações de qualidade, e se os resultados obtidos
forem utilizados para efetivamente controlar e, quando preciso, alterar o seu
planejamento financeiro.
Por mais que você se decepcione ao constatar que o seu patrimônio é bem menor do
que efetivamente pensava, não há como negar que essa é uma informação importante
e que deve ser usada para rever seu planejamento financeiro. Mais importante do
que a sua conclusão - de que está endividado, que não juntou uma reserva
financeira adequada, etc. - o importante é a decisão que você irá tomar.
Muitas vezes a conclusão a que se chega é que para melhorar a sua situação
patrimonial, é preciso rever a forma como administra o seu orçamento. Daí o
porquê de um planejamento financeiro eficiente exigir um acompanhamento
periódico tanto do seu balanço patrimonial, como do seu orçamento.
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