A regra mais importante para ter uma boa saúde financeira é gastar menos do
que se ganha. Apesar de ser uma regra básica e simples de ser seguida, ela não é
observada pela maioria das famílias brasileiras, como constatado através da POF
(Pesquisa de Orçamento Familiar) 2008-2009, realizada pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Nesse estudo, verificou-se que
68,4% das famílias brasileiras tinham despesas mensais superiores aos
rendimentos.
Esse é um dado muito negativo, pois demonstra que a educação financeira ainda
não é realidade para a maioria da população brasileira, o que torna a existência
de sites como o Dinheirama de uma importância ainda maior. Isso porque
disseminar a cultura da educação financeira não significa apenas levar à
população noções de orçamento doméstico e investimentos. Significa, acima de
tudo, proporcionar ao povo uma vida mais saudável e equilibrada, pois toda uma
sequência de eventos negativos eclode a partir do desequilíbrio nas contas
domésticas, ou seja, quando “sobra muito mês no final do salário”.
Quer exemplos?
- Brigas domésticas por causa de dinheiro – hoje, comprova-se que a
maioria das separações e divórcios têm raízes no gerenciamento inadequado do
dinheiro;
- Necessidade de trabalhar além do expediente normal para receber
hora-extra (para pagar contas), o que significa ter menos tempo para a
família e atividades de lazer;
- Compras de supérfluos para gratificar desejos psicológicos em resposta a
problemas de depressão e angústia.
Complete a lista, tenho certeza de que sabe do que estou falando. É simples:
quando se gasta mais do que ganha, as repercussões não atingem apenas o bolso do
brasileiro, atingem sua vida em diversas outras áreas. Muitas vezes, de forma
arrebatadora.
Certo, mas o que fazer para solucionar esse problema? Como fazer “sobrar
salário no final do mês”? Aqui estão algumas dicas úteis e práticas, que, se
implementadas com disciplina, perseverança e paciência, podem te conduzir a uma
vida financeira mais equilibrada e responsável. Elas funcionam muito bem comigo
e minha família.
Pare de comprar a prazo. Lembre-se de que as compras feitas
em prestações comprometem seu fluxo de caixa futuro na medida em que parcela de
seus futuros contracheques já estarão “consumidos” por uma ou mais dívidas.
Tenha um controle de seus desejos e, se o produto que você tem em vista comprar
é de fato uma necessidade, faça um bom planejamento para tentar quitá-lo à
vista.
Pare de tentar impressionar os outros. O que é mais
importante: a sua felicidade ou a sua aparente felicidade? Muita gente acha mais
importante esse segundo item e, pior, identifica a aparência de felicidade nos
bens que mais “aparecem” aos olhos dos outros, como carros, roupas, eletrônicos
etc. A partir do momento em que você se preocupar mais consigo mesmo, estará
dando um grande passo rumo a uma vida também financeiramente mais feliz.
Registre suas despesas. Parafraseando Mauro Halfeld,
“tudo o que é medido é melhor controlado”, conforme escrevi no artigo
“Sucesso financeiro: medir para controlar melhor”. Tenha um efetivo controle
de seus gastos, desde os maiores – que normalmente são pagamentos de bens
duráveis, como financiamentos de carros e eletrodomésticos, e
aluguel/financiamento de imóvel – até os menores, como contas de lanchonetes e
padarias. Você precisa ver para onde está indo o seu salário e, a partir daí,
refletir se ele está sendo bem gasto.
Valorize aquilo que você já tem. Muitas vezes, na ânsia de
comprar determinado bem, motivados por apelos consumistas veiculados na mídia,
nos esquecemos de valorizar aquilo que já possuímos e que nos satisfaz
plenamente.
Tenha planos para o futuro. O segredo do bem-estar
financeiro não reside no futuro que determinadas metas descrevem, mas sim nas
mudanças que provocam hoje, aqui e agora, como escrevi no artigo
“O grande segredo de ter metas financeiras”. A partir do momento em que você
estabelece objetivos para o seu futuro – tais como uma viagem de férias, um
plano de aposentadoria ou a compra de uma casa – você se motiva a gastar menos
no presente. Consequentemente, haverá uma razão mais forte para economizar, o
que contribuirá para aumentar suas chances de fazer sobrar dinheiro no final do
mês.
Tenha planos para o presente. Compras realizadas sob a
influência de emoções negativas quase sempre são más compras, porque você estará
tentando compensar um estado psicológico adverso – como tristeza, raiva,
depressão – com um bem em nível físico, não havendo ai equivalência de valores.
O correto é que, sempre que possível, as compras sejam resultado de escolhas
racionais e que não compensem estados psicológicos adversos, mas sim te
recompensem pelo cumprimento de objetivos previamente delimitados. Abordamos
isso no artigo
“Você compra para compensar ou para recompensar?”, de boa repercussão entre
os leitores.
Conclusão
Gastar menos do que se ganha é essencial para que suas finanças fiquem
equilibradas. Sem uma vida financeira equilibrada, é quase impossível ter uma
vida igualmente estável e harmoniosa nos seus aspectos não-financeiros. Com
dicas simples e fáceis de serem seguidas, como as que mencionamos acima, é
possível não só fazer sobrar dinheiro no final do mês, mas também criar espaços
de liberdade em sua vida, onda a escravidão da dívida seja apenas uma vaga
lembrança do passado e o futuro de independência financeira aponte para novas e
saborosas conquistas! Até a próxima.