Antes de uma entrevista de emprego, é normal o nervosismo tomar conta do
candidato. É nesse momento que sempre tem alguém que diz: "É só se preparar que
dá para se sair bem”. Mas, como se preparar para uma entrevista? Saber o que
pode ser abordado na conversa ajuda.
“De uma maneira geral, existem três temas que abordamos na entrevista: perfil
técnico, comportamental e histórico familiar”, comenta a consultora de
Recrutamento e Seleção da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Ana Paula Mendes
Oliveira. A ideia de abordar esses três assuntos é avaliar as expectativas do
profissional às necessidades da empresa. “Quando você está com um currículo na
mão, é preciso entender como o profissional conseguiu a formação e as
competências que estão no currículo dele”, reforça a consultora.
Para a consultora de Recursos Humanos da Catho Online, Patrícia Pereira, as
empresas procuram saber sobre a vida profissional do candidato e avaliam como
ele se comporta em um ambiente de trabalho. "Avaliam como ele pode contribuir
para o desenvolvimento da organização, se apresenta as competências desejadas
para o cargo pretendido e se possui perfil para trazer os resultados que a
empresa precisa", afirma.
“Não existem regras para responder as perguntas em entrevistas”, lembra a
gerente de Projetos do Grupo Foco, Francilene Araújo. “A resposta 'quadradinha'
não é bacana”, recomenda Francilene àqueles que já vão para as entrevistas
armados com respostas prontas. Nem sempre dá certo.
Técnico e prático
Se, para o candidato à vaga, não é fácil encarar uma entrevista, para o
entrevistador, também não é fácil selecionar. Por isso, as perguntas devem
abarcar vários aspectos da vida do entrevistado, inclusive os aspectos mais
pessoais. “Muitas vezes, o candidato está em um momento complicado da vida e a
empresa não pode recebê-lo nessas condições”, afirma Ana Paula.
Sobre o tema que envolve questões mais técnicas, a consultora explica que as
perguntas focam na formação do profissional e suas experiências no mercado. “Que
tipo de atividade ele executava, a quem ele se reportava, motivo da saída. São
essas as perguntas feitas sobre esse tema”, afirma.
No campo do comportamento, as perguntas tentam abordar situações que o
profissional já vivenciou. “Perguntamos sobre as frustrações, conflitos e estilo
de liderança que esse profissional tem”, explica Ana Paula. Nesse campo, a ideia
é perceber como o profissional se porta no ambiente de trabalho. “Como ele lida
com [avaliações] devolutivas negativas?”, questiona a consultora.
As dez mais
Para não chegar a uma entrevista sem ter ideia sobre os questionamentos, a
gerente do Grupo Foco e a consultora da Catho listaram, a pedido do InfoMoney,
as dez perguntas mais comuns em entrevistas. Lembrando que não existem regras
para responder às perguntas. É preciso ser sincero, claro e manter sempre um
raciocínio linear.
1. Qual a expectativa futura do profissional? Como ele se vê a médio e
longo prazo? Ou quais são os objetivos a curto e médio prazo?
Francilene explica que profissionais mais experientes conseguem desenvolver
melhor a resposta. “O entrevistado tem de ter um entendimento da própria
carreira, do que ele quer profissionalmente”, afirma. Para a consultora da Catho,
ser direto na resposta pode gerar um impacto positivo. "A longo prazo, cite sua
vontade de crescer profissionalmente, alcançar outros cargos e trazer
resultados", diz Patrícia.
2. Quais as expectativas do profissional com relação à vaga? O que ele
deseja da posição oferecida?
“Essa pergunta vai identificar se a vaga é de fato o que o profissional quer
naquele momento”, afirma Francilene. A pergunta pode ser mais direta. Para
Patrícia, a pergunta "qual é o seu objetivo profissional?" é mais comum. "Nesse
momento, quanto mais alinhado o candidato for com a vaga que pretende preencher,
melhor", lembra a consultora.
3. O que o profissional acha da empresa?
A gerente do Grupo Foco explica que essa pergunta é feita para aqueles que
sabem qual é a empresa que oferece a vaga. “A pergunta vai revelar o interesse
do candidato”, afirma Francilene. “Se ele souber qual é a empresa, ele deve
olhar o site”, ressalta. Se o processo de seleção é terceirizado e a empresa não
for informada aos candidatos, os profissionais devem dar uma olhada no site da
empresa que está fazendo a seleção.
4. Quais foram as realizações do candidato? Ou fale sobre sua experiência
profissional?
Aqui, a ideia é saber o que de fato o candidato fez nas empresas onde atuou.
“Ele vai dizer como ele contribuiu para melhorar os processos de trabalho”,
explica Francilene. Por exemplo, se ele é um estagiário e fez uma planilha que
facilitou determinado processo, isso deve ser mencionado quando perguntado. "O
ideal é o candidato mencionar resumidamente os principais resultados que
alcançou nas empresas onde atuou", completa Patrícia.
5. O que o profissional tentou fazer na empresa onde atuou e não deu certo
e o que ele tentou e não conseguiu implantar por motivos externos? Ou cite uma
experiência memorável na carreira e algum projeto que não deu certo.
Essa questão, assim como todas as outras, não tem segredo. “O candidato tem
de responder de acordo com a experiência dele”, lembra a gerente do Grupo Foco.
"O candidato pode explicar com mais detalhes uma experiência positiva que
vivenciou em determinada empresa e mencionar como a sua atuação contribuiu
efetivamente para a conquista daquele resultado", reforça Patrícia.
6. Qual o tipo de empresa que o candidato gostaria de trabalhar?
A questão é genérica mesmo. “Não podemos direcionar as respostas”, explica
Francilene. A resposta inclui dizer em qual segmento o profissional gostaria de
trabalhar, o porte da empresa e o tipo de liderança.
7. O que o líder do profissional diria a respeito dele?
“É uma pergunta para entender como ele percebe o outro. É uma autocrítica”,
explica Francilene. Para os profissionais acostumados a participar de avaliações
de desempenho, a resposta virá sem dificuldades, acredita Francilene.
8. Se esse profissional tiver subordinados ou colegas, o que eles achariam
dele? Ou como era seu relacionamento interpessoal na última empresa?
“É para entender como o profissional percebe o ambiente no qual ele
trabalha”, explica Francilene. Para Patrícia, o mais adequado é que o candidato
explique que procurava manter com todos relacionamento de respeito, espírito de
equipe e profissionalismo. "Caso tenha tido algum problema de relacionamento,
não deve mentir, mas também, não deve fornecer detalhes", afirma a consultora.
9. Como é o seu estilo de trabalho?
Mais uma vez a pergunta é genérica. “O candidato deve responder do jeito e
foco que ele achar que deve responder”, reforça a gerente.
10. Quais são os pontos positivos que favorecem o trabalho dos
profissionais e os negativos que ele pode melhorar e desenvolver o trabalho
dele?
"O ideal é mencionar pontos fortes que impactam diretamente nas suas
atividades do dia a dia profissional", afirma Patrícia. "Uma dica é citar
aquelas características que toda empresa quer em um candidato, como
proatividade, dedicação, responsabilidade", aconselha, sem esquecer de que é
melhor ser sucinto na resposta. Já com relação aos pontos fracos dos
profissionais, a consultora aconselha não mencionar algo muito negativo. "O mais
adequado é mencionar algum ponto fraco que seja uma característica boa, só que
em excesso. Exagerar uma qualidade é um defeito, mas é aceitável".
A décima primeira pergunta
Por que devemos contratá-lo? Essa é a pergunta que pode deixar qualquer
candidato ainda mais nervoso. Para a consultora da Catho, não existem segredos
para a resposta. "O mais indicado é mencionar de forma direta alguns
diferenciais do seu perfil, e como eles podem contribuir para a conquista dos
resultados que a empresa deseja", aconselha Patrícia.