Finanças pessoais - O que podemos aprender com os milionários?
Discutir a riqueza e o conceito de ficar rico é sempre interessante. No
Dinheirama, defendemos a idéia de que ser rico é muito mais do que ter
dinheiro em abundância. Alguns concordam, outros discordam. A beleza do
aprendizado e da difusão da educação financeira surge do debate capaz de formar
opinião, esclarecer dúvidas e informar. Com esse objetivo, pretendo abordar hoje
a riqueza sob o ponto de vista financeiro, mas relacionando-a com nosso
cotidiano.
O World Wealth Report 09, um relatório recentemente divulgado pela
consultoria Capgemini, realizado em parceria com o banco Merrill Lynch comprova
que, mesmo passando por uma das piores crises econômicas dos últimos tempos, os
ricos ficaram mais ricos em 2009 - cabe considerar que o pior da crise veio em
2008, mas que as incertezas e o baixo crescimento econômico ainda são a
realidade de muitos países desenvolvidos. Vejamos alguns dados relevantes
publicados no relatório:
- O número de milionários - pessoas com mais de US$ 1 milhão - chegou a 10
milhões, um aumento de 17%. A principal causa para o aumento foi a reação
global do mercado de ações, que viu aumento de cerca de 50%;
- A riqueza na mão dos milionários chegou a US$ 39 trilhões, um
crescimento de 19%;
- O número de milionários subiu para 3 milhões na Ásia, igualando a Europa
pela primeira vez. A fortuna combinada dos asiáticos saltou para US$ 9,7
trilhões, 31% maior que no período anterior;
- Na América do Norte, a fortuna total na mão de milionários chegou a US$
10,7 trilhões, representando aumento de 18%. O número de ricos subiu 17%;
- No total de milionários, os Estados Unidos ainda vencem com folga. São
2,87 milhões de indivíduos, contra 1,65 milhão no Japão, 861 mil na Alemanha
e 477 mil na China.
E daí? O que podemos aprender com os milionários e seus números
exuberantes?
Ao analisar e olhar friamente para os números, cheguei a pensar que eles não
representariam grande oportunidade de extrair conhecimento e aprendizado. Decidi
continuar investigando e encontrei duas reportagens interessantes da Reuters que
traziam mais detalhes sobre os milionários e suas decisões de investimento -
leia a
matéria sobre o perfil da riqueza e também a
reportagem sobre o perfil dos investidores.
Ora, creio que se compreendermos melhor como os ricos investiram durante a
crise, e ainda investem, algumas lições podem ser aprendidas:
- Ser cauteloso não é defeito. Ao contrário do que
podemos imaginar, em 2009 os ricos ampliaram e diversificaram seus
investimentos, dando maior ênfase à renda fixa. A explicação é simples: são
opções seguras, garantem retornos previsíveis e fluxo de caixa. Além disso,
como a indefinição econômica ainda é grande, os ricos decidiram ficar de
olhos abertos em relação aos órgãos reguladores e governos. Em outras
palavras, os ricaços estão "marcando em cima", como sempre insistimos que
você também faça;
- Acompanhar de perto os investimentos traz melhores resultados.
Parece que os ricos estão muito mais exigentes e decidiram adotar postura
muito mais ativa na gestão de seus investimentos e na análise dos riscos
envolvidos em suas decisões. O estudo garante que "os clientes estão
reavaliando suas relações com os administradores de fortunas". E você,
já tomou as rédeas de sua vida financeira? Como se relaciona com o gerente
do seu banco, por exemplo?
- Mercados emergentes são boa opção. Conhecer novos
mercados (e opções de investimento lá existentes) e alocar parte de seu
capital fora do país foram atitudes comuns no dia-a-dia financeiro dos ricos
em 2009. Tudo feito com muita avaliação e através de escritórios de
investimento reconhecidos. Por exemplo, americanos e europeus estão
investindo mais em mercados da Ásia, sabidamente um dos que oferecem maior
potencial de crescimento. O que mais você conhece sobre investimentos?
- A diversificação faz parte e é bem-vinda. Diferente do
que alguns especialistas (especuladores?) e livros pregam, diversificar pode
ser muito bom e significa diluir riscos. Trata-se de proteção, ainda que os
ganhos sejam menores - e normalmente são. Particularmente, sempre defendi a
diversificação. Os milionários também pensam assim: em 2009, 31% de seus
ativos estavam em renda fixa, 29% no mercado de ações, 27% em fundos de
hedge, 18% em imóveis e 6% em investimentos alternativos. Que tal começar a
investir na bolsa de valores pensando no longo prazo?
- Buscar dividendos significa ter fluxo de caixa. Além
dos títulos e bônus, o momento é de grande procura por empresas sólidas e
que paguem bons dividendos. Ou seja, empresas que mereçam cada vez mais
sócios, que cresçam de forma sustentável e dividam seus ganhos com seus
acionistas. Portanto, o mercado de ações está longe de existir apenas para
os negócios de curto prazo e especulações. Como você encara esta
alternativa?
Olhando para a realidade proposta no artigo e suas implicações, é natural que
você pense: "Nada disso se aplica à minha realidade!". Sugiro que não
seja tão prescritivo e passe a pensar de forma mais racional. Comece por fazer
sobrar algum dinheiro e só então passe a estudar as alternativas disponíveis
para investi-lo - elas existem e independem do montante livre.
Se podemos aprender com os ricos, podemos também chegar lá. Acreditar ainda
não custa nada, mas pode trazer dividendos. Logo, acreditar também é investir.
Sucesso e boa semana.
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