Para quem está com a agenda apertada, mas com o orçamento de folga, ter uma
academia na sala ao lado, dentro de casa, pode ser uma alternativa prática, que
ainda permite um treinamento personalizado e mais adaptado às suas necessidades
e ao seu preparo físico.
No entanto, antes de sair por aí comprando equipamentos e acessórios, o
diretor pedagógico e de conteúdo da Fitness Brasil, Tavicco Moscatello, faz um
alerta: sem a orientação de um profissional, o futuro praticante corre o risco
de gastar mais do que deve e ainda pode adquirir itens supérfluos. “O consultor
vai detectar a necessidade da pessoa e em que nível ela se encontra. Supondo que
o cliente queira fazer um investimento financeiro baixo e não tenha grandes
experiências com a atividade física. Então, ele não vai comprar equipamentos
mais pesados, mas, sim, peças como elástico, uma fitball e alguns halteres com
diferentes pesos”, explica.
Além de avaliar o custo-benefício na hora de comprar os aparelhos, ajustando
o desejo de consumo da pessoa de montar uma academia com a necessidade de se
manter em forma e saudável, o consultor deve conhecer bem o mercado, para
pesquisar as marcas e indicar as que aliam preço e qualidade. Sobre essa
questão, Moscatello observa que hoje, por exemplo, os equipamentos
multifuncionais permitem economizar dinheiro e espaço. “Eles permitem que, em um
único aparelho, a pessoa realize vários exercícios de diferentes grupos
musculares. São bastante recomendáveis em termos de custo-benefício, porque dão
a possibilidade de, em um pequeno espaço, ter uma versatilidade de prática muito
grande”, comenta.
Para cada nível, aparelhos diferentes e preços também
Os multifuncionais, porém, não são indicados aos que acabaram de sair da fase
sedentária, já que os aparelhos e acessórios a serem adquiridos dependem do
nível do praticante. Assim, a academia torna-se uma espécie de investimento com
aportes que vão aumentando de acordo com a evolução da pessoa.
Para quem está começando, o especialista recomenda a compra de pares de
halteres com peso fixo, colchonete, fitball, bandagens elásticas e uma corda de
pular. “Esse seria o mínimo indispensável para que a pessoa consiga fazer alguma
atividade física”, comenta, acrescentando que o custo, neste caso, ficaria entre
R$ 400 e R$ 500.
Esta fase, contudo, é a que mais necessita de orientação profissional, “dada
a pequena experiência que a pessoa tem com a atividade física, somada ao fato de
que esses equipamentos não são pré-programados, ou seja, não têm movimento
conduzido por uma alavanca, o que facilita a realização dos exercícios”, observa
o diretor pedagógico.
À medida que vai progredindo, o praticante precisa acrescentar mais aparelhos
à sua academia particular. Na fase intermediária, o ideal é ter o aparelho
multifuncional, que reúne várias estações com propostas de oito, dez ou até 12
exercícios. “Além disso, uma bicicleta ergométrica ou esteira ergométrica”, diz
Moscatello. O gasto pode saltar para algo em torno de R$ 8 mil a R$ 15 mil,
dependendo se a marca escolhida do aparelho for nacional ou importada.
Para um nível mais avançado – não só na parte física, mas também na
financeira – o praticante pode colocar os chamados equipamentos modulares, que
exigem um espaço maior, para acomodar quatro, cinco ou até seis deles. “Tem um
módulo em que ele pode fazer a flex extensão do joelho, por exemplo, um outro
módulo que faz as puxadas e remadas, um outro módulo que faz o trabalho de
peitoral e deltóides. São equipamentos segregados, sendo que cada um pode
executar alguns movimentos, mas não tantos como os funcionais”, explica
Moscatello. Acrescentando à conta uma bicicleta ou esteira ergométrica, o
praticante vai gastar de R$ 18 mil a R$ 40 mil.
O diretor pedagógico lembra ainda que os materiais são cumulativos: um
praticante com nível intermediário ou avançado terá de ter também os aparelhos
indicados ao iniciante.
Personal: cuidados ao contratar
Os valores estimados são só para a compra de equipamentos e acessórios e não
incluem os gastos com a contratação de um personal trainer que, segundo o
especialista, é fundamental para que o praticante atinja os resultados
esperados, desde que seja um profissional realmente habilitado e bem escolhido.
E para evitar erros na hora da contratação do personal, o diretor pedagógico
da Fitness Brasil dá as seguintes orientações:
- Ele deve ser um profissional formado em Educação Física, com registro no
Cref (Conselho Regional de Educação Física);
- Procure conversar com pelo menos três profissionais diferentes, para
poder saber o que eles têm a oferecer na prestação de serviços. “Existe o
profissional que vai simplesmente trabalhar com aulas particulares e o
profissional que trabalha com programas de treinamento personalizado, com
foco na qualidade, no controle, no planejamento das atividades”, afirma
Tavicco, completando que o personal preocupado em acompanhar a evolução do
aluno deve apresentar planilhas de treinamento e executar avaliações
físicas, além de relatórios sobre a qualidade do trabalho que vem sendo
realizado. Também deve ter inteligência emocional para entender e motivar o
praticante;
- A pessoa só vai conhecer o tipo de trabalho desenvolvido pelo personal
em uma reunião prévia. “Nunca contrate um profissional e comece já a
treinar, e sim faça uma reunião prévia, para verificar se tem empatia com o
personal e se ele está atualizado ou preso a práticas passadas”, recomenda o
especialista;
- Peça que o profissional dê referências de pessoas que tiveram ou têm
treinamento com ele. “Aí o aluno em potencial pode descobrir um pouco mais
como funciona o treinamento do personal”;
- O personal deve, na apresentação da prestação de serviço, apresentar um
modelo de contrato que inclua até dados como esquema de reposição de aulas,
período de férias e de como são tratados os atrasos de ambas as partes.
Tavicco acrescenta que o aluno deve até estabelecer em contrato a
possibilidade de, após o primeiro mês, ter a opção de não continuar com a
prestação de serviço. “Fica claro e justo para o profissional que está
atendendo que ele precisa fazer o melhor para continuar a prestar o serviço.
E nada melhor que o período de experiência para perceber isso”, finaliza.