Casa ou apartamento? Antes de iniciar a procura por algum imóvel para alugar
ou comprar, são poucos os que pensam na resposta a essa questão. Para evitar
transtornos ou possíveis arrependimentos, coloque no papel as suas necessidades
e veja as principais diferenças entre esses dois tipos de imóveis.
Para Hilton Pecorari, diretor de Locação Residencial do Secovi-SP (Sindicato
da Habitação do Estado de São Paulo) e José Augusto Viana Neto, do Creci-SP
(Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo), um fator que, muitas
vezes, define a escolha é o que pesa no bolso: o valor do condomínio. “O
condomínio é um ponto relevante, porque tudo aumenta, principalmente o valor da
mão-de-obra”, afirma Pecorari.
Outro fator, aparentemente unânime, é a percepção de que condomínios são mais
seguros e casas mais vulneráveis. “O problema é que ultimamente o número de
assaltos que tem ocorrido em prédios é muito grande”, reflete Neto. Pecorari,
por outro lado, não questiona essa ideia. “Em uma casa, você está mais
vulnerável”.
Segurança e valor do condomínio são, de fato, pontos importantes e pesam
muito na hora da escolha. Ainda assim, os especialistas ouvidos acreditam que
outros elementos devem ser levados em conta. As necessidades, aliadas ao perfil
do futuro inquilino ou comprador, estão entre eles. E qualquer ponto pode
definir a escolha entre casa e apartamento – até o seu animalzinho de estimação.
Uma questão bem pessoal
Um jovem solteiro e recém-formado não tem as mesmas necessidades que um idoso,
com carreira estabilizada, ou uma família grande ou pequena. “Na hora de
escolher, você precisa ver qual o objetivo dessa locação ou compra”, acredita
Neto. Pecorari concorda e traça possíveis perfis para orientar escolha:
Solteiro e jovem: “a melhor opção para um jovem em início de
carreira é um apartamento, porque, geralmente, ele passa boa parte do dia fora
de casa”, diz o especialista. O diretor de locação do Secovi-SP explica que,
nesses casos, ficar muito tempo fora de uma casa pode não ser muito seguro.
Além, disso um apartamento pode ser mais prático para um solteiro do que uma
casa, até mesmo para mantê-lo limpo. Sem contar que, hoje, muitos condomínios
oferecem serviços que, para um solteiro, podem ajudá-lo a manter a rotina
organizada, como lavanderias, por exemplo. “Isso para um solteiro é excelente”,
enfatiza Pecorari.
Recém-casados: um casal recém-casado tem prioridades
diferentes das de uma família já constituída. Normalmente, explica Pecorari,
esses casais são novos e recém-formados. A prioridade, então, é planejar a
carreira, viajar, encontrar os amigos e curtir a vida. Então, para o
especialista, o ideal seria um apartamento, pelos mesmos motivos que levam uma
pessoa solteira a escolher um.
Família em formação: mas, se o plano é ter logo um filho, o
cenário muda. Mesmo para famílias pequenas, com apenas uma criança, Pecorari
acredita que a casa seria mais interessante. “Até por conta do espaço”, diz. Ele
lembra, porém, que muitos condomínios oferecem instrumentos completos para
entreter os pequenos. Daí, a escolha deve obedecer outros critérios como
localização, serviços disponíveis em torno do imóvel e segurança.
Família constituída: eles podem ser três, quatro, cinco
integrantes. Uma família grande requer grandes espaços e locais com muitas
farmácias, restaurantes e supermercados por perto. “Nesse caso, não tem muito
jeito, a casa seria o ideal mesmo”, comenta Pecorari. O motivo principal é o
espaço. Por mais modernos que sejam, dificilmente os novos prédios têm espaço
para comportar tanta gente como uma casa.
Meu pet: pequeno ou grande, cão ou gato. Não importa, quem
tem bichos de estimação sabe que eles gostam de espaço para fazer aquela
bagunça. Então, nada de deixar o bichinho estressado: prefira uma casa. Além do
amor pelo pet, outros pontos devem ser vistos. O especialista explica que
dificilmente um dono de cachorro, por exemplo, não terá problemas em
condomínios. “Via de regra, nada impede que você crie um cachorro em um
apartamento”, afirma Pecorari. Mas vida em condomínio tem regras que,
normalmente seu bichinho não vai obedecer, mesmo que você queira. “Para evitar
problemas e ficar mais tranquilo, o melhor mesmo é uma casa”.
Na melhor idade: idosos, aposentados ou não, precisam
analisar os detalhes na hora de escolher entre uma casa ou um apartamento. “Para
eles, um apartamento seria mais seguro”, diz o especialista. Porém, se não for
morar sozinho, dá para optar pela casa, mas o imóvel deve ser térreo. Em
condomínios, ele deve notar se há obstáculos que possam atrapalhar sua passagem.
Prédios antigos e pequenos não são aconselháveis, porque, de maneira geral, não
têm porteiro nem elevadores.
Apesar de traçar esses perfis, o especialista é enfático ao dizer que não dá
para definir e escolha com base nesses critérios de modo absoluto. “Têm casos e
casos”, diz, ressaltando que os perfis analisados dessa forma nem sempre são
determinantes. Para Pecorari, na resolução dessa questão também entram questões
de gosto, criação...e de bolso também.
É certo que, a princípio, morar em prédio requer uma renda um pouco maior que
viver em uma casa. Mas essa situação pode se inverter. “A longo prazo, a casa
gera mais manutenção que o apartamento”, afirma Percorari. Ele explica que
manutenção de telhados, por exemplo, pode pesar muito no bolso. Sem contar
outros detalhes, como encanamento e eletricidade, que ficam todos por conta do
dono da casa. Já em um apartamento, gastos com manutenção, exceto os feitos no
interior do imóvel, já estão cobertos pelo valor do condomínio.
Já Neto, do Creci-SP, também aponta para um detalhe importante: "em uma casa,
você tem mais privacidade". Em um apartamento, por sua vez, seu comportamento
nas áreas comuns estará constantemente vigiado pelas câmeras de segurança. Sem
contar que, se você não gostar de algo por lá, sozinho não consegue mudar nada.
"Em um condomínio, o que está decidido, está decidido, não importa se você não
gostou do jardim, se você acha que a manutenção na piscina não é importante",
afirma Neto.
Para pensar antes de encontrar a resposta da questão
Para Pecorari, antes de analisar as diferenças entre apartamento e casa, o
futuro inquilino ou comprador do imóvel deve traçar estratégias iniciais
básicas.
A primeira é verificar a região onde quer morar. “O ideal é que seja perto do
trabalho ou da faculdade, se for o caso”, afirma. Esse quesito é muito
importante, principalmente em grandes cidades, como São Paulo, onde se gasta
muito tempo para se deslocar. Para aqueles que podem, Pecorari até sugere locar
o imóvel que se pretende comprar. “A experiência pode ser interessante para que
não haja arrependimentos da compra”, diz.
Analisar a região e verificar tudo o que está em torno do imóvel também são
atitudes importantes a tomar. Elementos que, a princípio, parecem simples, como
as feiras de rua, podem causar grandes transtornos, como explica Neto. “Feiras
podem impedir o acesso de veículos e até de pessoas”, diz.
Os especialistas também recomendam que, na hora de buscar um corretor, a
pessoa recorra a recomendações e indicações de pessoas confiáveis, para fazer um
bom negócio.