Acordar, tomar café, enfrentar o trânsito para ir ao escritório, ficar o dia
por lá trabalhando, depois voltar para a casa, fazer uma atividade física,
conversar com a família e dormir. Você é dessas pessoas que gostam de rotina?
Se a resposta for sim, então pode ser que não se encaixe em
serviços terceirizados, em consultorias ou na prestação de serviços. Essas
modalidades exigem que o profissional trabalhe em locais diferentes, de tempos
em tempos. E para quem é indicado esse tipo de trabalho?
Inesperado x planejado
De acordo com o presidente do Insadi (Instituto Avançado de Desenvolvimento
Intelectual), Dieter Kelber, “se a pessoa gosta de alternância, de não ter
rotina”, então trabalhar assim pode ser uma boa alternativa. Já para aqueles que
gostam de algo bem planejado, pode não ser o mais interessante.
“O trabalho externo costuma sacrificar mais o relacionamento familiar. A
pessoa acaba dando mais preferência ao trabalho. Ele é legal, mas a pessoa vai
sair da zona de conforto e da estabilidade. Vai para o desconhecido”, explicou.
Para Kelber, existem dois tipos de profissionais: aqueles que gostam de estar
na rua, correndo os riscos imprevisíveis, e aqueles que gostam de ficar no
escritório, no ar-condicionado. “Faça a escolha que o faça mais feliz”,
aconselhou.
Profissionais especializados
Já para a consultora sênior de carreira da Thomas Case & Associados, Márcia
Vazquez, o trabalho tradicional – celetista e em uma empresa – está cada vez
mais ficando para trás e abrindo espaço para as modalidades que implicam mais
mobilidade.
“Essa é uma alternativa boa para profissionais especializados, que têm a
obrigação de reciclar o conhecimento”, disse, dando exemplos de profissionais de
TI (tecnologia da informação), que normalmente são chamados para o
desenvolvimento de um projeto dentro da empresa, o que exige um conhecimento
específico.
Além da busca por conhecimento constante, esse profissional necessita ter uma
característica que é a flexibilidade, uma vez que estará dentro de empresas com
culturas diferentes e lidando com pessoas com comportamentos e estilos de gestão
diferentes. “As habilidades pessoais vão ser extremamente valorizadas”,
ponderou.
Uma pessoa que trabalha desta forma tem de ter ainda a habilidade de gerir
sua carreira. “Tem de saber suas falhas e que investimentos têm de fazer para
progredir. Em uma empresa, tem o chefe e o RH (recursos humanos) que
falam isso”, disse Márcia.
Networking
Muitos pensam que, por trabalhar em locais diferentes de tempos em tempos, esses
profissionais acabam prejudicando seu networking, mas, segundo os consultores
entrevistados, isso depende de cada profissional.
“Se ele for um gestor bom de carreira, pode fazer bons contatos, podendo ser
contratado ou indicado para outros trabalhos”, disse Márcia.
“O problema é que, no Brasil, as pessoas não são acostumadas a fazer contato.
Elas pensam que isso é pedir emprego. O que vejo de ruim neste profissional é
que ele pode ficar tão ligado no trabalho que está realizando que não vê que
está em uma empresa, com novas pessoas, que podem ser uma boa rede de contatos”,
completou.
Já Kelber disse que, trabalhando desta forma, é possível expandir o
networking, o que é muito mais eficiente do que quando se participa de um evento
e há a troca de cartões de visita.