O tubo digestivo é uma longa avenida de 10 metros. Inicia na boca, e segue
como esôfago, estômago, duodeno, intestino delgado (jejuno e íleo), intestino
grosso (cólon), reto e ânus.
O intestino grosso se divide em Cólon (Direito, Transverso, Esquerdo), Reto e
Ânus. No início do Cólon Direito existe um pequeno orifício, que origina uma
estreita “rua sem saída” do tamanho e formato de uma “minhoca”. Essa minhoca é
chamada de Apêndice Cecal.
As fezes que circulam pelo intestino entram e saem dessa minhoca livremente, e
geralmente não causam nenhum dano. Mas pode acontecer que uma semente, ou um
pequeno caroço, ou um fecalito (pequeno pedaço muito duro de fezes), entre no
apêndice e fique “entalado“, entupindo o apêndice.
Como em toda víscera, a situação de entupimento tem como reflexo a contração
muscular vigorosa, na tentativa de promover a desobstrução. Se o paciente tiver
sorte o apêndice consegue devolver a “rolha” para o intestino. Caso o apêndice
se mantenha entupido por algumas horas, tem início um quadro de sofrimento, cuja
inflamação culmina em abscesso, perfuração e peritonite em 2 ou 3 dias , com
grande risco de vida .
O quadro clínico é dor abdominal, principalmente do lado direito, acompanhada,
às vezes, de febre e náuseas. Esse quadro clínico é muito semelhante a uma
simples intoxicação alimentar, ou a uma dor de ovulação, ou ruptura de pequeno
cisto de ovário ,etc .Por isso recomenda-se que qualquer dor abdominal que não
passe sozinha em 6 horas, deve ser avaliada por um médico.
Esse quadro de dor abdominal aguda, que leva o paciente a procurar um médico, é
chamado de “Abdômen Agudo”, e requer um diagnóstico preciso e precoce. O tempo é
o grande inimigo, pois em dois dias a peritonite pode estar instalada e o risco
de vida também.
Não existe método diagnóstico que indique com precisão um quadro de apendicite.
O exame físico, realizado pelo médico, apenas pode levantar essa suspeita.
Devido aos riscos implicados na apendicite aguda, a suspeita dela já é motivo
suficiente para indicar seu tratamento: a cirurgia para retirar o apêndice e
limpar o abdômen de possível contaminação. Concomitantemente à cirurgia, faz-se
uso de antibióticos.
Essa cirurgia pode ser realizada através de incisão do lado direito do abdômen,
ou através da Videolaparoscopia .
Nossa clínica prefere a apendicectomia videolaparoscopica, pelas seguintes
razões:
a) Como, através da ótica, temos acesso visual a todo o abdômen, podemos avaliar
todas as vísceras e assim fazermos o diagnóstico preciso;
b) Havendo contaminação do abdômen podemos lavá-lo com irrigadores e
aspiradores;
c) Todos estes procedimentos (diagnóstico + lavagem + apendicectomia) são
realizados com apenas 3 ou 4 túneis de 2,5 mm a 5 mm de raio, ou seja, o acesso
causa um dano mínimo.