Carreira / Emprego - Profissional questionador: como ele é visto? Ele terá sucesso?
Ele pode ser jovem, idealista, ambicioso, crítico, desafiador e apaixonado pelo
que faz. Porém, também pode ser presunçoso, mimado, manipulador e preguiçoso.
Toda empresa tem seu funcionário questionador.
Esse perfil de profissional pode contrariar seus líderes ou a organização na
qual trabalha porque é visionário. Seu propósito é o crescimento da empresa. Mas
existe um segundo tipo de questionador: o presunçoso. Ele duvida do que é dito
porque é inflexível e não gosta de ouvir a opinião alheia. Por vezes, pode
questionar a necessidade de realizar determinada tarefa se esta for por demais
difícil.
As dúvidas que pairam sobre esses personagens do mundo corporativo são:
- Como questionadores são vistos pelo gestor?
- Questionar é bom ou ruim?
- Ele fará sucesso no mercado?
Como é visto
A consultora da Career Center, Cássia Lourenci, explica que quando os
questionamentos são constantes, a imagem do profissional é ruim. "Questionar o
tempo todo indica inflexibilidade e dificuldade para ouvir. Parece que só seu
ponto de vista é válido. Se a pessoa é inteligente e tem bons argumentos, se sai
menos pior, mas se fala sem base, acaba sendo prejudicada".
Na outra ponta da questão, está o profissional que nada questiona. Ele aceita
tudo e não expressa suas próprias opiniões. A atitude é igualmente negativa.
"Ninguém precisa concordar com tudo. É preciso ser coerente e saber se colocar.
No entanto, às vezes, é necessário também compreender que, por trás de cada
decisão da empresa, existe um contexto, uma demanda, um histórico e uma
cultura".
Cássia diz que os extremos são ruins. "Tudo, em exagero, é negativo", garante.
Diferença está na comunicação
"Para tudo que for fazer na vida, saiba que o que importa, no final, não é o que
se fala, mas a forma como se fala", afirma a consultora. Desta forma, atente-se
aos seguintes tópicos, na hora de se comunicar:
- Como: A forma como as pessoas falam faz toda a diferença. Por
exemplo, é possível fazer uma crítica a alguém, sem causar desapontamento ou
chateação, dependendo da forma como a comunicação se dá. Cássia exemplifica:
"Se eu comunicar uma decisão que tomei à diretoria da empresa e,
posteriormente, falar exatamente da mesma maneira com a equipe operacional,
certamente um dos dois públicos não irá entender", garante;
- Onde: Não dá para criticar o gestor na frente da equipe ou
perante os acionistas, por exemplo;
- Quando: Existe hora para tudo. Já imaginou começar a fazer
pedidos e reclamações ao gestor de sua área na hora em que este encontra-se
atribulado com seus afazeres? Ele provavelmente não irá gostar da atitude. A
consultora da Career Center diz que uma boa hora para expor suas ideias e
dar sugestões é durante a avaliação de desempenho. Mas ela alerta que a
avaliação é sua. Não cabe falar de terceiros, sob hipótese alguma. "É um
momento seu, é a hora de discutir o que você tem de aprimorar e o que
precisa descartar", afirma, ao dar um exemplo: "Algumas pessoas acham que
seus argumentos terão mais força se envolver terceiros, então dizem que a
equipe toda não concorda com determinado processo. Isso pode ser malvisto
pelo gestor".
Questionador terá sucesso?
É de se esperar que questionadores não tenham uma carreira bem-sucedida, já que
podem parecer insolentes. Cássia diz que o importante é ter equilíbrio, não
questionar demais nem de menos.
Mas, para ela, questionadores podem ter sucesso, a depender de seus argumentos.
Daí a importância de, na hora de sugerir uma mudança na empresa, por exemplo, se
embasar. "Faça o benchmarking, analise o que o concorrente faz, o que o
profissional de sucesso faz, o que a empresa que já passou por aquele mesmo
problema fez. Não quer dizer que é preciso copiar a fórmula de sucesso da
concorrência, mas faz todo sentido estudar e, na hora de se comunicar com o
líder, apresentar dados concretos. Caso contrário, o discurso será vazio,
limitado a hipóteses, que podem estar equivocadas".
Por fim, se o questionador quiser ter sucesso, ele precisa desenvolver seu poder
de persuasão. "Há pessoas que, mesmo sem argumentos, possuem uma capacidade de
persuasão absurda. Conheço palestrantes famosos que não têm conteúdo, mas, por
conta da capacidade de comunicação e do carisma, fazem sucesso", exemplifica. É
claro que persuadir com bons argumentos é garantia maior de sucesso.
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