Passados todos os danos provocados pela crise financeira nos portfólios de
aposentadoria, fica a dúvida sobre se vale a pena continuar investindo em renda
variável para garantir a tão sonhada tranqüilidade orçamentária no futuro.
A duras penas, investidores antigos aprenderam nos últimos dois anos que tomaram
muito risco quando formavam posições. Parte desta euforia deve-se a uma reação
natural frente o bull market anterior a 2007 - sempre é mais fácil esquecer o
quão perigosa uma ação pode ser quando não há correções do mercado.
Em meio à discussão, o analista Dan Caplinger escreveu artigo no portal de
investimentos Motley Fool no qual delineia três comportamentos para a criação de
um portfólio focado para uma aposentadoria saudável.
Aposentados necessitam de ações
À luz das perdas no último ano, muitos desenharam conclusões erradas sobre a
queda, ao defender a não alocação de recursos em ações. "Este é o porquê: a
maior ameaça para os aposentados que vivem com renda fixa é a erosão de seu
poder de compra motivada pela inflação", completa o autor, de olho nos preços.
Nesse sentido, investimentos mais conservadores, como títulos e certificados de
depósito em bancos, além de pagarem baixos retornos não protegem o investidor
caso a inflação desperte. Dada a renda constante e sem crescimento, a escalada
dos preços reduz o padrão de vida dos aposentados.
Em contrapartida, certos tipos de corporações podem se beneficiar quando a
inflação existe. "Se as produtoras de bens de consumo podem elevar os preços em
resposta à inflação, elas preservarão suas margens de lucro mesmo quando seus
custos internos aumentarem", completa Caplinger, citando ainda ações
correlacionadas ao mercado de commodities, que também são agraciadas pelo
aumento dos preços das matérias-primas.
Você não pode prever quando um bull market existirá
Em toda séria histórica dos mercados, diferentes tipos de investimentos
mostraram padrões cíclicos, do máximo ao mínimo. Contudo, prever qual ação será
a bola da vez em qualquer ano, seja no bull ou seja no bear, é praticamente
impossível. Como evidência, Caplinger cita a surpresa positiva nas ações de
companhias oriundas dos mercados emergentes neste ano, que, na sua maioria,
acumulam valorização superior ao índice S&P 500.
Partindo do pressuposto de que não há clarividência quando se investe, o autor
do artigo ressalta a alocação constante do portfólio em diferentes setores da
economia, a fim de assegurar de que o investidor esteja "comprado"
independentemente do setor que estiver naquela hora como protagonista.
Tenha um colchão
"Mais do que tudo, a quebra dos mercados acionários lembrou aos aposentados o
quão valioso um colchão de dinheiro pode ser", discorre Caplinger, ao ressaltar
a importância de deter uma reserva. Apesar das taxas estratosféricas praticadas
pelos bancos e pela não atratividade de deixar dinheiro parado na conta quando
os ralis aparecem, o custo de oportunidade de não precisar vender ações quando
elas caem prepondera.
Nas linhas finais, o autor do artigo destaca que o melhor caminho para balancear
todos os riscos de uma aposentadoria é deter investimentos diversificados.
"Combinado com um bom colchão de dinheiro, um portfólio forte ajudará a sair de
baixas e garantirá a aposentadoria dos sonhos", conclui Caplinger.