Não se sabe ao certo a origem do comportamento, mas é fato que alguns líderes
têm dificuldades em delegar tarefas.
Você nunca viveu algo assim: se deparou com uma atividade que estava empolgado
para fazer, porém foi jogado para o escanteio, já que a liderança foi quem se
encarregou do trabalho. Se isso acontece com frequência no seu trabalho, pode
estar diante de um líder centralizador.
Eles pegam as atividades mais estratégicas, interessantes e, quando menos
esperam, estão atolados. O resultado é uma vida voltada para o trabalho, com
prejuízos para o convívio familiar e social. Mas não culpe o líder, pois, às
vezes, a atitude é inconsciente.
De propósito?
De acordo com o sócio-diretor da Compass Consult, Wilson Roberto Lourenço, não é
normal que o líder faça as atividades mais estratégicas e interessantes da
empresa a todo o momento, mas nada o impede de acompanhá-las. "Eu, que já fui
executivo, quando tinha atividade com muito foco estratégico, queria estar
envolvido pelo impacto que algo negativo poderia causar", contou, sobre sua
própria vivência no mercado de trabalho.
Porém, alguns líderes acabam trazendo a responsabilidade para si sempre, o que
acontece por conta do nível de confiança e segurança que têm com a equipe, mas
também pelo estilo de liderança. "Há líderes que pensam em promover novos
líderes, ou, se uma vaga de chefia não está disponível, pensam em trazer novos
talentos para a empresa. Mas outras pessoas que não pensam assim", explicou.
E a atitude de não delegar aquilo que é mais "interessante" pode ser causada
pelo medo de perder espaço na empresa, ou de o membro da equipe que fez o
trabalho com tanto louvor ganhar mais destaque. "É uma visão míope do líder
porque, se de um lado ele mesmo fizer a atividade e ganhar destaque, caso faça
bem, do outro ele acaba sobrecarregado e, muitas vezes, com problemas
familiares", contou Lourenço.
Inconsciente
O comportamento pode ser inconsciente também. Neste caso, de acordo com
Lourenço, o profissional só vai perceber que está sendo centralizador depois de
sentidas as consequências da atitude: o cansaço pelo excesso de trabalho, a
infelicidade da equipe e a ausência na vida familiar.
"Uma das consequências será a equipe estagnada, que não cresce e está sempre
insatisfeita, principalmente no caso de profissionais da geração Y, que buscam
crescimento rápido. Então essas pessoas podem ir embora, pedir transferência de
área ou ir para o concorrente. E, se ninguém manifesta isso, o clima fica tenso
e as pessoas, insatisfeitas para sempre".
Ajuda
Independentemente de como o comportamento se originou, o importante é acabar com
ele. De que forma? Por meio da ajuda de um coach, de treinamentos sobre
liderança ou até mesmo do feedback do "líder do líder". A própria equipe também
pode ajudar, chamando a responsabilidade para si em determinadas tarefas.