Carreira / Emprego - No paredão: o que fazer quando algo deu muito errado no trabalho?
Dizem que errar é humano. Mas, nas organizações, não é bem assim que as coisas
funcionam. Muito além da bronca, demissões também são frequentes. Algumas
empresas insistem em procurar culpados, no lugar de soluções, ao passo que
outras são obrigadas a "penalizar" de alguma forma quem errou, apenas para
acalmar os ânimos de seus acionistas.
Há equívocos graves, que implicam a perda de clientes, o não-alcance das metas,
os rombos nas finanças, ou ainda o fim da imagem positiva de determinada empresa
no mercado. Dá para voltar no tempo e consertar o problema? A pergunta foi feita
à diretora da DBM em Minas Gerais, Georgina Vieira.
Não se justifique!
Para ela, antes de tudo, é importante assumir o erro, sem ficar se justificando.
Depois, dimensione o problema, analise quem foi atingido - colegas, diretoria, a
empresa e sua imagem no mercado, clientes - e proponha soluções, pensando no que
fazer de imediato, em médio prazo, e futuramente, de maneira a evitar que o
mesmo erro seja cometido.
"Comunique a chefia e os afetados, mensure as consequencias do erro e se
disponha a resolver o problema. Há erros graves, mas que afetam apenas o
cotidiano da empresa, e outros que extrapolam o ambiente da organização,
atingindo sua imagem e seus clientes, por exemplo", explica a especialista.
A diretora da DBM em Minas Gerais conta uma situação que já viu acontecer muitas
vezes: o profissional errou, mas fez um diagnóstico do equívoco, propôs uma
solução de imediato e ainda sugeriu uma forma de o erro não acontecer nunca
mais, melhorando o processo. No final, ganhou pontos com a chefia.
"Mas também já vi casos nos quais o funcionário tentou ocultar o erro de seus
pares. A percepção da empresa, no fim das contas, foi a de que ele errou duas
vezes", conta ela. Outra postura ainda pior é a de apontar o dedo, se isentar da
culpa e jogar a responsabilidade em cima de um terceiro. Porém, cedo ou tarde, a
verdade pode vir à tona. "Ao fazer isso, o profissional corre o risco de quebrar
a relação de confiança com seus colegas e com a empresa", adverte.
Crise e medo de demissão
Ela alerta que, com a crise, é possível que as pessoas façam o possível para se
isentar de erros cometidos. Afinal, existe um medo generalizado quanto ao futuro
dos empregos.
Georgina lembra ainda que, no geral, independentemente da crise, as pessoas têm
medo de assumir responsabilidades, de se expor, e essa atitude pode ter a ver
com a educação. "Criamos nossos filhos, muitas vezes, liberando-os de suas
responsabilidades. Estamos longe ainda de construir uma sociedade
auto-responsável", opina.
Passo-a-passo
Georgina elaborou um roteiro do que é necessário ser feito, quando o
profissional erra e as consequencias são graves:
- Assuma o erro. Não jogue a culpa em ninguém nem esconda o problema;
- Se coloque como parte da solução do problema, e não do lugar da vítima;
- Analise a gravidade do erro. Veja quem será atingido. Apenas seus
colegas de departamento? Seu chefe? A empresa? Os clientes da empresa?
- Se houver tempo, rapidamente elabore um plano de contingência, pensando
nas soluções a serem implantadas em curto, médio e longo prazo e,
simultaneamente, encontre um meio de aquele erro não acontecer nunca mais.
Procure os pontos de vulnerabilidade da empresa.
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