É preciso analisar o cenário econômico para verificar qual a melhor opção de
fundos para investir. Então, para começar, será necessário descrever um pouco da
crise financeira que assusta muitos investidores desde o ano passado.
Ela começou no mercado imobiliário norte-americano, logo passou a provocar a
falência de bancos e não demorou muito para chegar ao Brasil. De que forma?
Provocou escassez de crédito para empresas e consumidores e resultou na fuga de
investidores estrangeiros.
Com isso, a Bolsa de Valores começou a não apresentar os resultados positivos
que vinha registrando ao longo de 2007 e início de 2008. "Há um ano atrás, os
fundos mais recomendados eram os de ações. Não se falava em outra coisa a não
ser a performance das ações", afirmou o professor de Finanças e Economia da FGV
e Fucape, Paulo César Coimbra.
O cenário mudou
Para Coimbra, a vedete do momento mudou. "São os fundos multimercados, para
aqueles que têm perfil moderado. São os que se adaptam ao ambiente e tiram
proveito do mercado que está em vantagem. Ele é indicado para quem está a espera
de investimentos mais interessantes", indicou o professor.
O professor de Finanças da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing),
Ricardo Cruz, concorda: "Os fundos multimercados passaram por uma reorganização,
mas não deixam de ser uma boa opção", afirmou.
Agora, para quem tem um perfil mais conservador, ou é aquela pessoa que não quer
correr muitos riscos e preservar seu patrimônio, fundos de renda fixa são os
mais indicados. De acordo com Coimbra, eles podem ter pré-fixados e pós-fixados,
que devem ser escolhidos de acordo com o cenário econômico. "A expectativa hoje
é de que o Copom venha a diminuir mais a Selic, que indexa muitos títulos. Então
as melhores recomendações são os pré-fixados", afirmou, uma vez que os
pós-fixados terão os rendimentos reduzidos.
Cruz ainda disse que, daqui em diante, serão boas opções os fundos referenciados
- que seguem a variação de um índice -, mas também os fundos de participações.
Cada perfil, uma escolha
Para o diretor da Daycoval Asset, Roberto Kropp, a escolha do melhor fundo
depende do perfil do investidor. A rentabilidade dos fundos de renda fixa, mais
indicados para os conservadores, tem oscilado bastante. "Os juros estão altos,
no ano passado o Banco Central fez ajustes. A taxa mensal é interessante, mas o
mercado de captação está volátil e traz uma oscilação".
No caso dos fundos de renda variável, ideal para quem está disposto a correr
riscos, ele acredita que a Bolsa de Valores já bateu o "fundo do poço" e, com as
ações baratas, o mercado vai rumar à normalização. Para isso, é preciso esperar
um tempo.
De acordo com ele, os fundos cambiais não são um interessante investimento nesse
momento, apesar da alta rentabilidade que têm mostrado, devido à desvalorização
do real frente ao dólar. Isso porque, além dos juros brasileiros serem bastante
altos, favorecendo a renda fixa, se o investidor ficar muito tempo trabalhando
contra o real, ele pode perder.
Em relação aos multimercados, ele disse que sofreram muito com a crise
financeira global, que provocou uma nova precificação de ativos, mas que deve se
recuperar ao longo deste ano.