Profissionais liberais e autônomos precisam preparar um orçamento
diferenciado dos demais trabalhadores. De acordo com o consultor financeiro e
professor PhD da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista),
Marcos Crivelaro, eles devem focar mais "a segurança financeira, porque estão
mais expostos à perda de renda".
Em primeiro lugar, o que esses profissionais devem fazer é uma reserva
financeira. Neste caso, porém, de acordo com o consultor financeiro, a reserva
deve ser da ordem de seis salários médios, por causa da variação de renda que
ele pode sofrer mês a mês. "Não conto isso como um investimento, mas como algo
que ele deve ter para caso de imprevistos", disse.
Mais segurança
Além da reserva, os profissionais liberais e autônomos ainda precisam fazer um
seguro. A reserva financeira está mais relacionada à flutuação de demanda de
serviços. Caso o profissional trabalhe menos em um mês, com a reserva, ele
poderá arcar com suas contas básicas. Já o seguro está ligado à perda de
capacidade para o trabalho.
Uma outra forma de proteção que deve ser considerada pelos profissionais
autônomos e liberais é a previdência privada. Enquanto as outras duas formas de
proteção estão mais ligadas ao presente, a previdência tem como objetivo
garantir o futuro. "Ele pode ter uma aposentadoria do INSS (Instituto Nacional
do Seguro Social) que não seja suficiente. E também não conta com o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço".
Investimentos
Em relação aos investimentos, Crivelaro afirmou que os profissionais liberais e
autônomos também devem ser mais conservadores e priorizar a segurança, em
relação aos demais. "Ele tem de estar menos exposto. Até 10% de tudo o que está
investido pode estar mais exposto ao risco, enquanto entre os profissionais
assalariados pode ser até 30%", explicou. O restante deve ser colocado em
investimentos mais conservadores.
Vida pessoal x profissional
Um cuidado que os profissionais citados devem ter é o de separar as contas da
empresa das pessoais, para não comprometer nem uma nem outra e, então, ter que
se render aos empréstimos bancários.
Apesar da dica, Crivelaro disse que, quando o assunto são os tributos, pode-se
juntar as contas pessoais e profissionais. "Converse com o contador para ver o
que é interessante pagar de tributos como pessoa física e como pessoa jurídica.
Fazendo tudo dentro da legislação, isso pode ser bom para o orçamento", afirmou
ele.
Entre os dentistas
De acordo com o membro do Conselho Diretivo do Cetao (Centro de Estudos
Treinamento e Aperfeiçoamento em Odontologia), Alênio Calil Mathias, os
dentistas tratam de maneira diferente o orçamento, sendo que aqueles que
planejam os gastos diários acabam tendo mais sucesso.
"Depois que o profissional conclui a sua especialização e adquire alguma
experiência profissional, suas necessidades no campo da administração aumentam,
ele desperta para a importância da orientação e do planejamento financeiro para
assegurar a longevidade do seu negócio", afirmou ele.
Já para a coordenadora de marketing Heloísa Borges, a principal responsável pelo
descontrole financeiro dos profissionais dentistas é a falta de planejamento.
"Da desinformação, surge uma série de escolhas equivocadas, sejam compras por
impulso, investimentos sem planejamento, vida fora do padrão de renda,
parcelamentos sem provisão de recebimentos e contas atrasadas", explicou.