Para fixar com exatidão a imagem de uma empresa é necessário adequá-la aos
novos tempos caracterizados por uma sociedade cada vez mais crítica e engajada.
Nesse contexto, a comunicação passou a fazer parte do próprio negócio, agregando
valores a produtos e serviços.
No caso da empresa familiar, o processo de profissionalização se consolidará
pelo reconhecimento da função estratégica da comunicação como instrumento de
gestão corporativa, de integração do corpo funcional e de fidelização dos
clientes externos. As lideranças que se identificam à cultura do diálogo
conseguem alcançar a superação de desafios e metas, pela concretização de um
ambiente organizacional de coesão e corresponsabilização por resultados. E,
ainda, pela capacidade de ouvir e compreender as reais necessidades dos clientes
e as tendências do mercado.
O reconhecimento da comunicação e do diálogo como componentes básicos do
espírito de um modelo de gestão profissionalizado viabiliza a sustentação dos
princípios da Governança Corporativa. Transparência de compromissos,
responsabilidades e resultados são explicitados em um verdadeiro pacto de
convergência por objetivos comuns. Nesse ponto se encontra um dos principais
pilares da Empresa Familiar Profissionalizada.
Diálogo é estratégia de comunicação - A maioria das empresas
prefere resolver as crises de "portas e bocas fechadas". A direção resolve e
ninguém fica sabendo. Algumas vezes dá certo, mas, quase sempre, o resultado é
medíocre e o problema retorna pior do que antes.
Se uma mudança estratégica ou uma crise interferem diretamente na atuação do
funcionário, a transparência, a honestidade e a ética são fundamentais, pois,
sem elas, dificilmente a empresa conseguirá o engajamento dos seus colaboradores
na busca de soluções. Um ambiente favorável à comunicação interna, com
lideranças engajadas em promover e consolidar a Cultura do Diálogo é capaz de
encorajar a manifestação de idéias e sugestões, que podem originar inovações e
identificar soluções altamente rentáveis para a empresa como um todo.
A transparência das ações, a honestidade de propósitos e a ética corporativa
trafegam necessariamente pelo caminho da abertura para a comunicação. Em um
quadro de crise empresarial, independente de ser patrão ou funcionário, a
Cultura do Diálogo cria vínculos que se traduzem em comportamentos positivos e
pró-ativos. Ou seja, o gestor presta, de fato, atenção ao que o colaborador tem
a falar e vice-versa. A comunicação corporativa é um processo diretamente ligado
à cultura da empresa, isto é, aos valores e ao comportamento das suas lideranças
e às crenças dos seus profissionais.
Não adianta a empresa importar modelos de controle de qualidade e sistemas de
tecnologia da informação se, internamente, não existe um ambiente de abertura
para a conversação e a troca de opiniões. Uma questão é certa: a má comunicação
só traz complicação e prejuízo. Estatísticas mostram o grande número de
falências de empresas que não souberam superar um contexto de crise econômica,
devido à inabilidade em negociar e conversar, ou melhor, ouvir os seus clientes,
fornecedores e funcionários.
Da mesma maneira, de nada vale produzir um jornal dos funcionários, implantar
rádio ou televisão corporativa, ou ainda criar programas de debates e reflexão,
se as lideranças da empresa não se entendem e não se respeitam. Só uma cultura
de comunicação consolidada é capaz de promover terreno propício para, a partir
de uma salutar troca de ideias e opiniões, simplificar e solucionar os problemas
organizacionais que, na maioria das vezes, estão ligados à desvalorização do
relacionamento humano.
A improdutividade, a perda de clientes, o defeito de máquinas e equipamentos,
os acidentes de trabalho e o não cumprimento de prazos e metas são algumas das
consequências geradas pela falta de diálogo e comunicação nas organizações. É
comum em um ambiente fechado à conversação, a distorção das informações
administrativas e gerenciais, o que ocasiona grandes índices de desperdício e
altos custos oriundos do trabalho que precisa ser refeito. Conflitos, brigas e
disputas internas, entre diretores, gerentes e funcionários são resultados muito
comuns e constantes nas empresas que desconsideram a importância do bate-papo.
Na atualidade, o maior desafio do mundo empresarial é incentivar o saudável
exercício do diálogo aberto e franco, sem rodeios ou intolerâncias, favorecendo
assim a convivência das diferenças. A diversidade de pensamento contribui para o
enriquecimento da criatividade da empresa na busca de soluções e inovações.
Pessoas com pontos de vista diferentes podem trabalhar juntas e integradas por
objetivos comuns. Isso depende apenas de uma estratégia de empresa interativa,
que envolva a participação de todos no seu processo de planejamento para o
sucesso.
Fortalecimento da marca - A empresa moderna necessita estar
presente junto a seus públicos interno e externo, seja para divulgar o que
produz, como para fortalecer a sua reputação e firmar a sua marca no mercado.
A vantagem competitiva da organização está diretamente relacionada à
estratégia de comunicação com seus stakeholders, - cuja tradução quer dizer
"parte interessada" -. Ou seja, à forma como ela se relaciona com seus clientes
internos e externos - pessoa física, jurídica ou institucional -, públicos que,
de alguma maneira, são influenciados pelas ações da organização ou que,
reciprocamente, exercem tal influência. Estes grupos ou indivíduos são o público
interessado, que deve ser considerado como um elemento essencial na estratégica
de negócios.
De um modo geral, as empresas familiares caracterizam-se pela informalidade
na comunicação e, ao mesmo tempo, pela falta de organização no fluxo de
informações funcionais e operacionais. Pesquisas indicam que a proximidade da
cultura familiar no ambiente de trabalho favorece a derrubada de alguns
obstáculos habituais na comunicação organizacional, como a rigidez da
formalidade e padronização de normas inflexíveis.
Essa característica pode indicar uma predisposição para a abertura ao diálogo
e uma maior facilidade para a transmissão de informações ligadas aos objetivos e
metas da corporação. Porém, não é bem isso o que acontece. No caso de micro e
pequenas empresas essa fórmula pode até ser favorável. No entanto, para
empreendimentos que funcionam dentro dos princípios de gestão e estrutura
empresarial a falta de sistemas de informações gerenciais pode ser um verdadeiro
desastre.
Para companhias de médio e grande porte, a informalidade na comunicação acaba
se tornando fator proibitivo, pois torna o fluxo de informações funcionais e
operacionais desordenado e sujeito a erros de interpretação e de deturpação do
sentido. Enquanto para uma pequena empresa a informalidade seja até certo ponto
desejável, para empresas médias e grandes isso pode significar um sério motivo
de improdutividade e insucessos.
Não podemos confundir informalidade com ambiente de abertura para o diálogo e
a troca de ideias, opiniões e sentimentos. Este, muito pelo contrário, é fator
muito favorável e motivador para o alcance de bons resultados e consolidação da
competitividade de empresas de todo porte.
Contudo, um empreendimento de estrutura empresarial precisa dispor de normas
e procedimentos de atuação bem definidos. A comunicação deve ser favorecida pela
consolidação de canais e instrumentos formais que favoreçam o ordenamento do
fluxo de informações na organização.
Ao mesmo tempo, a informalidade na comunicação deve ser preservada como um
dos valores da empresa, no sentido de reconhecer o direito e estimular a
responsabilidade de todo cidadão no exercício pleno da liberdade de expressão.
Dessa maneira, as empresas, familiares ou não, encontram o ponto de equilíbrio
para a sua sustentabilidade, através da difusão de informações, divulgação de
notícias, multiplicação de conhecimentos, compartilhamento de opiniões e debates
de ideias.
É desse ambiente de organização e abertura para a comunicação que a companhia
consegue consolidar a cultura da qualidade e produtividade no trabalho. Partindo
dessa premissa, a empresa familiar entrará em um ciclo virtuoso de evolução
cultural. Isso poderá culminar com a explicitação dos seus princípios e valores
em uma efetiva política de comunicação, abrangendo o seu relacionamento com
diversos públicos estratégicos.