O ambiente de trabalho perfeito é aquele que preenche nossas necessidades. Há
quem busque salário, mas há quem aceite ganhar menos em troca de reconhecimento,
satisfação pessoal, qualidade de vida, desafios, carreira ou visibilidade na sua
área.
Profissionais motivados para o trabalho e que amam o que fazem é o que toda
empresa busca. O desafio é atender aos anseios das pessoas, tratando-as de forma
individualizada e da maneira como elas desejam. Segundo Shoshana Zuboff,
professora de Harvard (JACOMINO, 2004), "as pessoas não querem ser tratadas como
um número na multidão, mas entendidas por suas necessidades específicas". As
empresas que satisfazem essas necessidades conseguem reter seus talentos, são
realizadoras de sonhos; as que não perceberam isso, ainda, somente os detêm, e
correm o risco de perdê-los.
A relação dos profissionais com as empresas mudou drasticamente nos últimos
anos, principalmente com a revolução do conhecimento. Antes as pessoas "vestiam
a camiseta", seduzidas por estabilidade, salários e assistência médica, hoje
isso já não basta. Elas almejam organizações alinhadas com seus valores em um
processo que precisa ser alimentado e renovado todos os dias, assim como num
casamento. Os funcionários precisam ser vistos como pessoas por inteiro, não
mais apenas como "mão-de-obra".
A ideia de que o profissional é quem deve se adaptar ao perfil da companhia
está acabando. "Hoje, é ele quem deve se informar sobre a organização na qual
gostaria de trabalhar e compreender sua cultura", diz Alexandre Gracioso (2002).
Assim, o alinhamento de interesses torna-se fundamental para que a pessoa
desenvolva todo o seu potencial e se realize, conduzido pela motivação a
produzir mais e melhor.
Dinheiro, é claro, ainda é prioridade para muita gente. É o que move boa
parte das pessoas a sair de casa para trabalhar, porque elas necessitam pagar
suas contas e manter-se financeiramente. "Um contracheque gordo pode não segurar
um talento, mas a falta dele o leva rapidinho para a concorrência", diz Jorge
Alberto Viani, da William Mercer Consultoria (FONTANA, 2001). Mas essa ser a
primeira escolha torna-se arriscado, pois, em um mercado cada vez mais agressivo
e competitivo, é difícil manter-se por muito tempo em uma empresa só por
dinheiro, por maior que seja o contracheque.
Não há dinheiro que pague a realização pessoal. A realização no trabalho
inclui mais que salário, compreende a chance de crescer e ter novos desafios. É
a possibilidade de as pessoas darem significado ao que fazem. É fato que salário
ruim desmotiva o profissional, mas recebê-lo acima da média de mercado não é
suficiente para que a pessoa se sinta estimulada para o trabalho, ou seja, não
garante a satisfação do funcionário em relação à empresa.
A motivação dos funcionários é tarefa cada vez mais importante para o sucesso
empresarial, pois envolve sentimento de realização, de reconhecimento e de
crescimento profissional. Conforme Chiavenato (2006), o colaborador sente-se
mais motivado quando lhes são atribuídas tarefas significativas e desafiadoras.
Assim, motivar as pessoas é fazer com que sintam orgulho de trabalhar na
empresa, é despertar o sentimento de afiliação, permitindo-lhes trazer seus
valores para o ambiente de trabalho.
Comprometimento gera comprometimento, e isso sim, com certeza, irá
potencializar os efeitos das estratégias de negócio, aumentando os lucros. A
pergunta é: existe uma forma correta para motivar as pessoas? Segundo
especialistas, as duas principais são o bolso e a preocupação com o ser humano.
Mas, qual desses dois modos de motivação é o melhor? Se levarmos em conta o
desempenho financeiro, os dois lados são igualmente eficazes. O que muda é o
tipo de profissional que a empresa irá atrair, ou seja, o tipo de incentivo a
ser oferecido deve estar alinhado ao perfil dos profissionais que a organização
gostaria de ter. Segundo o pesquisador Leon Martel (CUNHA, 2002), isso seria a
transição dos valores materialistas, do apego à riqueza, para os
pós-materialistas, aqueles que buscam o bem-estar.
Assim, o que importa é a criatividade e a capacidade das empresas de focar as
necessidades específicas de seu pessoal, uma vez que sem os investimentos
financeiros é o que vai fazer diferença para os funcionários. O fato é que não
existe uma fórmula, existe sim, uma mudança no mercado de trabalho, que sinaliza
para a necessidade da valorização do maior bem da empresa: o seu capital
intelectual.
* Colaboraram para a produção deste artigo - Janice Silene Gomes de
Oliveira e Regina DAmmbros