Este tema é uma tentativa de pensar a respeito dos desafios que enfrentará o
mundo corporativo no presente século, assim como uma busca na identificação de
novos caminhos a serem percorridos pela liderança. Redundante seria dizer que o
mundo está em constante transformação, porém necessário, pois, as mudanças, que
ocorrem no mundo corporativo, juntamente com as novas descobertas,
principalmente na área tecnológica, têm sido a base de lançamento de todas as
modificações ocorrentes.
Diante dessa nova realidade, encontra-se aquela que em meu entendimento é a
peça chave no jogo administrativo: a liderança. São os líderes que podem ou não,
tirar os objetivos e as metas dos planejamentos, e incorporá-los à prática
diária. São eles que possuem o maior poder de influência na conjuntura
organizacional. Portanto, cabe à liderança o principal papel articulador nessa
nova "virada de mesa". Para isso, é necessário:
- Desvincular a liderança da função. A primeira mudança
estabelecida, nessa nova realidade, é que todos precisam exercer a liderança,
independente da função em que atuam. Recentemente, em uma determinada empresa,
em uma reunião com membros de Recursos Humanos, um gerente assim se expressou: "O
meu negócio é cuidar do processo e da produção, não quero saber de gente".
Nem mesmo diante da argumentação do pessoal de RH - de que é impossível
administrar processos e produção sem administrar pessoas - o gerente mudou de
opinião e atitudes. Vocês querem saber qual foi o resultado? O executivo não
permaneceu muito tempo naquela organização. Infelizmente, este tem sido o pecado
capital de muitas companhias, que tem ótimos profissionais técnicos, porém,
péssimos líderes.
- Uma atuação integrada de liderança. A departamentalização
nas organizações trouxe benefícios e malefícios junto com sua instituição. Um
dos seus maiores problemas é a isenção de responsabilidade do que acontece em
outros setores da companhia. Repartiram o bolo e o campo de influência foi
reduzido a minúsculas partes. Alguns chegam aos extremos de torcerem para que os
outros departamentos se prejudiquem, para que o deles se sobressaia. É o cúmulo
da insensatez. A empresa é uma só e deve-se ter uma perspectiva de ajuntamento,
de integração das partes num projeto único de missão. Afinal, isto não é visão
sistêmica? O líder precisa enxergar além da sua "fatia de bolo" e ampliar sua
boa influência por toda organização.
- Subjugar o ego aos objetivos da liderança. O ser humano é
uma complexidade e todos nós sabemos disso, porém, muitas pessoas evidenciam
claramente que não sabem lidar com o poder e com a concorrência. E o lugar onde
mais ocorre a guerra dos egos é a empresa.
Muitos, iludidos pelo cargo da qual foram investidos, pensam ser algum "deus"
ou oriundo de casta superior. Alguns chegam ao ridículo de exigirem ser chamado
de doutor, manager, engenheiro e assim por diante; querem ser
reconhecidos em vez de serem considerados. Outro aspecto nocivo às organizações
tem sido as "intrigas palacianas" entre gerentes, engenheiros, supervisores.
Cada um querendo ser o melhor em detrimento do fracasso do outro, dando um
péssimo exemplo às demais pessoas.
Estes ainda não abriram os olhos para a nova realidade, que exige novos
líderes, que não sustentam sua influência à base de autoritarismo,
distanciamentos, imposições e conceitos pessoais egocêntricos. Ninguém é
contratado por uma empresa para satisfazer seus desejos pessoais, mas sim, para
conduzir a organização a atingir seus objetivos e metas, e extrair dos
colaboradores todo potencial possível.
A base de uma liderança que atenda às novas realidades passa pelo
relacionamento integral com os liderados, pelas transparências das ações, pela
pura consciência das intenções, pela compreensão que não "somos", mas "estamos"
em funções importantes, mas elas não perdurarão pela eternidade. Pergunte isso
para alguém que um dia pensou que "era" e não "estava", e que hoje não "está"
mais, e agora entende que nada "é".
Novos líderes para uma nova realidade é o clamor das organizações, que se vê
diante de novos desafios constantemente e carece de líderes que estejam
antenados e sintonizando-se com as mudanças. Todos nós, com certeza, podemos
ser, se pensarmos um pouco menos em nós.