Empreendedores nem sempre gostam de lidar com as questões financeiras de um
negócio. O próprio espírito empreendedor pode levá-lo a se concentrar no
produto/serviço, nos clientes e no marketing, ao invés de dar a atenção
necessária para os números de sua pequena empresa.
No entanto, a saúde financeira do negócio deve ser uma das principais
prioridades do empreendedor. Uma pequena empresa que não tem um gerenciamento
adequado de seus recursos financeiros corre sério risco de entrar em uma espiral
negativa, muitas vezes irreversível.
O fato é que poucos negócios são um sucesso em tão curto prazo que a questão
financeira se resolve sem preocupações. A realidade da grande maioria dos
empreendedores é: dinheiro limitado e lucros apertados.
Minha sugestão é que todo empreendedor faça um curso ou ao menos leia um
livro sobre finanças empresariais. Mesmo com os conceitos básicos é possível
colocar uma ordem financeira na empresa e reduzir seu risco. Ainda que o tema
seja bastante amplo, deixo a seguir algumas dicas básicas.
As finanças nunca devem ficar em segundo plano
Como comentei na introdução do artigo, as finanças devem sempre estar no topo
da mente do empreendedor. Um negócio financeiramente saudável dá às boas idéias
os músculos para atingir todo seu potencial. Uma boa idéia, que patina pela
dificuldade financeira, pode se tornar um fracasso ou apresentar resultados
muito aquém do que poderia.
Muitos negócios operam no negativo em sua fase inicial. Isto não é um
problema… na realidade, é o que acontece com mais frequência. O detalhe está
em que esta fase inicial deve ser administrada cuidadosamente, já que os
recursos são sempre finitos. Aqui entra novamente a importância de fazer um bom
plano de negócios, através do qual temos um planejamento claro de quanto tempo
pretendemos ter as finanças no vermelho e de onde vamos obter os recursos
durante esta fase, além de servir como um radar para determinar se estamos
atingindo as metas ou podemos ter dificuldades mais adiante.
Dinheiro da empresa não é dinheiro do dono
Este problema é clássico nas finanças dos empreendedores. Especialmente nos
negócios menores, o empreendedor passa a misturar suas finanças pessoais com as
do negócio. Os custos são cobertos pelo dinheiro do dia a dia da família, e os
lucros são aproveitados em coisas pessoais. Este é um problema enorme, por
duas razões.
Primeiro, porque fica muito difícil a compreensão do real potencial do
negócio. Se o empreendedor tampa buracos do negócio todo mês com seus recursos
pessoais (e fora do que estava planejado), pode estar entrando na espiral
negativa que mencionei anteriormente. Se ele toma todos os lucros para sua vida
pessoal, deixa de fazer novos investimentos que podem ser importantes para o
futuro da empresa.
Segundo, porque os funcionários nunca perceberão isto com bons olhos.
Qualquer bom funcionário quer crescer na empresa e ajudá-la a ter sucesso. No
entanto, se ele percebe que o negócio está lá como uma extensão da vida pessoal
do dono, se sentirá desmotivado.
Dívidas são fatais
As dívidas não são a solução para os problemas financeiros de uma empresa.
Tomar empréstimos é comum, mas isso somente deve ser feito dentro do que foi
planejado, e o pagamento do empréstimo deve ser uma prioridade para o
empreendedor. A falta de controle da dívida é uma causa recorrente do
fechamento de empresas. Especialmente no Brasil, com os altos juros que temos,
a importância de fugir das dívidas é redobrada.
Isto apenas reforça a necessidade do empreendedor conhecer o básico de
finanças empresariais. Usando conceitos tradicionais e um pouco de
criatividade, pode-se achar soluções de financiamento para a empresa que sejam
menos agressivas do que as dívidas, que costumam se tornar verdadeiras bolas de
neve.