Muitos gerentes, coordenadores e analistas de treinamento se deparam com uma
questão crucial no último trimestre do ano: eventos de fechamento, convenções e
reuniões de ciclos programados. Decidir quem será o porta-voz da empresa num
momento de reta final é, muitas vezes, uma “pedra no sapato” de quem precisa
fazer essa escolha.
A seleção dos palestrantes ocorre, comumente, por meio de indicação de
conhecidos, por outros profissionais da área ou através de buscas realizadas via
Internet. No entanto, como são muitas opções, escolher “aquele” que dará o tom
ao evento/treinamento, torna-se desafiador. Pensando nisso, algumas
recomendações são importantes, enfatizando aspectos que devem ser observados na
hora de decidir por esse tipo de profissional:
- Conteúdo: há uma grande discussão em torno do conteúdo das
palestras. Afinal, como, em tão pouco tempo – palestras costumam durar no máximo
2 horas –, é possível transmitir o teor da mensagem? Sempre há conteúdo, o que
acontece é que, muitas vezes, a forma de transmiti-lo torna-o muito implícito ou
de difícil absorção. É importante saber o nível de conhecimento que o
palestrante possui sobre o assunto abordado.
- Tema: o tema da palestra deve ser definido levando em conta o
público, o objetivo e a necessidade da organização. Podem ser assuntos
específicos ou genéricos, o importante é que estejam alinhados à finalidade da
apresentação, para que o público consiga absorver o “recado”.
- Público: para quem essa palestra será ministrada? Qual o nível de
conhecimento do público acerca do tema? São pessoas que já assistiram a muitas
palestras ao longo da carreira ou que têm poucas oportunidades, como esta? São
pessoas “abertas” ou “fechadas”, gostam ou não de brincadeiras e interação?
Pontos como esses precisam ser considerados na hora de decidir, pois o
palestrante tem que estar em sintonia com a platéia.
- Forma: comenta-se no mercado corporativo que muito mais importante
do que o conteúdo de uma palestra é a forma como ele é transmitido. Isso é muito
relativo, pois voltamos à questão do objetivo. Quantas vezes ouvimos pessoas
comentarem que a palestra foi “show”, mas que não ficou “nada” da mesma? Isso
acontece exatamente porque seu objetivo não ficou claro. Contrataram um
showman, quando o necessário era alguém mais didático. Contudo,
independentemente do palestrante e do tema, é importante que a apresentação seja
prazerosa e não enfadonha.
- Estilo: conhecer o estilo do palestrante é imprescindível. Ele é
formal, “escrachado”, durão? Isso precisa estar alinhado ao público e ao
objetivo. Quanto aos slides, alguns palestrantes ainda são contra a
utilização desse recurso e se vangloriam dizendo que ganham a platéias no
“gogó”. Na platéia, há um misto entre pessoas auditivas, visuais e sinestésicas,
por isso, quanto mais estímulos os espectadores tiverem, melhor será absorção da
mensagem. Por outro lado, existem aqueles palestrantes que abusam do recurso e
restringem-se a fazer pequenos comentários sobre o que é projetado. Procure
alguém que consiga equilibrar o que é dito, com tom e velocidade, além do
gestual, é claro!
- Experiência: que experiência tem o palestrante sobre tema? Alguém
fala com propriedade, por já ter vivido situações como as do público ou alguém
que estudou muito o assunto? O que ele vai fazer com sua experiência durante a
palestra: relatá-la, contar sua história de vida ou de sucesso, ou vai
utilizá-la como pano de fundo para ilustrar o tema escolhido?
- Customização: normalmente, no momento de contratar, opta-se por uma
palestra já disponível. Essa pode ser uma solução, mas são muitos os casos em
que há frustração exatamente por essa compra - da “palestra de prateleira”, como
muitos costumam chamar. É importante que a expectativa sobre o nível de
customização esteja clara entre contratado e contratante. Se isso for importante
para sua empresa, procure alguém que esteja disposto a customizar sua palestra
para a realidade de sua organização.
- Celebridade?: na hora de contratar artistas e celebridades, alguns
cuidados são essenciais, principalmente porque essa é uma palestra em que, muito
provavelmente, será contada sua história de vida. Para mostrar ao público que a
organização “se importa” com seus colaboradores, muitos acabam optando por esse
tipo de apresentação. Alguns ainda usam a desculpa do “ah, se não gostarem pelo
menos foi o Fulano de Tal, que aparece todos os dias na TV, quem ministrou”,
como se essa fosse uma tática de minimização de riscos. Não se engane!
- Referências: a maioria das contratações vêm por indicação. É
importante, no momento em que receber uma sugestão de um palestrante, alinhar
qual foi contexto e o objetivo de quem o está indicando, afinal, nem sempre o
que foi bom para uma empresa é garantia de sucesso para outra. Outra forma de
conhecer melhor o profissional é colocar seu nome no Google: lá será possível
acessar web site, clippings de jornais, revistas e obter informações que vão
além daquelas que foram selecionadas para seu site. Orkut, Via6 e outros sites
de relacionamento também são, normalmente, boas referências, pois lá são
deixados depoimentos espontâneos das pessoas sobre seu trabalho.
Esteja seguro na hora de contratar esse profissional, pois ele será o
porta-voz da organização no evento de final de ano. Observe outros pontos como,
por exemplo, autenticidade, histórico de comprometimento e pontualidade, senso
de humor e talento. O sucesso de uma palestra depende não só de quem fala, mas
também de quem a contrata. Por isso, contrate com sabedoria e cerque-se de todos
os detalhes.