Por que acreditamos que com mais dinheiro podemos comprar mais felicidade?
Olhe a sua volta e veja quantas pessoas estão satisfeitas com a condição
financeira e quais não gostariam de melhorar, mesmo tendo tudo o que precisam
para sobreviver.
A resposta para esta pergunta está na pesquisa Does More Money Buy You More
Hapiness?, realizada por Manel Baucells, do IESE Business School, e
Rakesh K. Sarin, da UCLA Anderson School of Management, que conclui que a
adaptação e a comparação social impedem que muitas pessoas se sintam bem, mesmo
com sucesso financeiro.
Adaptação da condição social
De acordo com Baucells, autor da pesquisa, assim que uma pessoa atinge um nível
financeiro, adapta-se a ele e o considera como seu estilo de vida, acabando por
almejar um estilo cada vez mais alto.
Para ilustrar esta situação, ele conta a história de uma mulher que conduz um
carro utilitário no período da universidade e que compra um carro de luxo quando
consegue o primeiro emprego.
"Porém, logo se adapta ao novo carro e o assimila como parte de seu estilo de
vida. Este processo se chama adaptação: as pessoas se esquecem de que acabarão
se adaptando a um nível mais alto à medida que vão aumentando suas conquistas.
Quanto mais têm, mais querem", explica o pesquisador.
Comparação com vizinhos
Uma outra grande força, que faz com que nos sintamos eternos insatisfeitos
financeiramente, segundo Baucells, é a comparação social, que nos empurra a
comparar nossas condições com as de nossos vizinhos mais ricos.
Em vez de tomarmos como base de comparação a maioria da sociedade, a qual vive
com um carro econômico, por exemplo, nos analisamos de acordo com as pessoas que
possuem carros de luxo, o que nos faz querer cada vez mais.
Ainda segundo o pesquisador, os atletas olímpicos sofrem deste mal da
comparação. "É comprovado que o atleta que ganha a medalha de bronze é mais
feliz do que aquele que ganha a de prata, porque o primeiro se compara com
aqueles que não ganharam nada, enquanto o segundo sofre por não haver levado a
de ouro", disse Baucells.
Resultado das duas forças: completa insatisfação
O pesquisador explica que, quando estas duas forças se encontram, a pessoa passa
por uma profunda insatisfação pessoal. Dentre todos os países do mundo, o índice
de felicidade tem permanecido intacto, enquanto a renda aumentou, o que mostra
que dinheiro e felicidade não estão diretamente ligados.
No entanto, o estudo comprova que, para que as pessoas sejam felizes tendo
dinheiro, elas têm de saber realizar as decisões de consumo de maneira correta.
A adaptação faz com que as pessoas gastem mais do que podem em bens não
essenciais, o que faz com que os consumidores sejam menos felizes do que pensam.