Quando eu era criança adorava ler as histórias e ver os filmes onde tinha o
famoso personagem que encantava as serpentes. Pensava como era possível ele
fazer aquilo sem se machucar, sem que a serpente não avançasse sobre o homem.
Mais tarde entendi que o que aquele homem fazia era baseado em técnicas
aprimoradas através de muito treinamento. Certamente ele deve ter sido picado
algumas vezes, mas aprendeu a dominar a serpente e utilizar este domínio a seu
favor.
Transportando esta antiga lembrança para os dias atuais e, mais precisamente,
para o mundo corporativo, faço um paralelo com o líder e sua equipe. Quantos
profissionais conhecemos que detêm este poder sobre seus liderados? Aqueles a
quem chamamos verdadeiramente de líderes?
Na história da humanidade sabemos de diversas pessoas que conseguiram atuar
como encantadores de serpentes, ou melhor, de pessoas. É comum citarmos Moisés,
Gandhi, Jesus Cristo, Getúlio Vargas, Silvio Santos, Napoleão e o Papa João
Paulo II como alguns dos expoentes na capacidade de atrair pessoas e mantê-las
sobre seu “domínio”.
O fato é que estas personalidades, assim como outras pessoas menos famosas,
como um professor, um pastor, um parente, um gerente, desenvolveram uma
fantástica habilidade de cativar as pessoas a sua volta. Esta capacidade, que é
um fator que pode ser aprimorado através de técnicas específicas, é conhecida
como “carisma”. Há pessoas que irão pensar: como é possível desenvolver o
carisma? Não é algo inato? Alguns têm e outros!
É certo que algumas pessoas nascem com maior predisposição para certas coisas
do que outras. A questão é que todos somos capazes de aprimorar o nosso
comportamento através do conhecimento de si mesmo, técnicas específicas e
vontade para mudar e estabelecer critérios e objetivos. Enfim, somos capazes de
aprimorar nossa capacidade de sermos carismáticos.
Afinal, o que é carisma? Segundo algumas definições de dicionários, carisma é
uma qualidade marcante de um indivíduo que o distingue dos demais. Ainda:
atribuição a outrem de qualidades especiais de liderança, derivadas de sanção
divina, mágica, diabólica, ou apenas de individualidade excepcional. Ainda há
pessoas que acreditam que carisma é apenas um dom divino, posição reforçada pela
origem da palavra, que em grego significa “graça” ou “dom”.
Existem estudos recentes onde até são definidos alguns tipos de carisma. A
americana Doe Lang é uma destas pesquisadoras que afirma existirem dez tipos de
personalidades carismáticas. Entre elas destaco o carisma magnético, que é
atribuído a pessoas que estão, geralmente, no meio artístico e cultural. Mas,
também, encontramos aqueles que sem fazerem parte das celebridades conseguem
realizar seus feitos através das pessoas. É aqui que eu classifico o “líder
encantador de pessoas”.
Através de algumas ações é possível desenvolver e aprimorar o carisma do
líder no ambiente de trabalho. A primeira delas é ter um profundo conhecimento
das próprias emoções. Perceber a si mesmo e como os sentimentos de
“alegria-satisfação-felicidade” e “raiva-frustração-medo” influenciam suas
atitudes. Sabendo utilizar o poder das emoções é possível gerar um ambiente
favorável para o melhor desempenho das pessoas. Faça uma lista de situações onde
estes sentimentos aparecem com mais freqüência. Procure perceber o que
verdadeiramente leva a sentir estas emoções e, quando não souber como agir
sozinho, procure a orientação de um profissional especializado em coaching ou
psicologia.
E tem mais... o líder carismático não é aquele que sempre “agrada” as
pessoas, mas sim aquele que é justo. Agir com senso de justiça faz com que seus
funcionários reconheçam um verdadeiro líder. Para isso é preciso separar o
envolvimento e preferências pessoais com os resultados e metas estabelecidas
pela corporação.
É preciso garantir que sua imagem perante os demais também seja positiva.
Alcançamos uma imagem positiva através de duas ações simples: apresentação
pessoal e comunicação. Não é preciso vestir-se como um galã, muito menos com
roupas e acessórios de grife. O importante é manter um padrão de imagem, aquele
que caracteriza sua personalidade. Quando o assunto é comunicação vale lembrar
que o mais importante é a maneira que falamos as coisas. Mais do que o conteúdo
a ser comunicado, a forma, o jeito, a maneira de expressar idéias e sentimentos
é fundamental para criar empatia e simpatia nas pessoas. Aqueles que aprimoram
seu poder de oratória, sem dúvida, criam uma espécie de carisma típico dos
grandes apresentadores e celebridades. Uma fala confiante, positiva e
inspiradora pode ser desenvolvida através de treinamento e observando pessoas
que você admira.
Claro que este é um assunto para muito mais linhas, mas meu objetivo é trazer
uma reflexão sobre o que torna alguns profissionais verdadeiros encantadores de
pessoas nas organizações. O caminho está aberto para você trilhar estas idéias e
encontrar sua própria direção. Boa jornada!