No meu trabalho como coach de executivos, ainda tenho me surpreendido 
bastante com a inabilidade de profissionais do mais alto nível em usar seu 
networking (rede de contatos). No caso de executivos em busca de recolocação, 
isso é ainda mais flagrante. Tenho exemplos de executivos do mais alto nível nas 
organizações que não têm a menor idéia de como fazer isso. Trocam os pés pelas 
mãos. 
O erro mais primário é contatar as pessoas sem saber o que você quer. Outro 
engano comum é selecionar entre os contatos apenas aqueles que estão na área 
desejada ou conhecem alguém nessa área. Deixa-se de lado o restante da rede. E 
por fim, e não menos grave, é ligar para as pessoas conhecidas e pedir emprego 
diretamente, especialmente se você está desempregado. 
Como fazer então? 
Bom, o primeiro passo a ser dado, antes de iniciar os contatos, é definir 
claramente seus objetivos. Você precisa ter muito claro o que deseja fazer. Não 
importa tanto o fato de que isso nem sempre é possível. Não se pode em hipótese 
alguma dar a tradicional resposta à pergunta “o que você quer fazer?”: “preciso 
trabalhar”. Essa é a pior resposta possível, pois indica grandes dúvidas e não 
ajuda seu amigo a ajudar você. Ninguém vai poder te ajudar a buscar qualquer 
emprego em qualquer lugar. Então, acima de tudo, defina seu objetivo. Saiba o 
que você quer e o que você não quer e tenha essas respostas na ponta da língua.
O segundo passo é organizar sua rede. Organize um banco de dados completo com 
todos os seus amigos e conhecidos. Pegue todos os cartões de visita que você 
recebeu e adicione os dados. Classifique então seus contatos por nível de 
intimidade. Três faixas de classificação são mais do que o suficiente. Por 
exemplo, classifique como “A” seus contatos diretos, aqueles com quem você tem 
intimidade para ligar e combinar um almoço ou um happy hour. “B” serão aqueles 
com quem você tem menos intimidade e pode solicitar reuniões mais formais. “C” 
são aqueles a quem você não conhece bem ou não sabe se vão lembrar de você. 
O próximo passo é iniciar os contatos, começando por aqueles a quem você 
classificou como “A”. Não importa se você acha que esse ou aquele contato não 
tem como ajudá-lo, pois não tem nenhuma relação com a área que você deseja. 
Ligue para todos os seus “As”. Você nunca sabe exatamente quem cada um conhece. 
Marque um encontro pessoal com eles. É muito melhor do que falar por telefone. 
Só depois de se encontrar com todos os seus “As” é que você vai partir para os “Bs”. 
A não ser que você veja que algum dos seus “Bs” trabalha exatamente no lugar 
para onde você quer ir. Os seus “Cs” ficam na reserva final. 
Depois disso, vem o seguimento natural: os encontros. A regra número um para 
encontros e telefonemas é uma só: não peça emprego. Nos encontros, leve idéias, 
peça conselhos, informações e/ou indicações de outras pessoas com quem você 
possa conversar. Foque em conselhos e indicações. Todo mundo gosta de dar 
conselhos e você deve usar isso a seu favor. As indicações de outras pessoas 
farão com que o número de contatos possíveis seja infinito. 
Mais de 70% das recolocações provêm da correta utilização da rede de contatos. 
Experimente e veja os resultados. Aproveite também para manter sua rede viva 
quando você não precisa dela. Aí, com certeza, você não vai precisar.