Gasta Mais do que Ganha?
"Corte o seu casaco de acordo com a sua fazenda."
(Velho ditado inglês)
"A VIDA, sem um orçamento, é uma tragédia", declara Mike. "Sem o benefício
dum planejamento financeiro, toda pessoa e toda empresa pode logo descobrir que
está num caos", explica Claude.
'Mas não gosto da idéia de ficar restrito a um orçamento', talvez diga. 'Não
gosto nem mesmo da palavra "orçamento"!' Bem, então chame isto de planejamento
financeiro, como Claude. Ou, chame-o de emprego do capital, como outros fazem.
Não importa que nome lhe dê, se for como a maioria das pessoas, precisará
'cortar o seu casaco de acordo com a sua fazenda', isto é, só gastar aquilo que
tem. Precisará dum orçamento.
As falências ou insolvências pessoais aumentam. Crescentes preços, inflação,
altas taxas de juros e outros fatores colocam sobre todos uma pressão quanto à
sua disponibilidade de recursos para cobrir todas as suas despesas.
Naturalmente, nos países menos desenvolvidos, um orçamento semanal ou mensal
poderia parecer um sonho. Para milhões de pessoas, o desafio é conseguir
sobreviver o dia a dia.
Seja qual for sua situação, é preciso controlar de algum modo os fundos
disponíveis para que haja uma distribuição apropriada deles para a alimentação,
vestimenta, habitação, aquecimento, cuidados médicos, transporte, educação e
diversão.
'Mas, por que preciso dum orçamento agora, quando estou-me dando bem sem um?'
talvez pergunte. Expresso de modo simples: É devido à redução contínua do valor
de compra de sua moeda local. E por que isto se dá?
A situação financeira do mundo não pressagia nada de bom para nós, cidadãos
comuns. Tremores financeiros ameaçam a economia de nações na África, na América
Central e do Sul, e na Europa Oriental, devido a centenas de bilhões de dólares
de dívidas.
Esta dívida mundial causa um efeito cerceador do crescimento econômico, não só
das nações que pediram os empréstimos, mas também dos países que emprestaram
tais somas. Visto que virtualmente todas as reservas financeiras de todo o mundo
estão afundadas profundamente em dívidas, o poder aquisitivo de nossa moeda
local está diminuindo. Não importa onde vivamos, ouve-se o clamor: 'Temos de
acostumar-nos a viver de nossas rendas, e não de nossas fantasias.' Um orçamento
pessoal pode ajudá-lo neste sentido.
Mike e Claude, conselheiros canadenses sobre investimentos, mostraram-se bons
financistas com o passar dos anos. Propõem fortemente que se tenha plena ciência
de para onde vai o nosso dinheiro.
Como Preparar um Orçamento
'Será que um orçamento me dará mais dinheiro?', desejará saber. "Não, mas o
ajudará a saber para onde o dinheiro anda escorrendo de entre seus dedos, e isso
o auxiliará a controlar e empregar melhor o que tem realmente para gastar",
responde Claude.
'Mas, se minha renda fosse apenas um pouquinho maior, poderia ir muito bem e não
precisaria dum orçamento', é o que alguns afirmam. Mas isto significa apenas
sonhar acordado. Mike observa: "As maiores empresas do mundo, com renda de
muitos bilhões de dólares, precisam dum orçamento." Ademais, uma pesquisa
Gallup, nos EUA, indicava que, não importa qual fosse a sua renda, as pessoas de
todas as diversas faixas de renda pensavam o mesmo - simplesmente precisavam de
apenas um pouquinho mais para fechar suas contas! Por quê? Porque a maioria das
pessoas gastam mais do que têm.
Considere-o do seguinte ângulo: Faria uma longa viagem de carro sem
planejamento? Começaria a costurar uma roupa sem saber se teria suficiente
tecido para terminá-la? Para terminar com êxito o que se começa é preciso certa
previsão e planejamento. Como Jesus Cristo afirmou há muito: "Quem de vós, ao
construir uma torre, não senta primeiro e calcula os gastos para ver se tem com
que terminar?" - Lucas 14:28, Bíblia Vozes.
Sente-se e Calcule
Sentar-se e elaborar um orçamento não precisa ser uma experiência desagradável.
Encare-o de forma positiva, como Mike: "Um plano de gastos." Claude fala disso
como "projeção de saída de dinheiro". Um orçamento é seu mapa de distribuição de
renda. Com ele, verifique: (1) para onde vão seus fundos adquiridos com muito
suor. (2) para onde não precisam ir, e (3) para onde uma parte, talvez, deveria
ir. Notará que tal manejo sensato de recursos não tira realmente o prazer da
vida. Pelo contrário, como se expressou Mike: "A família pode obter felicidade e
contentamento por não ter preocupações financeiras." Assim, não se considere um
sovina - encare a si mesmo como administrador dos fundos familiares!
Depois de sentar-se, por onde deve começar? Primeiro, liste sua renda mensal
média. (A maioria verificou que é mais fácil trabalhar com a base mensal.) Para
isto, some todos os vencimentos de todos os assalariados de sua família: os
salários, os juros, as devoluções do imposto de renda e outras fontes de
recursos. Subtraia quaisquer deduções feitas pelo pagamento adiantado de
impostos (ou impostos recolhidos na fonte) e outras de fins similares. Caso
tenha qualquer renda semanal, multiplique-a por quatro e um terço. Isso lhe
fornecerá um total mensal aproximado. Agora some tudo. Isso é o que pode gastar
cada mês - não mais!
Em seguida, some todas as contas a pagar: aluguel ou prestação habitacional, luz
e aquecimento, telefone, etc. Visto que a maioria destas contas devem ser pagas
todo mês, pode ver o valor de calcular sua renda numa base mensal. Lembre-se de
incluir itens tais como alimentos, bebidas, jornais, e outras coisas que precisa
comprar a dinheiro, cada semana. Então, será que somou tudo? Que dizer das
despesas médias com roupas? viagens e férias? diversão? consertos e manutenção
da casa? lavagem de roupa a seco? Estes são itens amiúde despercebidos.
Há certas contas que só são pagas anualmente, tais como certos impostos,
licenciamento e seguro do carro. Divida-os por 12 para ter uma média mensal. A
esta altura, qual é o total de suas despesas mensais?
O Valor Pessoal Disso
Chegou então no ponto em que pode comparar o total de sua renda mensal com o
total de despesas. O que observa? Se dispuser do suficiente para pagar suas
contas, ótimo. Mas, não abandone seu orçamento neste ponto! Por um lado, é sábio
não só reservar os fundos necessários para cobrir os custos mensais, mas também
poupar para o caso de despesas imprevistas que certamente surgirão no decorrer
do ano. As coisas se gastam ou se quebram. Precisa fazer sabiamente uma previsão
nesse sentido.
'OK. Mas, e se verificar que minha renda não cobre minhas despesas?' -
pergunta. Lembre-se, o objetivo do construtor da torre ao calcular o seu custo
era ver se tinha com que terminá-la'. Assim, um orçamento visa ajudá-lo a
verificar as coisas que pode ter ou não. Aprenda a contentar-se com o
necessário. A Bíblia nos ajuda a arrazoar desta forma, ao declarar: "Que é que
trouxemos para o mundo? Nada! E que é que levamos do mundo? Nada! Portanto, se
temos comida e roupa, fiquemos contentes com isso." (1 Timóteo 6:7, 8, A Bíblia
na Linguagem de Hoje) Na verdade, coisas tais como comida e roupa não podem ser
eliminadas, mas é bem provável que os custos da diversão, dos esportes e dos
luxos desnecessários possam ser reduzidos.
Mas, examine outras despesas. Quanto gasta com bebidas alcoólicas? Conforme
indicado no Canadian Book of Money (Livro Canadense do Dinheiro): "Uma hora à
noitinha para coquetéis pode estar-lhe custando 500 dólares [canadenses] por
ano". Outros observam seus cheques de pagamento evaporar-se no ar. Certa pessoa,
que fuma dois maços por dia, pode gastar uns 400 dólares por ano, ou mais, com
cigarros. Alguns contraíram o costume de comer num restaurante uma vez por
semana, mas isso pode representar para algumas famílias considerável parcela dum
salário semanal. Essa mesma carne ou frutos do mar poderiam ser comprados por
muito menos e saboreados em casa - com poupança adicional de gasolina, de
gorjetas e de estacionamento. Poderia empregar outros 2.500 dólares ou mais por
ano? É isso o que poderia economizar apenas nestes pontos. É óbvio que há outros
modos de se reduzir as despesas. Alguns deles são indicados na tabela
acompanhante.
Bem, o que fazer com os números ajuntados? Há vários métodos úteis de se
empregar o dinheiro. O que utilizará depende de suas circunstâncias e do que
julgar prático.
Alguns Métodos Práticos
Método dos envelopes de dinheiro: Neste sistema simples, marcam-se
envelopes para cada setor em que haverá dispêndio: "Aluguel", "Alimentos",
"Gasolina", "Aquecimento", etc. Se usar dinheiro vivo, colocará a quantia
necessária para cobrir tal despesa no envelope respectivo. Assim, se algumas
rendas forem semanais, mas o pagamento for mensal, ou até mesmo anual, colocará
a soma necessária até aquela semana, de modo a dispor da quantia exigida quando
chegar a hora de fazer o pagamento. Assim, no hemisfério setentrional, em julho,
a pessoa estaria reservando os fundos para as contas com aquecimento de casa que
terá no inverno seguinte. Isso certamente retira grande parte da ansiedade
envolvida no pagamento de contas. E, lembre-se disto: Resista à tentação de
"pedir emprestado" daquele envelope!
Método de cheques: Essencialmente, este é o mesmo que o método dos
envelopes, exceto que deposita sua renda familiar num banco, de modo que o banco
se torne os seus "envelopes", e emitirá os cheques quando tiver de pagar as
contas, da mesma forma que tiraria o dinheiro dos envelopes. Os benefícios
adicionais do sistema de cheques são: (a) Poderá obter juros do seu dinheiro
enquanto estiver no banco [na maioria dos países; no Brasil, isso seria numa
"Caderneta de Poupança" ou outra aplicação financeira], que também poderá
ajudá-lo a resguardar-se em parte das perdas causadas pela inflação, (b) é mais
seguro do que manter grandes somas de dinheiro em casa, e (c) haverá menos
tentação de "pedir emprestado" da conta para outras utilizações que não as
propostas.
Por que não fazer do orçamento um assunto de interesse familiar? Quando se senta
para calcular o custo, seria educativo para os filhos aprender mais sobre o
valor do dinheiro e ver quanto está envolvido na criação deles. Isso ajudará a
torná-los mais cônscios de desligarem as luzes, zelarem por suas roupas, não
desperdiçarem alimentos - necessidades um tanto comuns na maioria das famílias,
nestes dias.
Acima de tudo, não fique desanimado se seu primeiro orçamento não funcionar bem,
ou logo ficar desatualizado. Os orçamentos, como programações de qualquer tipo,
precisam de atualização e de ajustes, ao mudarem as circunstâncias. Faça os
ajustes necessários. Com experiência, as coisas melhorarão. Poderá tirar
benefício de considerar a tabela na página ao lado.
Conforme bem resume o livro Money Management (Como Manejar Seu Capital): "Fazer
com que as contas batam não envolve ganhar mais ou gastar menos; trata-se
simplesmente duma questão de igualar de antemão as receitas e as despesas, de
forma que a vida possa ser mais agradável." Sim, é uma questão de 'cortar o
casaco de acordo com a fazenda' disponível.
"Corte o seu casaco de acordo com a sua fazenda." Isto é, o tamanho e o
estilo do casaco devem ser determinados pela quantidade de tecido disponível.
Assim, viva de acordo com seus meios.
VERIFIQUE ESTES SETORES DE REDUÇÃO DE CUSTOS
Pode ser que algumas das sugestões abaixo não se apliquem ao local em que vive.
Estamos seguros, porém, de que muitas se aplicam. Sugerimos que os leitores
examinem como podem reduzir os custos por usarem o que for que se aplique a eles
na tabela e por aplicarem princípios similares em setores não abrangidos aqui.
CASA
Banheiro:
- Toma banho de chuveiro, em vez de banhos de banheira?
- Limita o tempo que fica no chuveiro?
Mobília:
Em vez de mobília nova - Verifica o preço da reforma do estofamento e do
acabamento?
COMPRAS/ALIMENTOS
Roupas e sapatos:
- Espera liquidações?
- Sabe fazer consertos, ajustes, mudanças de forro, zípers?
- Verifica se pode comprar coisas de particulares, ou de segunda mão, no que se
refere a itens domésticos e brinquedos?
- Que dizer dos leilões locais que oferecem itens para a casa?
Mercearia e artigos diversos:
- Compra alimentos frescos da época, e faz conservas e congelamento de itens?
- Poderia planejar mais refeições de 1 só prato principal, empregando alimentos
em oferta?
- Compra em quantidade, com desconto?
- Compara os preços de uma loja para outra?
- É mais econômico fazer seu próprio pão e massas e pastéis?
- Poderia cultivar seus próprios alimentos (em seu quintal, em terrenos
arrendados, em áreas concedidas ou em outras)?
- Freia a tendência de comer demais ou de comprar comida de luxo?
TRANSPORTE
- Será o transporte público mais barato que os custos da gasolina, dos
consertos, do licenciamento e do seguro dum carro?
- É a boa manutenção de seu carro atual menos cara do que um carro novo?
- Planeja combinar as saídas, visitas aos doentes, apanhar os filhos, etc., para
fazer menos viagens?
- Compra óleo, líquido anticongelante e lavador de pára-brisas em embalagens
econômicas, acrescendo o leitor mesmo as quantidades necessárias?
- Mantém a pressão dos pneus no melhor nível, o que lhe permite obter a melhor
quilometragem?
- Evita deixar o motor ligado à toa, partidas e freadas freqüentes, e utilização
excessiva na cidade?
- Anda quando possível, ou sai de bicicleta para tratar de assuntos na
vizinhança?
- Limita a duração do aquecimento do motor do carro no inverno?
- Utiliza serviços bancários para o pagamento regular de contas, poupando assim
viagens ou selos desnecessários?
UTILIDADES DOMÉSTICAS
Aparelho de ar condicionado:
- É realmente necessário no seu clima?
- Seriam mais econômicos os ventiladores de teto?
- É usado só quando é realmente necessário?
- Provoca desperdício por fazer com que a temperatura fique mais fria no verão
do que no inverno?
Lavadora de Pratos/Lavadora de Roupas:
- É usada só na capacidade recomendada?
- São as roupas colocadas para secar no sol, em vez de usar a secadora?
- Mede a quantidade de detergente?
Sistema de aquecimento:
- Mantém a temperatura baixa?
- Reduz os termostatos de noite?
- No inverno, fecha as cortinas do lado sombreado da casa: abrindo as cortinas
do lado ensolarado? (O inverso no verão?)
Luzes:
- São desligadas quando não se precisa delas?
- Seria possível usar lâmpadas de menor wattagem? Ou usar menos lâmpadas?
Fogão ou forno:
- Planeja seus cardápios de modo a preparar várias refeições ao mesmo tempo,
obtendo assim o máximo do forno ou dos queimadores do fogão?
- Estoca seguramente as sobras, para usá-las de novo como prato, ou como parte
de outra refeição?
Telefones:
- Usa-os só para chamadas essenciais e limita o tempo das chamadas?
- Faz as necessárias chamadas interurbanas nas horas de desconto?
Televisão:
- Desligada quando ninguém vê?
- Vê só programas selecionados?
Aparelhos:
- Não deixa ligados desnecessariamente, rádios ou ventiladores?
- Faz a maioria dos consertos domésticos?
- Mantém o aquecedor de água na temperatura mais baixa que é segura? É desligado
manualmente ou por um relógio?
POR ÚLTIMO, PORÉM NÃO MENOS IMPORTANTE
- Questiona criteriosamente a necessidade de novas compras ou "ofertas" de que
não necessita?