O que significa ter ou não ter liquidez?
É simples. Imagine que você comprou um carro série especial fabricado apenas em
2004, com uma motorização exclusiva daquele ano (sim, porque em 2005 ele recebeu
um motor mais moderno) e, ainda por cima, amarelo. Sem dúvida um carrão e você o
ama. Mas eis que surge uma emergência e você agora precisa do dinheiro. Não
tendo nenhuma reserva financeira, você decide vender o carro. Entra em cena a
tal liquidez.
Gostei de contar história, vou continuar. Seu colega comprou um carro
semelhante, porém já ano 2005, motorização padrão e na cor prata. Ele precisou
vender o carro para dar entrada na casa própria. Note que ele já está morando
nessa casa e você ainda não conseguiu vender seu carro. E como você precisava
muito do dinheiro, acabou se endividando junto ao cheque especial e agora passa
por um momento desesperador. A emergência passou, mas ficaram-se as contas e os
carnês. Ah, e o carro.
Mas o carro é tão lindo…
Posso imaginar. Independente de sua beleza, ele tem liquidez baixa. Concorda?
Como vimos, ele não pôde ser transformado rapidamente em dinheiro. Viu como é
fácil? Seu investimento só tem boa liquidez quando ele pode ser rapidamente
resgatado. Se ele “empaca” em sua mão, sua liquidez é baixa. Aqui cabe uma
pequena observação: liquidez baixa não significa que o investimento é ruim. Ele
apenas carece de velocidade e no médio e longo prazos essas aplicações podem ser
interessantes.
A liquidez está entendida! E a reserva? Onde ela deve estar guardada?
A ordem é usar o bom senso e um pouco de informação. As reservas devem existir
sempre e, para evitar que seu próprio patrimônio lhe aplique uma peça, devem ser
mantidas em investimentos ou aplicações de boa liquidez. Quanto guardar vai
depender de seu padrão de vida e gastos correntes. Como exemplo, imóveis não são
considerados como portadores de boa liquidez. Já a caderneta de poupança seria o
extremo oposto, com ótima liquidez. Fundos oferecem boa liquidez, mas é preciso
estar atento às regras de adesão.
E ações?
Perguntar se ações possuem boa liquidez é algo vago demais. Como acontece com o
carro, existem ações com melhor liquidez e ações com pior liquidez. Traduzindo,
observe que existem ações que muita gente quer comprar (e compra) e ações pouco
procuradas. Neste terreno é preciso saber o que está fazendo para não micar na
hora de vender seu ativo. A prática mais adequada é manter sempre parte de seu
dinheiro em um investimento de baixo risco que, normalmente, possuem boa
liquidez.
Ezequiel, está por aqui ainda?
Seu caso é interessante. Sem conhecer que tipo de ações você administra em sua
carteira, fica difícil garantir qual seu nível de liquidez. Já no caso dos
títulos públicos, existem sempre leilões por parte do governo para recompra dos
papéis, o que garante melhor liquidez. Ainda assim, você precisa reservar parte
do que tem para uma eventual emergência. Espero que reconsidere sua opinião
sobre não precisar de reserva nenhuma, a menos que ela já esteja contabilizada
nestes seus atuais investimentos.
Por fim, sugiro uma simples reflexão: caso precise de metade deste
dinheiro hoje aplicado, conseguiria facilmente obtê-lo através da liquidação de
parte de seus investimentos? Se não, procure tratar melhor a Sra.
Liquidez. Certamente ela será sua melhor amiga quando, e se, você precisar. Que
tal discutir a relação?