Os dias parecem se arrastar, o ânimo para sair e passear se foi e a saudade
do dia do pagamento bate cada vez mais forte. O final do mês, período bastante
desagradável para muitas famílias, é capaz de transformar a convivência familiar
em um suplício. Será que falta educação financeira? “Ganho mal”, “O
preço de tudo está sempre subindo” e “Este mês gastamos mais que o
usual” são alguns dos comentários ouvidos nesses momentos.
Engraçado! Raramente ouço algo do tipo “Nos faltam objetivos de vida, por
isso não temos motivação para poupar e investir. Acabamos gastando tudo porque
não há nada mais interessante e que seja capaz de nos fazer mudar idéia”.
Soa sincero demais? Pois essa é a tradução para qualquer desculpa que ouvimos
quando encontramos amigos ou familiares endividados e(ou) em situações
financeiras desconfortáveis.
Um paradoxo interessante mostra-se diante desta questão: não raro, nos
questionarmos sobre o destino de nosso dinheiro, mas poucas vezes nos colocamos
diante da situação como os verdadeiros culpados. É como saber que a piscina dá
pé e ainda assim insistir em nadar desesperadamente, correndo o risco de se
afogar. Desafios e experiências à parte, afoga-se assim quem não tem razões para
esticar as pernas e levantar a cabeça. Quando falta objetivo, sobram razões para
justificar sua ausência. E a vida vai passando…
Se sabemos, por que ignoramos?
Se coubesse a mim definir o significado da palavra escolha, eu optaria por essa
pequena frase: o único momento em que, ao mesmo tempo, aproveitamos e
desperdiçamos duas ou mais oportunidades. Diante de grandes decisões, e quando
objetivos verdadeiros estão em jogo, devemos escolher, optar e assim viver as
conseqüências do caminho escolhido. Passamos por muita coisa quando queremos
conquistar algo. Arriscamos, é verdade, mas com disciplina.
or que não reagimos de forma semelhante diante da situação financeira de
nossas vidas? Por vezes ficamos paralisados, inertes, na esperança de que um
aumento ou uma ação externa possam fazer fluir melhor o dinheiro que entra no
final do mês. Sem objetivos, o dinheiro percorre um caminho automático, quase
sempre previsível, mas muitas vezes incoerente com a dura realidade. Deixamos de
lado a força de vontade, por não saber onde aplicá-la. O dinheiro acaba, a
angústia se agrava.
Um objetivo. Um de cada vez.
Tudo se resolve com um objetivo. Um de cada vez. Experimente fazer uma
radiografia detalhada de sua vida financeira e faça o seguinte exercício:
1) Imagine, ao lado de toda a família, um objetivo
importante que gostaria de atingir. A casa dos sonhos, o carro novo, a viagem ao
exterior, a câmera digital, o computador, não importa. Por que você merece isso?
Por que quer tanto chegar lá? Vislumbre o que quer e anote sua missão (e todos
os seus detalhes) no meio de uma folha de papel.
2) Logo abaixo de seu objetivo, descreva como será possível
chegar lá. Quitando suas dívidas, organizando melhor o orçamento, vendendo o
carro, diminuindo despesas fixas e variáveis, viajando menos e trabalhando um
pouco mais são alguns exemplos. Use a imaginação, mas seja realista. Você não
quer continuar se enganando, certo?
3) Acima do objetivo traçado, resuma sua proximidade em
relação ao “gol”. Por exemplo, escreva “LONGE” se você ainda tem que fazer muita
coisa até conseguir atingir sua meta. “QUASE LÁ”, se suas ações já facilitaram o
caminho e assim por diante. Use a criatividade.
4) Agora compartilhe esse documento com as pessoas que ama e
trate de revisá-lo todo dia, semana ou mês. Leve-o com você e trate de
incorporá-lo. Ler este material vai levá-lo à uma profunda reflexão, com uma
lição muito simples: você é responsável por sua vida. Não é ótimo?
Se você não quiser fazer nada disso, tudo bem! Continuar sem objetivos apenas
fará de você uma pessoa cada vez mais enrolada financeiramente, muito embora
essa verdade possa permanecer encoberta durante muito tempo. Assumi-la exige uma
coragem que você ainda não desenvolveu. Ainda que a falta de dinheiro não seja
seu maior problema, sugiro que desligue o piloto automático e comece a
investigar os caminhos tomados pelo seu soldo mensal.Dinheiro não combina com
subjetividade, achismo ou esperança. Todo o esforço deve estar concentrado no
emprego inteligente do que você ganha. Dinheiro combina com planejamento,
disciplina e esforço. Depois que você vivenciar o enorme prazer de conquistar um
objetivo, vai finalmente compreender porque custa ler um livro até o final ou
fazer as tarefas da aula de inglês. Será que não falta associá-los a um objetivo
maior?