O interessante sobre dinheiro é que, de um jeito ou de outro, mais hora,
menos hora, ele é razão de reflexão. Alguns pensam sobre o que fazer com o
dinheiro poupado ou arduamente economizado. Outros param para avaliar a situação
só quando a grana já não é suficiente para dar asas aos seus desejos mais
loucos. Entre estes dois perfis existem muitas variáveis e inúmeras atitudes
essencialmente previsíveis.
Interessante porque assumimos diferentes personalidades diante do dinheiro.
Embora nem sempre tenhamos a coragem de admitir, muitas atitudes são divergentes
do considerado racional. Se temos mais do que o usual, tendemos a agir de forma
diferente. Se falta, pensamos de outra forma. Interessante, porque tudo depende.
Perfis e personalidades
Deste universo de reações surge a necessidade de criarmos alguns modelos, cujos
objetivos são: 1) facilitar a identificação por parte do leitor; e 2)
alertá-lo para a necessidade de mudança. Mas não se trata de engessar o
comportamento ou tentar limitá-lo através de simples definições. O objetivo é
pautar a discussão e permitir auto-reflexão. Com este objetivo, peço licença
para deixar minhas impressões sobre certos “tipos”:
O pão-duro
Esqueça o sentido pejorativo ou a piada. Gosto de usar esse nome porque ele é
rapidamente assimilado e interpretado. A verdade é que eu adoro os pão-duro,
pessoas inteligentes e com excelente capacidade de planejamento. Com ótimo bom
senso, o pão-duro é capaz de manter-se dentro de seu plano mesmo em tempos de
crise ou de euforia extrema.
São ótimos em economizar e planejar, mas não costumam ser bons em investir e
arriscar. São conservadores demais. Evitam alternativas de investimento que
exigem conhecimento mais aprofundado, optando pelas aplicações tradicionais
cujos conceitos foram passados por seus pais e(ou) familiares. Investem bem para
o curto prazo, mas não aproveitam o tempo para buscar retornos mais
interessantes para o futuro mais distante.
O esbanjador
O oposto do pão-duro. Figura comum especialmente entre os mais jovens e nos
meios onde o fluxo de caixa mensal é vultoso. Sempre existem figuras assim onde
paga-se muito bem. Mas não pense que trata-se do esbanjador que gosta de se
mostrar em busca apenas de aprovação social. Em essência, ele gosta de viver
muito bem, mesmo que isso signifique não poupar nada e não pensar no futuro.
São ótimos em investir e arriscar, mas não o fazem com disciplina e
planejamento. Arriscam-se na bolsa, mas não para colher os frutos também no
longo prazo. São investidores por natureza. Investem em si, em sociedades e
formação de empresas, projetos mirabolantes, mesmo que nenhuma análise de riscos
tenha sido conduzida. Ah, sim, muitos atingem sucesso nesta ciranda, mas
comumente voltam ao ponto de onde começaram.
O empreendedor
Prevalece o equilíbrio, a capacidade de agir conforme a situação. Soa como um
clichê, é verdade, mas o empreendedor reúne as principais qualidades do pão-duro
e do esbanjador, sabendo usá-las com mais parcimônia e inteligência. O
empreendedor valoriza o poder do dinheiro, mas também usa o tempo e as variáveis
econômicas para tomar decisões.
Portanto, economizar, planejar, investir e arriscar são atividades presentes
na vida de um empreendedor. Conhece alguém com este perfil? Quanto ele é capaz
de conquistar e construir? Claro, empreendedores também têm defeitos, mas sua
atitude diante deles é diferente. Eles preferem investir esforços naquilo que
fazem bem e procuram especialistas para preencher eventuais lacunas de sua
formação. Funciona.
Tratar das diferenças entre cada um dos exemplos aqui citados é apenas uma
maneira de encorajar as pessoas. O objetivo é fazê-lo rever seus conceitos e
atitudes diante das finanças. Identificar-se com um dos grupos significa
reconhecer que você é um ser humano como outro qualquer, mas agir diante das
conclusões que a reflexão pode trazer é o que realmente importa.
As poucas palavras do texto não podem ser tomadas como guia. Use-as como
pontapé inicial para algumas perguntas e respostas que transcendem as
habilidades deste cidadão que aqui escreve: como é possível lidar melhor com seu
dinheiro, hoje e sempre? Suas atitudes financeiras diárias tornam as decisões de
economizar, planejar, investir e arriscar mais conscientes? Que valor tem a
educação financeira no querido lar de sua família?
Exercite as respostas, compartilhe as perguntas. Não dependa apenas de
livros, blogs e artigos de especialistas para ter melhores atitudes em relação
ao seu dinheiro. Você é o responsável. Pausa para reflexão. Viu como muita coisa
pode ser melhorada? Pronto, hora de agir!