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Carreira / Emprego - O desligamento nem sempre é negativo  

Data: 19/11/2008

 
 
Na maioria dos casos de demissão, seja por iniciativa do funcionário ou não, as empresas preocupam-se geralmente com a tramitação das documentações legais para que não existam problemas futuros junto à Justiça do Trabalho. No entanto, há organizações que vêem o momento de desligamento do funcionário como uma oportunidade para identificar os acertos e os erros que podem comprometer o bom andamento de uma gestão.

É nesse momento que o profissional de Recursos Humanos utiliza a chamada Entrevista de Desligamento – uma ferramenta que bem utilizada permite que a área de RH, através de uma conversa aberta com o ex-funcionário, descubra a imagem que aquele profissional levará da organização, sem deixar de mencionar que essa se torna uma ótima oportunidade para descobrir os fatores que geram o absenteísmo e o turnover.

Enquanto algumas empresas ficam na dúvida se esse recurso, de fato, oferece resultados que façam a diferença, existem empresas que já utilizam essa ferramenta há um bom tempo. Esse é o caso da Todeschini S/A, que adotou a Entrevista de Desligamento desde 2001. De acordo com Márcia Ferrari, psicóloga organizacional da Todeschini, a empresa adotou essa prática porque ela permite colher o máximo de impressões que o ex-funcionário leva da companhia. Dentre esses, ela destaca: o motivo do desligamento, os problemas percebidos no dia-a-dia, sentimentos, sugestões para a melhoria da gestão, entre outros temas de interesse da organização.

A Todeschini é uma sociedade anônima, de capital fechado, com fins lucrativos, situada na cidade de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, tradicional região moveleira da Serra Gaúcha. A empresa iniciou suas atividades em abril de 1939, com a fabricação de acordeões. A partir de 1968, mudou o seu foco inicial de negócio e passou a produzir móveis componíveis para cozinha, sendo pioneira na introdução deste conceito na América Latina. Hoje produz móveis planejados para todos os ambientes, tanto residenciais quanto corporativos. Instalada em um parque fabril com 54 mil metros quadrados, conta, em seu quadro funcional, com aproximadamente 500 colaboradores.

O convite para a realização da entrevista de desligamento é feito a todos os ex-colaboradores que estão em processo de demissão e quem conduz esse processo é a psicóloga organizacional e outro profissional da área de RH. A entrevista, no entanto, acontece antes do pagamento da rescisão contratual, para que o resultado não seja tão afetado pela emoção e possíveis ressentimentos momentâneos.

Como a Entrevista de Desligamento não é um processo obrigatório para o profissional que deixa a organização, para que o ex-colaborador participe dessa atividade, é feito um convite para que a pessoa participe da entrevista no dia do desligamento. “A opção de participar é do funcionário. Caso ele concorde, é agendado o dia e o horário para que seja realizado o trabalho”, menciona a psicóloga organizacional.

Os cuidados com a entrevista:
  • O profissional que realiza a entrevista deve explicar as regras da Entrevista de Desligamento e como serão usados os resultados.
  • O processo deve ser conduzido com discrição, sem pressões ou insistências.
  • Deve-se fazer o máximo para que o ex-funcionário se mantenha o mais tranqüilo possível, pois este é o momento de acolhimento.
  • O local onde é realizada a entrevista deve ser uma sala fechada, onde não haja interrupções.
  • O ex-funcionário deve ser informado de que não é obrigado a participar da Entrevista de Desligamento.

Quando aplicar a Entrevista de Desligamento – Ao ser questionada se a Entrevista de Desligamento deve ser aplicada em situações de afastamento por iniciativa da empresa ou do funcionário, Márcia Ferrari afirma que sim. Ela justifica que a Todeschini sempre está disposta a ouvir o ex-funcionário no momento do seu desligamento, pois é uma forma de entender ressentimentos, críticas e sugestões. Nesse sentido, a organização procura deixar o ex-funcionário à vontade para dizer o que realmente pensa sobre a empresa e, principalmente, passar a confiança de que essas informações de forma alguma prejudicarão o funcionário, uma vez que o objetivo dessa ação é utilizar os dados coletados para análise e possíveis melhorias.

A importância para a Gestão de Pessoas – A Entrevista de Desligamento é considerada um recurso importante para a área de RH por ser um meio de obter feedback das pessoas que fizeram parte do quadro de funcionários, apontando quais os aspectos positivos e os que devem ser revistos nas práticas de gestão de pessoas.

Para que o processo ocorra com total tranqüilidade, a Entrevista de Desligamento sempre acontece em uma sala reservada, onde a psicóloga ou outro profissional do RH realiza a entrevista sem interrupções. “Percebemos que este é um momento importante para o ex-funcionário e normalmente a entrevista tem duração de uma hora, ou conforme a necessidade dele”, explica Márcia Ferrari, ao enfatizar que os principais fatores abordados nesses momentos são: os motivos do desligamento, a percepção sobre a empresa e os colegas de trabalho, a opinião sobre o cargo, horário, condições de trabalho, salários, benefícios, relacionamento interpessoal, oportunidades de crescimento e desenvolvimento.

Por fim, a psicóloga organizacional da Todeschini menciona que ao adotar a Entrevista de Desligamento, a empresa não enfrentou dificuldade. Isso porque o processo foi apresentado aos colaboradores como uma oportunidade de melhoria para a organização, bem como de ouvir os ex-colaboradores. “Essa é uma oportunidade que a empresa oferece de ouvir o funcionário e muitas vezes o conduz e o auxilia para encontrar uma nova colocação no mercado de trabalho”, sintetiza.



 
Referência: rh.com.br
Autor: Patrícia Bispo
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