Entrevista de emprego - Como responder as perguntas na entrevista
Entrevista é o momento da verdade para muitos profissionais em busca
de um novo emprego, e saber como lidar com as perguntas de entrevista mais
comuns, escapando das pegadinhas e armadilhas, é uma necessidade comum.
Não existe uma regra geral. Se o seu entrevistador não tiver preparo ou
técnicas específicas, ele irá conduzir o trabalho “de ouvido”, e avaliar você
puramente de acordo com suas próprias impressões e valores. Já se for um
profissional competente e diferenciado da área de gestão de pessoas,
especializado em seleção de pessoal, ele provavelmente empregará um conjunto de
técnicas e escalas múltiplas para as quais não há escapatória - ele vai acabar
construindo um raio-x completo da sua posição, da forma como a perceber, sem que
você tenha qualquer controle sobre o processo - mas isso costuma acontecer
apenas em seleções para cargos de altíssimo nível.
Para a maioria dos cargos comuns, a seleção é deixada a cargo da área de
pessoal da empresa, ou de uma empresa externa contratada especialmente para
isso, e eles tendem a adotar uma série de técnicas de entrevista e redação
comuns e bem conhecidas, para as quais há respostas “certas” e “erradas” também
comuns e bem conhecidas. As técnicas infelizmente incluem uma série de
pegadinhas e outros expedientes que, a pretexto de excluir candidatos
despreparados, acabam dificultando a criação de um ambiente em que os candidatos
estejam aptos a oferecer respostas diretas e desarmadas.
Já apliquei a minha cota de entrevistas - nunca com pegadinhas! -, e já vi
todo tipo de nível de preparo dos candidatos, desde aqueles extremamente aptos a
assumir a vaga mas incapazes de se comunicar devido ao nervosismo, até aqueles
completamente inadequados para a vaga, mas tão bons comunicadores que esperam
convencer o entrevistador de que são sua melhor escolha - sem contar os
mentirosos, os lisos, os nervosos e várias outras categorias.
Mas ao longo destas entrevistas, percebi que os candidatos experientes e
traquejados se dão bem melhor que os mais “verdes”, porque acabam percebendo o
segredo do sucesso em entrevistas de emprego, que é: perceber (ou deduzir
razoavelmente) quais as qualificações necessárias para a vaga em disputa, e aí
moldar as respostas sobre suas características pessoais a ela, sempre dizendo a
verdade, mas escolhendo criteriosamente quais aspectos destacar. Como no caso de
um vendedor de carros que, ao vender o seu modelo mais importante, sabe que para
um cliente deve dar destaque ao baixo consumo de gasolina, ao outro precisa
chamar a atenção para o espaço interno, e a um terceiro precisa falar
especificamente sobre a potência do motor, em uma entrevista de emprego você tem
de identificar quais as suas características que a empresa está buscando, e
colocá-las em destaque na vitrine, como veremos a seguir.
Perguntas de entrevista de empregoO que temos a seguir é um conjunto
de perguntas comuns em entrevistas elaboradas por profissionais típicos. Não
existe uma única resposta certa para cada uma delas, e você deve responder
sempre com naturalidade e de forma espontânea - nada de respostas decoradas! Mas
em muitas das perguntas há um teste oculto, e estes testes acabam eliminando
muitos candidatos.
Por isso, para cada pergunta foi acrescentada uma sugestão de resposta, e
eventualmente um comentário sobre qual o teste oculto. Você não deve decorar
estas respostas e usá-las na próxima entrevista; a idéia é que você as use como
base para compor sua própria resposta, que deve ser sincera e espontânea. Assim,
você não será pego despreparado por nenhuma destas perguntas comuns, muitas
delas difíceis de serem respondidas de improviso.
Lembre-se que o entrevistador muitas vezes tentará impor um ritmo artificial
à entrevista, pressionando você, antagonizando, questionando tudo. Faz parte da
experiência, e nestes casos provavelmente ele deseja ver como você se comporta
quando pressionado. Mas a sua posição sempre é o resultado de uma escolha
pessoal - você pode antagonizá-lo de volta, mas pode escolher também manter a
tranqüilidade e continuar oferecendo respostas calmas e completas. De qualquer
maneira, quanto mais preparado você estiver, mais apto estará a se sair bem
mesmo que seja colocado contra a parede e levado a responder tudo sem tempo para
pensar.
Uma dica é essencial: sempre que for possível, tente fazer com que a
entrevista seja uma conversação bidirecional, e não apenas um questionário. Já
no início, após a apresentação inicial por parte do entrevistador, faça alguma
pergunta inteligente sobre algum aspecto da vaga ou do processo seletivo. Se ele
responder, você terá não apenas um ambiente mais favorável, mas também alguma
informação adicional que poderá ser útil durante a própria entrevista. Ou seja:
nos primeiros minutos, momento em que o candidato típico está procurando falar
sobre si às cegas, você já terá conseguido criar um clima favorável e obtido
informações sobre o que o entrevistador está procurando, para saber o que
oferecer a ele.
Vamos às perguntas e respostas:
Sobre você
- Fale sobre você. Isto não é propriamente uma pergunta, mas
freqüentemente as entrevistas começam assim, e o candidato desata a falar
sem parar, e o avaliador presta atenção à sua capacidade de se concentrar
nas prioridades, encadear idéias, e comunicar-se livremente. Aqui ele será
muito útil. Se você não sabe o que é um “discurso do elevador”, imagine que
você encontrou no elevador o responsável pela seleção da vaga dos seus
sonhos, e tem apenas o tempo do trajeto entre 10 andares para fazê-lo se
interessar em selecioná-lo para a vaga. O que você diria? Estas 2 ou 3
frases, que você deve desenvolver, memorizar e ensaiar com antecedência, são
importantíssimas, e este é um bom momento para usá-las.
- Quais os seus interesses pessoais? Aqui o entrevistador quer
saber se você não é o que ele classificaria como um desajustado, uma pessoa
problemática, ou então alguém tão ligado a seus interesses externos que não
teria energia suficiente para cuidar do seu trabalho. Pode ser uma boa
oportunidade de quebrar preconceitos e estereótipos; se você for mais velho
que a média do mercado, destaque atividades que demonstrem atualização,
vigor físico e energia. Se for muito jovem, destaque algo que indique
ponderação e oportunidades adicionais de ter adquirido experiência útil para
a vaga, como algum cargo na diretoria de uma ONG, por exemplo.
- Que bons livros (ou bons filmes) você tem lido (ou assistido)
ultimamente? Seu avaliador não está apenas querendo puxar papo. Ele quer
saber algo sobre o seu nível cultural, e também se você é um mentiroso
quando sob pressão (caso não tenha lido nenhum livro que possa mencionar, e
aí invente que leu algum). Não importa qual livro você indique, ele vai lhe
fazer perguntas sobre ele. Portanto, fica a dica: se você está procurando
emprego, é bom ler algum bom livro sobre o qual você fique à vontade para
discorrer em uma entrevista. De preferência, um livro que vá interessar ao
seu entrevistador, e que seja recente o suficiente para ele não poder pensar
que você não lê um livro há 4 anos!
- Qual seu ponto forte? Escolha previamente, e esteja preparado
para exemplificar e detalhar, sem mentir. Eis uma lista de atributos
estritamente pessoais mas que costumam ser valorizados pelos
entrevistadores. Identifique quais deles você tem em maior grau, e passe
esta idéia (ou afirme diretamente) em seu texto ou na entrevista: Motivado;
Racional; Energético (atenção: não é a mesma coisa que enérgico. Tem relação
com a disposição para realizar trabalho); Dedicado (veste a camisa);
Honesto; Capaz de liderar; Com iniciativa; Com objetivos; Com visão; Com
empatia; Persistente; Bom comunicador; Bom técnico.
- Qual seu maior ponto negativo? Cuidado!
A maioria das pessoas que já leu dicas de entrevista acha que deve escolher
algo que não seja tão negativo assim, como “ser muito perfeccionista”, ou
“exigir demais de si mesmo”. Na minha opinião, quando eu mesmo entrevisto,
essas respostas prontas que disfarçam um ponto positivo como se fosse
negativo passam uma idéia de artificialidade, e de ausência de respeito pelo
interlocutor e pela empresa. Diga que não consegue lembrar de uma
característica profissional que possa comprometer seu desempenho no cargo
para o qual está sendo considerado, e aí acrescente um ponto negativo real
(no qual você pensou com antecedência), que faça sentido no contexto da
empresa, mas que não vá comprometer suas chances de aprovação. Se possível,
equilibre-o explicando a forma como você lida com este ponto negativo, e
mencione um ponto positivo forte já em seguida. Mas não exagere escolhendo
algo que possa soar pior do que é na realidade.
- Qual seu maior arrependimento? Como no caso do “maior ponto
negativo”, aqui o entrevistador não espera que você realmente confesse algo,
mas ele quer saber como você lida com esse tipo de situação. Confessar um
arrependimento verdadeiro em geral não é positivo para a sua pontuação,
mesmo que seja algo inocente. E tentar mascarar uma vitória como se fosse
arrependimento também é um truque manjado. Eu diria que não tenho
arrependimentos, e que tenho um princípio, que também aplico na vida
profissional, de agir de acordo com a minha consciência, e de sempre decidir
de forma equilibrada, o que me permite prosseguir sem deixar espaço para
arrependimento ou para o desejo de que eu tivesse decidido de forma
diferente.
- Você aceitaria mudar algum aspecto importante da sua vida (por
exemplo, mudar de cidade)? Não feche portas já na entrevista, mas ao
mesmo tempo não mostre ser irrefletido ou desesperado por uma vaga. Diga que
estudaria com prazer uma proposta, que decidirá quando souber dos detalhes,
mas que não vê nenhum problema grave que o impeça de tomar esta decisão, se
for a correta.
- Qual sua pretensão salarial? Raramente a empresa pergunta isso
para lhe oferecer o que você está pedindo, caso ache que você está à altura
- a entrevista de seleção raramente inclui negociação salarial, que ocorre
em uma fase posterior, apenas com os aprovados. Aqui você está apenas sendo
avaliado, e perde ponto quem se valoriza demais, ou de menos, em relação à
estimativa do avaliador. Se você estiver empregado, pode dizer quanto ganha
hoje, e que sua intenção é progredir, mas que aguarda para saber mais sobre
as condições da vaga para a qual está sendo selecionado. Se não estiver
trabalhando, ou estiver em situação instável, simplesmente diga que você é
flexível e tem interesse em ganhar de acordo com o mercado, e que não tem
dúvida de que o plano de cargos e salários da empresa é adequado. Se julgar
relevante, pode mencionar quanto ganhava no emprego anterior.
- Qual seu objetivo de longo prazo? O entrevistador quer saber seu
objetivo pessoal em um contexto profissional, e dentro da empresa. Não há
problema em ser bastante objetivo e dizer simplesmente que deseja vir a ser
o diretor operacional, ou o responsável pela sucursal do Centro-Oeste. Mas
se você conhecer bem a empresa, pode ser mais amplo, dizendo por exemplo que
deseja conhecer bem a realidade de todas as regiões em que a empresa atua,
porque sua intenção é vir a ser o responsável pela logística. Não diga que
quer ter um salário compatível, um bom plano de aposentadoria, ou outro
objetivo que seja vantajoso apenas para você, e não para a empresa, mesmo
que seja decorrência da vaga que você pleiteia.
- Quais suas metas de curto prazo? lembre-se de que metas são mais
precisas, e que incluem datas, ou mesmo quantificações, quando for o caso. O
entrevistador quer saber suas metas pessoais em um contexto profissional, e
dentro da empresa. O ideal é poder dizer que quer chegar a ser gerente de
uma filial já no ano que vem, ou que pretende conhecer a fundo o processo
produtivo nos próximos 2 anos, para embasar uma carreira executiva na área
de gestão fabril.
- Suas qualificações não são excessivas para esta vaga? Nenhum
empregador gosta de contratar uma pessoa que logo vá ficar descontente com
um trabalho que pode ser visto como abaixo do seu potencial, e acabe saindo
da empresa logo após ter sido contratado. Se suas qualificações forem mesmo
acima do que a vaga exige, esclareça as razões pelas quais a vaga é
exatamente o que você deseja agora, que tem certeza de que a médio prazo
surgirão oportunidades de prosseguir sua carreira dentro da própria empresa,
e que as qualificações que você tem em excesso são do interesse da empresa.
Sobre sua carreira e posicionamento profissional
- O que você fez de bom no seu emprego anterior? Aumentou
faturamento? Lucro? Reduziu custos? Motivou a equipe? Criou um novo
departamento? Esteja preparado para responder objetivamente, com exemplos
claros, datas e números.
- Conte-me sobre uma situação em que seu trabalho tenha sido criticado.
Dessa não dá para escapar: todo mundo que toma decisões acaba sendo
criticado, mais cedo ou mais tarde. Escolha antecipadamente uma situação em
que você foi criticado por um superior (nunca por um cliente ou por um
subordinado), mas comece dizendo o quanto é mais freqüente você receber
feedback positivo do que negativo. Se possível, conte algo do início da sua
carreira, e aproveite para explicar o que você aprendeu com o episódio, ou
como teria agido hoje para evitar cometer a falha criticada - NÃO tente
dizer que a crítica foi injusta ou imerecida. E não escolha uma situação que
possa colocar em dúvida seu desempenho para a posição que você estiver
pleiteando!
- Você consegue trabalhar sob pressão e com prazos curtos? É bom
que consiga, porque você nunca deve mentir em entrevistas, e a resposta
certa para esta pergunta dificilmente pode ser algo diferente de “Sim”.
Venha preparado, já com um exemplo previamente escolhido de situação em que
você se destacou sob pressão.
- Já demitiu um funcionário? Diga a verdade. Se ocorreu em mais do
que uma ocasião, exemplifique com a que for mais fácil de explicar, com a
causa mais objetiva. Não critique o demitido, nem se justifique demais - o
avaliado aqui é você. Mas esteja preparado para defender sua decisão, caso o
avaliador insista.
- Com que tipo de pessoa você tem dificuldade de trabalhar? A
resposta mais óbvia é perigosa - nada de dizer que você tem problemas com
pessoas irresponsáveis, preguiçosas, ou qualquer outro adjetivo negativo. Se
o entrevistador estiver procurando alguém com potencial de liderança, este
tipo de atitude não é desejável, e ele vai selecionar aquela pessoa que
estiver apta a trabalhar com quem for necessário para realizar a missão, ou
mesmo que esteja apta a ser um bom exemplo e uma inspiração para elas.
Portanto, o ideal é dizer que na sua experiência, você acabou descobrindo
que tem facilidade de trabalhar com as equipes variadas que a vida nos traz,
e que sempre percebe que é bem recebido por elas, e as admira.
- Quais decisões são mais difíceis para você? Aqui podem perder
pontos os que dão respostas puramente egoístas ou que dizem que nenhuma
decisão é difícil (mostrando que não estão acostumados a ter
responsabilidade, ou que decidem irrefletidamente). O ideal é poder dizer
que sempre decide de forma ponderada, considerando todos os fatos
disponíveis, a estratégia da empresa (missão, visão, valores, objetivos), a
ética profissional e os recursos disponíveis, e que as decisões mais
difíceis de tomar são as que afetam a vida da equipe, em aspectos pessoais.
- Se pudesse começar tudo de novo, o que faria diferente? A não ser
que algo muito sério no seu passado seja de conhecimento público, mostre
equilíbrio dizendo que não mudaria nada de essencial. Mesmo o que aconteceu
de negativo agregou experiência e ajudou a formar o seu caráter.
- Por que está saindo do emprego atual? (se estiver trabalhando)
Esta é uma pergunta importante. Lembre-se de que o entrevistador vai se
perguntar se você não faria o mesmo com a empresa para a qual você está se
candidatando. Fale a verdade, mas não fale mal da empresa atual, nem do
chefe. Você pode responder que está em busca de novas oportunidades e
desafios, mais responsabilidades, crescimento pessoal e profissional, ou que
tem interesse específico em alguma característica que a nova empresa tem, e
que seja incompatível com a empresa anterior. Não invente que é por
diferenças de visão com o chefe atual, nem por conflitos com a administração
da empresa.
- Por que saiu do emprego anterior? (se estiver sem emprego) Diga a
verdade, sabendo que pode ser verificado. Se foi em uma demissão coletiva
por corte de custos, fechamento da empresa, absorção por outra empresa,
etc., simplesmente diga isso, sem criticar a decisão. Se foi por outro
motivo, diga de forma curta e objetiva. Se foi por sua causa, acrescente que
aprendeu a lição e não cometerá o mesmo erro novamente. Não se alongue.
- Por que você ficou tanto tempo sem trabalhar? Essa pode não ser
fácil, mas a saída é ser honesto. Escolhas pessoais, situações familiares,
com o cônjuge ou os filhos, recessão, tentativa de iniciar negócio próprio…
Se você tiver um motivo, apresente-o, para parecer seletivo, e não
preguiçoso, e nem uma pessoa rejeitada pelo mercado. Explique que se manteve
atualizado. Mas saiba que o avaliador vai dar muita atenção a isso.
- Por que você teve tantos empregos? É raro encarar uma pessoa com
muitos empregos no currículo como um candidato persistente que tem
experiência variada. A expressão pejorativa, muito mais comum, é que ele
“pula de galho em galho”. Se o entrevistador questionar, procure ser
honesto, mas enfatize os empregos nos quais você ficou por mais tempo, e dê
exemplos de casos em que sua saída foi provocada por fatores externos -
empresas que fecharam, foram adquiridas, etc. Se você trabalhou em vários
empregos temporários, explique também, bem como as razões para isso, e a
experiência que isso lhe trouxe. Mas se você de fato pula de galho em galho,
provavelmente o entrevistador perceberá, e pontuará de acordo.
- Você não deveria estar ganhando mais, neste estágio da sua carreira?
Não dê a impressão de que você é movido apenas pelo dinheiro, mas também não
pareça ser desprovido de ambição. Uma boa resposta é que você optou por
cuidar de outras prioridades (família, estudos, ou outras que ninguém vá
questionar) antes de dar início ao seu maior comprometimento com a carreira
profissional, e que está convencido de que foi a decisão certa, porque agora
você está muito mais preparado e estabilizado para assumir compromissos com
a carreira.
Sobre a vaga e a empresa
- O que você procura aqui na empresa? Você certamente procura
muitas coisas, inclusive a satisfação de necessidades pessoais. Não há razão
para esconder isso, mas também não é necessário detalhar. Prefira detalhar
aspectos que você procura e que interessem à empresa diretamente, como o
desafio de fazer parte da história dela, a chance de contribuir para algum
projeto ou estratégia notável dela, ou o envolvimento com um quadro
profissional tão capacitado, por exemplo.
- Por que acha que devemos lhe contratar? Esteja preparado para
esta, e mencione de forma objetiva 2 ou 3 diferenciais seus que você
considera essenciais, e a forma como eles podem gerar resultado para a
empresa.
- Por que enviou seu currículo para esta empresa? Esta é uma
oportunidade para fazer valer a pena as horas de pesquisa que você fez sobre
a empresa antes da entrevista. Fale sobre notícias recentes de sucessos da
empresa, perspectivas de crescimento do seu mercado, e como acredita que o
posicionamento dela a torna atraente para qualquer profissional.
- Quanto vai demorar até trazer uma contribuição positiva para esta
empresa? Esta é uma pegadinha de entrevista, e o entrevistador que
recorre a ela merece ouvir uma resposta pronta e enlatada. Aqui vai: “A
partir do primeiro dia, na verdade mal posso esperar. E tenho certeza de que
será uma contribuição crescente, conforme for conhecendo melhor a empresa e
seus objetivos!”
- Quanto tempo pretende permanecer na empresa? Aqui em geral o
entrevistador quer remover qualquer pessoa que afirme que tem, de fato outra
oportunidade em vista, ou que tem planos para daqui a alguns anos ir fazer
alguma outra coisa. Se for um bom entrevistador, ele também pode dar pontos
negativos se entender que você é acomodado e só deseja um lugar para se
encostar até a aposentadoria. A resposta segura é dizer que pretende
permanecer enquanto houver perspectivas de desenvolvimento pessoal e
profissional, e enquanto estiver apto a oferecer uma genuína contribuição,
mas que pelo que você entendeu sobre a vaga e sobre a empresa, não vê
qualquer motivo para que a relação não seja duradoura.
- E se tiver que assumir o lugar do seu futuro chefe aqui na empresa?
“Farei com prazer, sempre que a empresa determinar. Quero crescer, mas de
preferência em conjunto com ele, e jamais sendo desleal aos superiores.”
- Qual a opinião que seus subordinados têm de você? Responda
chamando-os de “a equipe” (e não “a minha equipe”, ou “os subordinados”). O
ideal é enfatizar que eles o respeitam, ou que o admiram. Nem sempre é ideal
mencionar que você desenvolveu amizade com todos eles, e principalmente as
inimizades pessoais.
- Já selecionou e admitiu funcionários? O que considera importante em
um candidato? Aqui uma resposta perigosa é indicar uma característica
que você mesmo não possua, mesmo que seja simples explicar a razão disso.
Também não vale a pena ser muito óbvio tentando indicar exatamente as
características nas quais você mais se destaca. O melhor é dar uma resposta
ampla, mencionando características objetivas, como a adequação aos
requisitos da vaga, a capacidade de trabalhar em equipe, a experiência, o
conhecimento técnico, etc.
- Descreva como seria seu emprego ideal. Sem surpresas aqui. O que
o entrevistador espera é que você seja sincero, e ao mesmo tempo acabe
descrevendo exatamente a vaga para a qual está sendo selecionado. Portanto
não exagere nas tintas, para não parecer forçado, nem descreva algo que não
corresponda ao que você imagina que a empresa tem em mente para você.
- O que você mudaria caso você estivesse na diretoria da empresa?
Atenção aqui: a não ser que o seu processo seletivo seja justamente para um
cargo da alta direção, dificilmente o avaliador estará realmente procurando
obter sugestões reais. Ele quer saber como você pensa, e exceto em casos
excepcionais, a resposta mais racional envolve dizer que você jamais poderia
oferecer um remédio antes de realizar o diagnóstico, e que antes de propor
qualquer mudança, você pretende conhecer bem a companhia, e as razões pelas
quais as coisas são como são. Mas se você conhecer bem a empresa, pode
arriscar uma jogada muito mais recompensadora, e complementar a resposta
acima dizendo que se você fosse começar o diagnóstico hoje, iria se
concentrar na área “X” da empresa, porque esta lhe parece a mais crítica
para o seu sucesso. Mas não arrisque isso se não tiver um razoável grau de
certeza do que está dizendo.
Sobre a empresa anteriorAqui você precisa lembrar que o objetivo da
entrevista é avaliar você - o entrevistador não está nem aí para a sua empresa
ou chefe anterior, portanto todas as perguntas desta seção são testes ocultos,
um verdadeiro campo minado. Ele quer saber se você tem uma postura ética, se é
leviano com informações internas da empresa, se trata os conflitos de trabalho
como se fossem pessoais, se é maduro nos relacionamentos profissionais, etc. É
seguro assumir que o entrevistador imaginará que você falaria sobre a nova
empresa as mesmas coisas que falar a ele sobre a empresa anterior.
- Qual sua opinião sobre a empresa ou chefe anterior? Nunca fale
mal, evite até mesmo críticas construtivas, e nem mesmo pense em fazer
comparações, mesmo que as 2 empresas sejam concorrentes diretas - aqui quem
está sendo avaliado é você, e não o ex-chefe, e falar mal dele em sua
ausência raramente conta ponto a seu favor neste contexto. Era uma boa
empresa, e o chefe sempre agiu com você como um excelente profissional.
- O que você não gostava no emprego anterior? Não se queixe, e não
se esqueça de que quem está sendo avaliado aqui é apenas você, e não o
emprego anterior. Você gostava de tudo.
- Avalie honestamente seu antigo chefe e empresa, pontos positivos e
negativos. Mesma rotina: você lembra de pontos positivos, e eles são
todos sinceros, honestos - e pensados de antemão. O seu avaliador não está
nem aí para a empresa anterior, ele quer saber se você é leal, se leva as
coisas para o lado pessoal, se fala sobre a empresa quando está fora dela,
etc.
Pegadinhas comuns
- A armadilha do silêncio: após perguntas “difíceis”, como a do seu
“maior defeito”, ou “maior arrependimento”, alguns avaliadores com
pretensões psicológicas empregam um velho truque: ao invés de continuar a
entrevista, fazer um comentário ou a próxima pergunta, eles simplesmente
ficam em silêncio, encarando o entrevistado sem passar nenhuma mensagem (de
desaprovação, etc.) com sua expressão facial. Isto é uma pegadinha, e
bastante gente cai - ao perceber a situação de stress, assumem que o
entrevistador considerou a resposta errada, mentirosa, insuficiente,
ridícula ou qualquer outra coisa, e começam a tentar “consertar”, muitas
vezes com resultados desastrosos para si mesmo. A intenção é mesmo intimidar
e provocar stress, para ver como o candidato se sai. Se tentarem isso com
você, aguarde alguns segundos calmamente, e em seguida não afirme nada,
apenas pergunte: “há algo mais que eu possa esclarecer sobre este ponto?” Se
o entrevistador continuar em silêncio, simplesmente aguarde silenciosamente
também, em atitude respeitosa e séria, prestando atenção a ele,como se
estivesse dando a ele tempo para pensar, até que ele perceba que você não se
intimidou e nem vai “se entregar”.
- O dilema das informações confidenciais: para este não há solução
simples. Se nas perguntas sobre seu antigo emprego ou chefe você perceber
que o entrevistador de fato parece esperar receber respostas objetivas sobre
questões internas da empresa em que você atualmente trabalha ou recentemente
trabalhou, você terá um dilema entre sua integridade e o seu interesse em
agradar o entrevistador. E a integridade deve ganhar em qualquer situação,
especialmente em uma entrevista de emprego. No máximo responda o que
considerar como informação pública, mas nunca viole a confidencialidade das
informações sensíveis da empresa - e responda, de forma clara e sem se
alongar, que ir além do que você disse violaria seu compromisso de
confidencialidade. Evite falar que violaria a ética, a não ser que você
queira ofender o entrevistador, pois isso equivale a dizer que ele está
sendo anti-ético. Note que em muitos casos, a pressão para que você revele
segredos de outra companhia é um teste, e você passa apenas se resistir a
ela.
- O problema hipotético sem solução: Esta é uma questão comum em
seleções de executivos: você recebe uma breve descrição de uma situação
desafiadora e complexa, e a pergunta: como você resolveria esta situação?
Note que dificilmente o problema é na sua área de conhecimento específico, e
mesmo que seja, dificilmente você terá recebido dados suficientes para poder
saber como começar, ou como garantir o sucesso. A não ser que isso ocorra no
contexto de uma avaliação de criatividade, ou em uma dinâmica de grupo, sua
melhor chance pode ser considerar que se trata de uma pegadinha clássica, e
entender que o que você deve responder é como agiria para resolver o
problema: levantaria tais e tais dados, consultaria tais e tais pessoas,
contrataria este e aquele serviço, e então daria a ordem a tal e tal
departamento. Caso contrário, se você simplesmente propuser uma solução sem
nenhum dado para suportá-la, vai parecer que seu processo de tomada de
decisão é bastante falho.
Referência:
efetividade.net
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