Quem trabalha no meio corporativo e principalmente na área de Recursos
Humanos entre uma leitura e outra, ou ainda em conversas com seus pares
certamente já ouviu algum jargão do tipo “As pessoas entram nas empresas pelo
conhecimento e saem pelo comportamento”. Isso tem tornado-se tão freqüente que
as organizações já direcionam ações específicas para trabalhar as competências
comportamentais dos colaboradores. Contudo esse não é um trabalho fácil de ser
realizado, afinal mexe diretamente com condutas, valores e paradigmas.
Então, qual o caminho a ser adotado para lidar com uma questão tão delicada? Na
Herbarium - indústria que atua no mercado de fitoterápicos, por exemplo, a
preocupação com as competências comportamentais ocorre a partir do processo de
seleção, momento em que a área de Recursos Humanos mantém o primeiro contato e
avalia se o candidato possui características convergentes com os valores da
empresa. Segundo Joanita Plombon, supervisora de RH da organização, esse
trabalho tem sido realizado desde a fundação da companhia, em 1985.
Com capital 100% nacional, a Herbarium possui o maior número de fitoterápicos
registrados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e está
localizada na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Foi a primeira, dessa área,
a obter as certificações ISO 9001/2000, BPF – Boas Práticas de Fabricação, a
habilitação Reblas (Rede Brasileira de Laboratórios de Saúde Pública) e trazer
para o Brasil as principais tendências mundiais em fitoterápicos. Instalada em
nove mil metros quadrados de área construída, a indústria ocupa um terreno que é
12 vezes maior que essa metragem, incluindo um extenso bosque.
Apesar do pouco tempo com o candidato durante a seleção, a área de RH tenta
identificar a qualidade comportamental daquele profissional. Nesse sentido, a
área de RH sempre procura quebrar paradigmas, como “as emoções devem ser
deixadas do lado de fora da empresa”. “Tentamos ver o ser humano por inteiro,
com a emoção que ele traz consigo”, explica Joanita.
O diferencial do processo seletivo ocorre porque os entrevistadores valorizam
muito a oportunidade a comunicação face a face, o contato olho no olho com quem
procura ingressar no quadro funcional. Nesse sentido, ela afirma que as relações
mais complexas e estratégicas da área comportamental são trabalhadas através de
recursos que só um experiente selecionador tem intimidade. Outro fator relevante
é que o gestor da vaga sempre está presente ao processo e a entrevista torna-se
compartilhada. A facilidade de utilizar essa estratégia junto aos candidatos
justifica-se em virtude do clima informal é ser predominante junto aos
candidatos e isso facilita a “revelação” da pessoa. Não existe um padrão único
de entrevista que seja utilizado pelos selecionadores, pois a individualidade de
cada profissional é preservada.
Outro fato que auxilia a avaliação comportamental do profissional é quando, já
contratado, o mesmo está inserido no dia-a-dia da empresa. Para dar respaldo a
esse colaborador, a empresa oferece um treinamento específico, onde é possível,
inclusive, observar a relação existente entre funcionário e chefia. Toda essa
ação é acompanhada diretamente pela área de RH da organização. “Caso surja um
conflito o mesmo é logo compartilhado, para que haja um amadurecimento dos
profissionais. É o momento em que identificamos os pontos de desencontro,
utilizamos muito diálogo e o RH está de portas abertas para ouvir a todos. Na
maioria dos casos, obtemos o sucesso”, complementa a supervisora de RH.