Carreira / Emprego - Socooorro!!!
O publicitário Fernando Lima, de 38 anos, costuma redobrar seus cuidados com
a saúde quando viaja a trabalho. Não, Fernando não é hipocondríaco. Na verdade,
ele já passou por algumas saias-justas longe de casa e sabe o quanto é
importante estar prevenido. Em 2002, o pernambucano sentiu um mal-estar no
estômago quando estava em Lisboa, capital portuguesa, atuando em uma campanha
política. O que no Brasil ele teria resolvido com um antiácido terminou virando
um problemão e por pouco não prejudicou seu trabalho. Lá, sem o pedido de um
médico, os farmacêuticos não estão autorizados a fornecer nenhuma medicação.
E Fernando só conseguiu comprar um remédio, depois de muito sofrimento, quando
descobriu um médico no hotel em que estava hospedado e conseguiu uma receita.
Hoje, o publicitário sempre leva uma minifarmácia com medicamentos receitados
por seu médico, que podem resolver problemas corriqueiros.
Histórias como a de Fernando são comuns entre os profissionais que viajam a
trabalho, seja dentro ou fora do Brasil. As mudanças de clima, alimentação, água
e fuso horário, somadas ao impacto emocional das viagens, podem provocar
cólicas, diarréias, vômitos, dores de cabeça e resfriados, entre outros
problemas. Além disso, ninguém está livre de incidentes mais sérios e você pode
sofrer uma crise de apendicite ou uma fratura ao levar um tombo, por exemplo.
Para minimizar os danos para a saúde, a carreira e o bolso, é essencial ter um
plano médico. 'Os gastos com saúde fora do país são muito elevados', diz Claudia
Angela Metzger, diretora-geral da Assist Card Brasil, especializada em
assistência ao viajante. 'Uma consulta médica em Tóquio, no Japão, pode custar
600 dólares. Já uma visita a um dentista em Johannesburgo, na África do Sul, sai
por volta de 300 dólares.
E uma cirurgia de apendicite gira em torno de 12 000 dólares em Nova York, nos
Estados Unidos.'
Claro que o melhor, mesmo para quem faz um seguro-saúde, é minimizar os
imprevistos e voltar para casa sem visitar nenhum hospital. Para isso, há uma
série de cuidados que você deve tomar antes e durante a viagem (veja o quadro
Proteja-se!). 'Uma das nossas maiores preocupações são as pessoas que viajam
para países onde há focos de febre amarela e malária', diz a infectologista
Melissa Mascheretti, responsável pelo Ambulatório dos Viajantes do Hospital das
Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 'Algumas voltam
ao Brasil com sintomas dessas doenças e podem desencadear surtos.' Para que isso
não aconteça, o ideal é que você procure um médico com pelo menos oito semanas
de antecedência, para que receba todas as orientações a respeito de seu destino
e tome as vacinas adequadas.
Fazer um check-up antes da viagem também não é má idéia. O cardiologista e
clínico Boris Grandisky, do Hospital São Luis, em São Paulo, costuma prescrever
aos seus pacientes exames como eletrocardiograma, hemograma completo e testes de
colesterol e triglicérides. O objetivo é saber se não há infecção ou fator de
risco no organismo. 'Recomendo que o paciente leve os exames na viagem. Numa
emergência, o médico terá informações importantes nas mãos. E, se a pessoa
estiver tomando algum medicamento, deve levar a receita.'
Tem mais. Vale incluir na agenda pré-viagem uma consulta com o seu dentista.
Além de conferir se está tudo bem, pergunte se ele recomenda um profissional ou
uma clínica na cidade que você vai visitar. O publicitário Fernando Lima explica
por quê. Há alguns anos, ele viveu outro aperto, dessa vez na França, durante o
festival de publicidade de Cannes. Em um jantar com publicitários de vários
países, Fernando quebrou o dente da frente, pasme, ao morder um pedação de pão.
No dia seguinte, consultou um dentista em Nice, cidade vizinha, acompanhado da
esposa do chefe dele - que, por coincidência, é dentista e também estava em
Cannes. Chegando lá, o tal profissional já abriu a porta com as luvas de
trabalho, que permaneceram nas mãos enquanto ele atendia uma ligação telefônica
e de lá foram direto para a boca de Fernando. 'Além de não ter nenhum cuidado
com a higiene, ele não passava a menor segurança', diz o pernambucano. 'A mulher
do meu chefe olhava para mim assustada, desaprovando com a cabeça tudo aquilo
que ele fazia.' Fernando saiu com o dente colado provisoriamente e passou o
resto da viagem sem comer alimentos consistentes. 'Foi um terror', lembra. 'Tem
coisas que não dá para evitar. Mas hoje eu faço de tudo para prevenir problemas
com a saúde. Principalmente em viagens de trabalho.”
Proteja-se!
Os cuidados com a saúde que você deve ter antes e durante uma viagem de
negócios:
- Procure seu médico pelo menos oito semanas antes da viagem.
- Tome as vacinas recomendadas por ele no prazo exigido. Em alguns países,
exige-se a apresentação do Certificado Internacional de Vacinação.
- Peça para ele indicar alguns remédios para situações corriqueiras. O
ideal é levar uma farmácia particular com analgésico, antiespasmódico,
antitérmico, antiinflamatório, protetor solar e, dependendo do país,
repelente de mosquitos. Mantenha os medicamentos em sua embalagem original.
- Faça uma revisão dentária.
- Informe-se sobre clima, altitude, diferença de fuso horário e condições
de higiene da região que você vai visitar.
Também procure saber que alimentos devem ser evitados e se há surto de alguma
doença no local.
- Se a sua empresa não oferecer seguro-saúde, contrate um você mesmo.
- Se você não tiver esse seguro e precisar de atendimento médico, peça
auxílio aos funcionários do hotel. Você também pode obter ajuda nas
representações diplomáticas do Brasil (tenha esses endereços e telefones à
mão).
- Dependendo das condições higiênicas do país, procure consumir apenas
água mineral - inclusive para escovar os dentes - e evite alimentos crus,
como saladas.
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