Um planejamento financeiro eficiente conta com a fixação de metas, que podem
ser ajustadas ao longo do tempo, para considerar possíveis alterações em nosso
padrão de receitas e despesas. Com isso, na hora de fixar uma meta de poupança,
vale a pena também analisar um pouco mais seu perfil.
Diversos fatores devem ser levados em consideração. Dentre as variáveis que
podem influenciar o padrão de poupança de um indivíduo podemos citar: a idade, o
estágio da carreira profissional, estado civil, número de dependentes,
patrimônio já acumulado etc.
Começar é o mais difícil
Se você está começando agora o seu plano de poupança programada, a primeira
coisa a fazer é montar uma planilha detalhada com seus gastos mensais. Com base
nessa planilha, estime o quanto sobra no final do mês. Mas seja realista e faça
esforços; caso contrário, o mais provável é você acabar percebendo que não sobra
nada!
O cálculo do montante disponível para poupança mensal deve ser feito com base
apenas nas despesas correntes que você tem, excluindo-se gastos de consumo que
não sejam absolutamente necessários. Reveja seu orçamento e estabeleça como meta
poupar pelo menos 2-3% do que ganha todos os meses.
Atenção nas despesas
Caso isso não seja possível, estabeleça alguns cortes. Não é difícil achar
"gordura" no orçamento que compense os 2-3% que pretende poupar. À medida em que
você se sentir confortável com o seu novo orçamento, você pode rever esse
percentual para cima, de forma que o mesmo passe a refletir com maior precisão
sua realidade financeira.
Uma dica de ouro é assumir que o seu salário líquido é menor do que o que
efetivamente tem, ou estabelecer alguma forma de investir diretamente do seu
salário, por exemplo, estabelecendo um sistema de depósitos mensais em seu fundo
de investimento ou na poupança.
Para quem está iniciando a carreira
Se você está começando agora sua carreira profissional e ainda está solteiro
(a), o melhor é começar aos poucos. Estabeleça como meta mínima de poupança algo
entre 3-5% da sua renda mensal.
Em geral, fazem parte desse grupo pessoas mais jovens que acabaram de conseguir
sua independência financeira e que, por isso mesmo, têm necessidades de consumo
reprimidas. Neste caso, é recomendável que se estabeleça inicialmente um
percentual mais baixo de poupança, de cerca de 3% e, aos poucos, à medida em que
essas necessidades de consumo forem sendo atendidas, o mesmo pode ser elevado
até cerca de 10%.
O ideal é que, passada essa fase inicial, a pessoa consiga poupar pelo menos 5%
da sua renda mensal. É importante lembrar que cada indivíduo é diferente e que
esses percentuais devem ser vistos como indicadores, não como números fixos,
pois devem refletir a realidade de cada um. Alguns jovens, mesmo sendo
solteiros, têm que sustentar os pais e, por isso, poupar pode ser mais difícil.
Estado civil e dependentes influenciam poupança
Com o passar do tempo a pessoa tende a crescer profissionalmente, o que se
reflete na sua remuneração. Mas também é possível que se case, o que pode
acarretar gastos extras por um período de tempo, como por exemplo, com a
organização do casamento, compra da casa própria etc.
Por outro lado, se o cônjuge também trabalha, a renda familiar aumenta. Neste
caso, é preciso rever as metas de poupança e decidir com seu cônjuge quais os
objetivos que pretendem estabelecer como casal. Isso é importante, pois caso
contrário, se só você poupar e seu cônjuge gastar tudo, pode surgir uma certa
frustração, o que não é saudável. Em geral, no caso de casais sem filhos, o
percentual recomendável de poupança varia entre 5 e 15%, sendo o mesmo aplicado
sobre a renda familiar.
Essa é a época em que você deve mais se preocupar em poupar, já que, com a
chegada dos filhos, os seus gastos tendem a aumentar e provavelmente você vai
estar em um estágio profissional mais estável, em que aumentos significativos de
renda são menos freqüentes.
Com a chegada dos filhos, a capacidade de poupança desse casal deve baixar para
algo entre 5 e 10%, sendo que o limite inferior se aplica aos casos em que as
crianças já estão na escola, e o superior para os casos em que ainda não estão.
Poupando até a aposentadoria
Com o passar do tempo, os filhos irão terminar os estudos e se encaminhar
profissionalmente, atingindo uma independência financeira, que permite ao casal
aumentar o percentual de poupança mensal, sobretudo se ambos ainda estiverem
trabalhando.
Considerando que a idade em que as pessoas decidem ter filhos tem aumentado e
que a independência financeira dificilmente é alcançada antes da conclusão do
ensino médio ou superior, nesta fase você estará com 50 a 60 anos. Diante do
aumento significativo da expectativa de vida das pessoas, ao contrário do que se
poderia imaginar, o recomendável é que você aproveite a redução das despesas e
maior padrão salarial para aumentar a sua capacidade de poupança.
Afinal, mesmo que seja possível se aposentar com 65 anos, o mais provável é que
você ainda sobreviva por mais 15 a 20 anos. Nesse caso, se quiser ter uma
aposentadoria tranqüila, o ideal é poupar cerca de 15 a 20% da sua renda mensal
até que isso ocorra.