O mercado corporativo aprendeu a valorizar a filantropia. Descobriu que
ajudar o outro pode melhorar a própria empresa. A capacidade de se envolver com
o coletivo, de compartilhar tempo, dinheiro e conhecimento com quem precisa
contribui para desenvolver, entre outras coisas, verdadeiros líderes e a
humanizar o ambiente empresarial. No âmbito pessoal, os voluntários aprendem a
gerenciar melhor o estresse, o tempo e a desenvolver a comunicação. Muitas
vezes, a sensação de bem estar extrapola e acaba por preencher antigos vazios da
alma. Na gangorra do dar e receber, o lucro vem em dobro para as empresas que
saíram na frente e apostaram na cidadania.
Essa mudança de foco representa um novo pensamento. Sucesso é bom, dinheiro
também, mas isso não é tudo. A verdadeira essência da vida não é simplesmente
acumular riqueza. Principalmente quando nos deparamos com tantos exemplos de
desigualdade social no dia a dia. Mais cedo ou mais tarde, muitos chegam a essa
conclusão e surge a vontade de ajudar o próximo. E os caçadores de talento,
claro, não poderiam ficar alheios à tendência. Ser voluntário conta pontos no
desempate na briga por uma vaga. Se este profissional demonstra na prática que
consegue administrar bem o tempo, é criativo e preocupado com o mundo à sua
volta, por que não aproveitá-lo?
A idéia é que ao ajudar a comunidade, as pessoas precisam colocar em prática
suas mais valiosas habilidades. Os empresários brasileiros demoraram a descobrir
que traços de funcionários produtivos coincidem com as características básicas
da atividade voluntária, como liderança, trabalho em equipe, capacidade
empreendedora e habilidade de relacionamento.
Fazer o bem, além de gratificar bastante as pessoas, aumenta o desempenho
profissional, desenvolvendo valores como ética e senso de responsabilidade, além
de aguçar a criatividade através do exercício de alternativas engenhosas para o
atingir objetivos específicos, contando na maioria das vezes com recursos bem
escassos.
O movimento ainda é tímido por aqui mas tem crescido substancialmente. Dados
apontam que cerca de 16% das pessoas com mais de 18 anos são voluntárias de
projetos sociais em todo o país. Segundo uma pesquisa da universidade americana
Johns Hopkins e do Instituto Superior de Estudos da Religião (Iser), o Brasil
movimenta R$ 12 bilhões por ano com responsabilidade social.
Nos Estados Unidos, mais da metade da população já doava, em 1992, uma média de
4,2 horas por semana em trabalhos voluntários, de acordo com o The Conference
Board, entidade americana que fornece informações sobre o mundo corporativo.
Cerca de 15 milhões de brasileiros deram dinheiro para obras sociais no ano
passado, enquanto outros 21 milhões contribuíram com algum bem material. Ainda é
pouco, mas nesse caso, o que vale é a iniciativa de ajudar. Não perca essa
oportunidade para unir uma boa ação à sua capacidade de realização.