Cometer uma pequena gafe idiomática numa reunião de negócios em inglês pode
ter um impacto bem maior do que se pode imaginar na carreira de um executivo.
Dizer, por exemplo, que comandou uma "big operation", quando o correto seria
dizer uma "miner operation", pode parecer à primeira vista, um erro sem
importância, mas delata uma fragilidade no idioma. O executivo então pode até
ser fluente na língua inglesa, mas o engano mostra que ele não está
suficientemente preparado para encarar o "chat" corporativo.
Se o seu inglês não o deixa seguro para encarar uma conversa com Bill Gates, não
é preciso entrar em pânico. Hoje, existem várias maneiras de colocar o "business
english" em dia sem perder muito tempo. Um dos caminhos pode ser a aula por
telefone. O diretor de vendas do Citibank, Marcelo Bauer, 30 anos, experimentou
o método por alguns meses numa época em que passava mais tempo arrumando as
malas e visitando clientes pelo país afora do que em casa. "Eu telefonava de
qualquer lugar e isso me ajudava a não interromper o estudo", diz.
Atualmente, com a agenda mais equilibrada, Bauer tem aulas particulares no
próprio escritório. Mesmo tendo tido desde criança uma boa formação no idioma e
até freqüentado um curso de férias em Nova York, ele não abre mão de praticar o
inglês financeiro. Por dez aulas no escritório, ele paga R$ 600.
O professor Roland Leal, que dá aulas pelo telefone, é especializado em inglês
de negócios. Ele diz que esse tipo de curso é indicado para quem, assim como
Bauer, já fala o idioma, mas quer ter uma pronúncia perfeita para não fazer feio
no trato com estrangeiros. Os erros mais comuns são relacionados a vocabulário.
Outros erros que denunciam o "estrangeirismo" do inglês, segundo Leal, são
traduzir expressões idiomáticas tipicamente brasileiras ou trocar a preposição
dos "modal verbs" (verbos preposicionados). "Acertar esses detalhes pode fazer a
grande diferença nos negócios", diz o professor. Quatro aulas de uma hora por
telefone custam R$ 100.
Consciente de suas limitações para lidar com o inglês financeiro, Célio
Figueiredo, 45 anos, gerente de controladoria da Votorantim Metais, decidiu
radicalizar: passou os trinta dias de suas férias internado durante 8 horas
diárias numa escola de inglês de negócios. "Eu tinha uma dificuldade particular
em entender os contratos da empresa", confessa. Antes do curso intensivo,
contratos milionários passavam pela sua mão direto para as do superintendente.
Agora, Figueiredo pode analisá-los por si mesmo e com mais segurança. "O estudo
tem me proporcionado uma nova visão dos negócios", diz. Atualmente, está fazendo
um MBA na Fundação Dom Cabral e mantém aulas de inglês no próprio escritório.
Para quem enfrenta reuniões com estrangeiros, faz viagens de negócios para o
exterior, atende ligações telefônicas e participa de videoconferências, estar
com o "business english" em dia pode ajudar a mudar os rumos da carreira. Pelo
mesma lógica, inglês enferrujado pode "frear" uma ascensão quase certa. E é bom
investir no idioma com calma, de forma planejada.
Soluções de última hora nem sempre resolvem, como comprovou Valdecir Venâncio,
35 anos, analista de processos da Hewllett Packard. O gerente já perdeu uma
oportunidade de se transferir para Miami não por falta de idéias, nem conteúdo
técnico. O problema é que, para conseguir o posto o candidato precisava
impressionar bem os diretores americanos da empresa. E essa façanha dependia do
sucesso de Venâncio em ministrar uma palestra inteiramente em inglês.
Na época, Venâncio recorreu a uma escola especializada. Tevequinze horas de
aulas seguidas apostando que ficaria rapidamente apto a desenvolver uma
apresentação de meia-hora. Achou que a palestra merecia um OK. Mas, a vaga em
Miami acabou ficando com quem tinha o inglês fluente para valer.
Várias escolas estão criando cursos específicos para quem tem pressa e deseja
desenvolver- se no idioma já com vocabulário voltado para sua área de atuação.
Dominar o inglês especializado de um determinado setor de negócios, segundo
especialistas, pode significar uma remuneração 35% maior.
Dominar o inglês do mundo dos negócios é o diferencial-chave para a contratação,
testemunha Hélio Ono, 43 anos, atual gerente financeiro da multinacional química
Schenectady. Ono recorreu a Up Language Consultants, escola que faz cursos
dirigidos para executivos, quando estava desempregado e precisava ser
entrevistado por "headhunters". Ono preparou-se para as entrevistas durante sete
meses. Enfrentou umas seis entrevistas, as últimas nos Estados Unidos. E
conseguiu a colocação que queria. "Para mim, o curso específico foi um achado",
diz.