Um dos principais problemas das micro e pequenas empresas (MPEs) no Brasil é
a obtenção de crédito para sua manutenção e investimentos de expansão. Uma
pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de
2006 apontou que 36% das MPEs tomaram empréstimos bancários durante um período
de cinco anos.
Entre 2004 e 2005, 27% das MPEs que tentaram um empréstimo bancário não
conseguiram. Segundo os bancos, os principais problemas para a concessão foram
falta de garantias reais (22%), problemas como registro em órgãos de proteção ao
crédito (20%), projetos inviáveis (20%) ou outras causas (35%), entre elas,
análises de risco do próprio banco como ser uma empresa nova, ter baixo
faturamento ou baixa pontuação na instituição.
Assim, restou para as MPEs outras saídas informais de crédito como o pagamento a
prazo de fornecedores, que em 2005 foi utilizado por 43% delas; o uso do cheque
pré-datado (35%); o cartão de crédito (31%), além de algumas mais informais
ainda como o empréstimo de agiotas (3%) e o empréstimo de parentes ou amigos
(5%). Os empréstimos em bancos públicos ou privados foi usado por 25% dos
entrevistados em 2005.
O empresário deve saber também para que vai emprestar esse dinheiro, por
exemplo, se será para capital de giro ou capital de risco. Em todos os casos, é
preciso fazer um importante plano de negócios.
A Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas, de dezembro de 2006, pretende ajudar
o micro e pequeno empresário neste sentido também. O caminho, no entanto, ainda
é longo. Veja as opções disponíveis no Brasil.
Microcrédito
O microcrédito é uma das opções menos burocráticas para
a concessão de financiamento, principalmente, às microempresas e empreendedores
que ainda estão na
informalidade. Organizações não-governamentais, órgãos públicos e
associações sem fins lucrativos são as principais promotoras do microcrédito,
cujo os valores emprestados podem ser de R$ 200 a R$ 10 mil.
Os juros para o microcrédito devem ser limitados a 12% ao ano, o que é menor que
os cobrados por outros tipos de financiamento. No entanto, o empreendedor deve
ficar atento a outras possíveis taxas que essas instituições podem cobrar.
Obviamente, cada agente de microcrédito tem seus parâmetros para concessão.
Normalmente, o empreendedor não pode ter o nome inscrito em nenhum dos órgãos de
proteção ao crédito como a Serasa e deve ter residência fixa na cidade onde será
feito o empréstimo. A maioria das instituições que fazem esse tipo de crédito
também exige um fiador como garantia, caso o empreendedor não consiga pagar.
O papel do BNDES
A maioria dos bancos públicos e privados do Brasil tem uma linha de
financiamento para as micro e pequenas empresas (MPEs). A viabilização desses
produtos é possível graças às políticas adotadas pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que os bancos cadastrados podem
utilizar.
No BNDES, os critérios para MPEs são um pouco diferentes do utilizado pela Lei
Geral das Micro e Pequenas Empresas. Assim, para o banco estatal de fomento a
classificação é:
- microempresas: receita bruta anual até R$ 1,2 milhão;
- pequenas empresas: receita bruta anual superior a R$ 1,2 milhão e
inferior ou igual a R$ 10,5 milhões.
Em 2006, as MPEs (levando em conta o parâmetro do banco) foram responsáveis
por 32% dos empréstimos concedidos pelo BNDES, perdendo em número de concessões
apenas para pessoas físicas, que foi metade das 122.169 operações. Obviamente, o
volume é proporcionalmente menor, já que os volumes para as grandes empresas
acabam sendo maiores. As MPEs foram responsáveis por 7,8% dos R$ 51,3 bilhões
desembolsados pelo banco de fomento em 2006.
Para facilitar a vida das MPEs, o banco cobra uma taxa administrativa de 1% ao
ano, metade do que cobra de outras empresas. O outro custo do crédito é a Taxa
de Juros de Longo Prazo (TJLP), que em 2006 passou de 9% ao ano no primeiro
trimestre para 6,5% ao ano no último. No entanto, os gastos não param por aí.
Para operarem com segurança, os bancos cobram um spread que varia de banco para
banco. Na média dos primeiros meses de 2007, o spread para as microempresas foi
de 3,9%. Para pequenas empresas, 3,4%. Por isso, não esqueça, na hora de
procurar uma instituição para obtenção de crédito, pequise.
Entre os serviços oferecidos pelo BNDES que mais são utilizados pelas MPEs estão
o Cartão BNDES, Finame, BNDES Automático e Apoio à Exportação. Eles englobam as
seguintes linhas de financiamento:
- Investimento fixo, capital de giro associado e aquisição de bens de
capital
- Aquisição de ônibus urbanos integrados
- Aquisição de ônibus rodoviários
- Aquisição de ônibus urbanos em sistemas não-integrados
- Fabricação de equipamentos e sistemas
- Operações de leasing de bens de capital sem rodas
- Operações de leasing de bens de capital com rodas
- Importação de equipamentos
- Exportação - operações de pré-embarque
- Exportação - operações de pós-embarque
BNDES Automático
Esta modalidade é voltada para os empresários, incluindo também as micro e
pequenas empresas (MPEs), que desejam financiar a montagem completa ou em parte
do seu negócio seja uma padaria ou uma pequena fábrica, por exemplo. Podem ser
financiadas desde máquinas e equipamentos, reforma do imóvel até o capital de
giro associado. Nesse caso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) limita o crédito em até R$ 10 milhões.
Os parâmetros são semelhantes aos do Financiamento de Máquinas e Equipamentos
(Finame), com pequenas diferenças. O crédito de capital de giro associado ao
investimento, por exemplo, tem limites diferentes: até 70% do total para
microempresas e 40% para pequenas empresas.
Apoio à ExportaçãoAs linhas de financiamento de apoio à exportação
englobam várias modalidades de facilidades tanto para o pré-embarque quanto para
pós-embarque. Para as micro e pequenas empresas (MPEs), uma das modalidades mais
interessantes é o Pré-embarque Empresa Âncora. Nesse caso, as MPEs têm a
possibilidade de se unirem a outras para conseguir exportar através de uma
empresa intermediária. Outras modalidades são pré-embarque, pré-embarque ágil.
No primeiro caso, é financiamento para exportação já especificada. No
pré-embarque ágil, o financiamento é feito de seis ou até 12 meses antes do
embarque sem a especificação detalhada do produto. Nesse caso há uma lista de
produtos, obviamente nacionais, que podem ser enquadrados e estão no site do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
É importante ressaltar que essas linhas de crédito são principalmente para o
financiamento do Fob (Free on Board), que seria o custo do transporte após o
embarque. Garantias e taxas são definidas pelos bancos intermediadores, ou seja,
mais uma vez, o importante é pesquisar o que os bancos oferecem.
Crédito para franqueadosOutra opção para a micro e pequena empresa é comprar uma
franquia. A
Caixa Econômica Federal, o
Banco do Brasil e
Banco do Nordeste tem linhas de crédito específico para os franqueados. A
princípio, os créditos são muito parecidos com o de outras instituições. A
vantagem é que, como o banco já conhece o negócio que está consolidado pelo
franqueador, a burocracia e os trâmites para concessão do crédito são
facilitados.