Ações / Bolsa de Valores - Cautela é a palavra de ordem: como agir diante de uma crise?
A volatilidade da bolsa, a escassez e o aumento do custo do crédito para as
empresas, o repasse destes custos ao consumidor, a redução da produção, o
desemprego... estes são alguns dos efeitos que a crise norte-americana, que
acomete o mundo inteiro, pode causar aos brasileiros.
Diante de tanta incerteza, o que fazer?
"O importante é ter cautela", afirma o professor da Fipecafi (Fundação Instituto
de Pesquisas Contáveis, Atuariais e Financeiras), Alexsandro Broedel Lopes.
"Como o grau de incerteza é muito grande, a capacidade, hoje, de previsão do dia
seguinte, é zero. Diante deste quadro, calma é a palavra de ordem".
Garantir o principal
Segundo Lopes, a bolsa é um grande termômetro da crise. Para ele, a volatilidade
sentida nos últimos pregões retrata a incerteza do investidor. "A diferença de
expectativas mostra essa realidade. E a gente nota que essa diferença é brutal
quando a variação é muito grande".
A dica, segundo ele, principalmente para os pequenos investidores, é: "ficar
longe da bolsa". "Os investidores que estão acostumados com o mercado estão
agindo com cautela. Quem é novo e, principalmente, conservador, deve sair
agora".
O importante, neste momento, é garantir o principal. "Ninguém está preocupado
com rentabilidade e, diante do risco muito alto, proteger o principal é o melhor
a fazer".
"Não quero ser pessimista e até acredito que os americanos vão resolver o
problema, mas essa é a atitude mais sensata a tomar no momento", explica. "Se a
crise se dissipar, no entanto, torna-se um bom momento para voltar à renda
variável", pondera.
Segundo Hugo Azevedo, autor de "500 Perguntas (e respostas) Básicas de
Finanças", buscar aplicações conservadoras é a dica para quem vai investir neste
momento de crise. "O ideal é buscar instrumentos com taxas pós-fixadas e em
bancos de primeira linha", aconselha. "Não é momento para ficar pré-fixado",
afirma.
Crise do crédito
De acordo com dados preliminares da Anefac (Associação de Executivos de
Finanças, Administração e Contabilidade), a crise já causou aumento nas taxas
médias de juros dos financiamentos no Brasil, tanto para a pessoa física quanto
para a jurídica.
Segundo Azevedo, o ideal, agora, é segurar o financiamento. "Pode até ser que
algumas pessoas tinham planejado entrar numa linha de crédito para compra do
carro zero, por exemplo, mas, se puder adiar, adie. O momento não é dos
melhores", afirma.
Para ambos os especialistas, as dicas são as mesmas: fuja das dívidas, opte por
aplicações conservadoras (em instituições conservadoras), segure financiamento e
aguarde.
"Não é época para ficar brincando com dinheiro", conclui Azevedo.
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