Segundo a crença popular, ser perfeccionista é bom. Afinal, é sinônimo de
estar sempre em busca da excelência. Mas esta é apenas uma confusão que se faz.
"Existe uma percepção errônea de que ser perfeccionista é a única maneira de ser
aceito no mundo corporativo", explica a diretora da Vox Solutions, empresa do
CLIV Solution Group, Angela Mota Sardelli.
É verdade que as empresas valorizam a excelência, mas com certo limite. A mania
de perfeição pode prejudicar o dia-a-dia do perfeccionista e das pessoas ao seu
redor. "É uma condição emocional enraizada em algumas pessoas. Mas o desejo de
ser perfeito o tempo todo traz angústia, sofrimento e insegurança. O receio de
errar é mais forte porque está atrelado ao medo da rejeição".
Seja mais tolerante
Segundo Angela, o nível alto de exigência atrapalha a carreira do indivíduo,
porque são criadas metas inatingíveis. "Se o profissional não atinge a perfeição
uma vez, tudo bem, mas, logo na segunda vez, a frustração é tamanha que ele
perde o referencial. Ele esquece de tudo que conseguiu até o momento e passa a
focar somente naquele fracasso", conta.
Pode ser o projeto que não foi aprovado, a palestra que foi um desastre, a
reunião que não originou o negócio esperado, o prazo que não foi cumprido ou as
vendas que caíram. Não importa a situação, ela é sempre vista como um fracasso
de grandes proporções. "Às vezes, não houve um fracasso propriamente dito, mas o
perfeccionista se esforçou tanto que esperava receber uma promoção ou um elogio.
O reconhecimento que não vem é interpretado inconscientemente como um fracasso".
O perfeccionista ainda por cima corre o risco de projetar suas altas
expectativas no outro, sendo exigente com relação aos colegas de equipe na mesma
medida que é consigo mesmo, o que pode prejudicar as relações de trabalho. "A
situação se complica ainda mais quando o perfeccionista é líder. Estamos falando
daquele gestor centralizador, que não delega as tarefas por achar que ninguém
faz melhor do que ele".
O comportamento do perfeccionista gera um círculo vicioso do qual é difícil de
sair e que prejudica também a saúde. "Procure dar sempre o seu melhor, mas sem
exageros", recomenda a especialista.