Negócios / Empreendedorismo - Como administrar visando o lucro e não apenas a participação de mercado
Satisfeito por participar do primeiro evento cujo nome contém a palavra
"lucratividade", o consultor Hermann Simon organizou sua palestra no Fórum
Mundial de Lucratividade 2008 em sete lições.
1ª lição: o lucro deve ser a meta principal de toda a empresa
Simon afirma que se deve preferir os lucros ao market share (participação de
mercado). Para que isso ocorra, contudo, é necessário que seja, de fato,
introduzida a cultura do lucro na organização. O primeiro passo é reconhecer os
sintomas do baixo lucro e diagnosticar por que a cultura do market share domina
o pensamento gerencial na empresa em questão. Para ilustrar a força da cultura
do market share, com a qual se deve romper definitivamente, Simon recorre às
palavras de um vice-presidente executivo de uma indústria automobilística, que
teria declarado: "Vamos falar honestamente. Nós todos pretendemos buscar o
lucro, mas cabeças começam a rolar tão logo o market share cai 0,1%. Se o lucro
despenca 20%, nada acontece".
Simon lembra que uma organização não vive de market share e sim de lucro. Isso
permite, por exemplo, que uma empresa de menor faturamento compre um gigante. O
consultor foi enfático ao afirmar que o lucro é o preço da sobrevivência. "Se
precisamos dele para sobreviver, não toque nele", aconselha o palestrante. Simon
explica que é o maior fã do market share, mas do bom market share. Para saber se
é bom, a pergunta que faz é: "Como se chega a tal participação?" Se for por meio
de desempenho, inovação, qualidade, bom valor ao cliente, tal participação é
acompanhada por altos lucros, então é boa. Por outro lado, se foi conquistada
por meio de uma precificação agressiva, com altos descontos, sem o
correspondente custo baixo, tal market share é equivocado.
2ª lição: agressão e consentimento destroem lucros
A questão diz respeito a como você percebe e reage aos concorrentes. Na
agressão, há guerra de preços, porque um concorrente acha que o outro quer
brigar pela mesma fatia de mercado. No consentimento, falta a adequada
agressividade na estratégia competitiva. A concorrência deve ser vista, segundo
o consultor, do ponto de vista de como os clientes vêem os concorrentes de sua
empresa. Eles não são vistos como agressores. Simon salienta que, na maioria das
vezes, é melhor ceder algum território ao concorrente, evitando a colisão, ou
evitando ter que matá-los, pois isso pode sair caro.
3ª lição: o preço é o direcionador mais eficaz de lucro
O preço pode tanto gerar lucros enormes quanto devastar a lucratividade.
Lembrando que custos variáveis variam com o volume de produção, Simon recomenda
que se evite cortes em preços com vistas ao aumento do market share. Nesse
sentido, Simon postula que a finalidade do marketing não é satisfazer os desejos
dos clientes, mas tornar ou manter a empresa lucrativa. E pergunta: "Quantas
vezes os seus vendedores negociam internamente preços menores, em vez de
negociar com o cliente, oferecendo valor a ele?"
Para o palestrante, o medo é o assassino oculto - medo que o vendedor tem de não
conseguir o pedido, de perder o cliente, de perder a comissão, de perder status.
Simon considera normal que se percam clientes em função do preço. Entretanto,
alerta: "Se o seu sistema de valor ranquear e reconhecer as pessoas de acordo
com as vendas, evidentemente, você tem um problema".
4ª lição: entenda o valor
A entrega de valor ao cliente (sua capacidade de fazê-lo da melhor maneira) bem
como a extração de valor (o que a organizações recebe) são os fatores essenciais
que determinam os lucros e os preços. Simon denomina "campeãs ocultas" as
empresas líderes em seus mercados que equilibram corretamente valor e preço,
conseguindo cobrar, pelos seus produtos, 10% a 15% acima dos concorrentes e
rejeitando guerra de preços. Entre as brasileiras campeãs, o consultor cita a
Embraer, a Fischer, a Embraco e a Cutrale.
5ª lição: preços baixos + custos baixos
Para Simon, é possível ter lucratividade praticando preços baixos, desde que os
custos sejam igualmente menores do que o dos concorrentes. Entretanto, para ele,
apenas poucas empresas podem fazer isso, pois requer enxugar toda a cadeia
estratégica, envolvendo produção, marketing e as demais áreas da empresa, até o
ponto da frugalidade. O consultor afirma que este será o jogo do futuro:
eficiência extrema e orientação ao custo. Um exemplo atual é o carro indiano
Tata, o nano carro.
6ª lição: evite as guerras de preços
Simon defende que só se deve entrar em guerra de preços se a organização contar
com custos sustentavelmente mais baixos e/ou maior fôlego financeiro para
vencê-la ou acabar com ela. Os dois principais fatores que levam à guerra de
preços são o excesso de capacidade e a 'comoditização' de produtos. Para ele,
uma boa maneira de prevenir ou encerrar uma guerra de preços é sinalizar suas
intenções. Por exemplo, quando se explica ao mercado que se vai introduzir um
novo produto e que, por isso, o antigo será vendido com um desconto, o
concorrente não entenderá isso como uma agressão.
7ª lição: examine processos de valor e precificação
Simon alerta para o fato de a implementação determinar o sucesso da estratégia.
Assim, os processos devem estar afinados e as equipes devem estar alinhadas.
Cuidado especial deve ser tomado na relação com os fornecedores, pois podem
levar a conquistadas ou perdas de grandes margens. Segundo o palestrante,
aperfeiçoar processos de valor e de precificação faz aumentar a margem de lucro
em cerca de 2%. Simon finaliza sua apresentação recomendando especial atenção à
força de vendas. De acordo com ele, "Se os vendedores não aceitam suas decisões
estratégicas sobre preços e valor, podem acabar com suas idéias e minar os seus
esforços".
Referência:
sebrae-sc.com
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