Negócios / Empreendedorismo - As 10 maiores ameaças para os negócios na atualidade
O consumidor atento às questões ambientais e disposto a mudar seus hábitos de
consumo para alternativas mais ecológicas já pode ser considerado como um
potencial risco aos negócios. É o que aponta estudo da consultoria Ernst&Young,
intitulado "Riscos Estratégicos aos Negócios - 2008 - Os Dez Maiores Riscos às
Empresas". O estudo, com base nas análises de 70 especialistas ao redor do
mundo, avaliou 12 setores da economia e apontou as dez maiores ameaças para os
negócios na atualidade. Um deles é o que o estudo chama de "radical greening" -
que pode ser traduzido como a adoção extremada de hábitos "verdes", e que aos
poucos está influenciando o comportamento das empresas. A militância dos
consumidores ativistas figura lado a lado com outros riscos aos negócios, como
mudanças na legislação, inflação dos custos corporativos e envelhecimento da
população.
O risco do "radical greening" aparece na nona posição na média dos maiores
impactos, e seu peso varia conforme o setor em que a empresa atua. "Setores como
petróleo e gás, automobilístico, seguros, energia e saneamento têm nas questões
ambientais um risco forte a ser gerenciado, principalmente por causa do
aquecimento global", diz Joel Bastos, diretor de Sustentabilidade da
Ernst&Young. "Mas cresce também o risco das empresas que fabricam produtos de
consumo, do setor bancário e do varejo, pois vemos claramente um cenário em que
os consumidores vão banir empresas que não considerarem responsáveis", completa.
Segundo o executivo, isso tem levado estrategistas de indústrias como a de
automóveis a se empenharem no desenvolvimento de carros menos poluentes. "Há 30
anos, ninguém iria imaginar que o hábito de fumar seria tão combatido. Já existe
um temor na indústria de que o automóvel se torne o novo cigarro", compara.Em
setores como alimentos, a preocupação ambiental caminha junto com a preocupação
com saúde. "São tendências de consumo que andam juntas e que crescem na mesma
proporção."
São pessoas como a designer gráfica Fabiana Caruso, 28 anos, e seu marido, o
nutricionista Francisco da Costa Silva Júnior, 29 anos. Integrantes do movimento
conhecido como veganismo - não consomem qualquer produto de origem animal, como
carne, leite e couro -, eles são céticos em relação às boas práticas da
indústria de alimentos, medicamentos e cosméticos. Preferem comprar produtos de
pequenas empresas, mais afinadas com a filosofia que praticam. "As estratégias
das grandes empresas em parecerem 'verdes' é só para conquistar mais um nicho de
consumidores. Não existe um compromisso real de ser mais ético, mais
sustentável", diz Júnior. Ele observa, no entanto, que nos últimos anos aumentou
a oferta de produtos com essa rotulagem - como grandes laticínios que oferecem
produtos à base de soja. "Mas eles continuam sendo grandes laticínios, com
práticas que não aprovamos."
O casal já se acostumou a olhar minuciosamente rótulos e pesquisar a fundo os
componentes dos produtos que compram. "Estamos sempre observando e repensando o
que nos é apresentado como opção de consumo", diz Fabiana, que revela ter banido
definitivamente várias marcas de seus hábitos de consumo.
Percepção
A percepção dessas mudanças de comportamento dos consumidores já traz reflexos
nos negócios de grandes multinacionais, que já começam a sentir a pressão desses
grupos. Um exemplo é a rede varejista Wal-Mart, que desde 2006 vem tentando
colocar mais produtos "sustentáveis" nas gôndolas. Na prática, isso significa
mais produtos orgânicos, aumentar a presença de produtos feitos a partir de
materiais reciclados - o lançamento mais recente foi um cobertor feito 100% de
plástico PET -, estimular os fornecedores a desenvolver embalagens menos
poluentes e até banir categorias que sejam consideradas inadequadas, como
lâmpadas incandescentes, de sua marca própria.
"Em cinco anos, todos os produtos da marca própria devem se enquadrar nessa
categoria. Atualmente, em torno de 15% dos nossos fornecedores já se adaptaram à
exigência", diz Fábio Cyrillo, diretor de marcas próprias do Wal Mart Brasil. A
estratégia de expandir o sortimento de orgânicos faz parte do programa de
sustentabilidade da companhia no mundo que envolve investimentos de US$ 500
milhões até 2010. Gigantes de produtos de consumo, como Unilever e
Procter&Gamble, também vêm tentando desenvolver produtos com a proposta de serem
menos agressivos ao ambiente.
Dona das marcas Omo e Confort, a Unilever lança, nos próximos dias, um produto
que promete ajudar na economia de água. Redes de fast food como o Mcdonalds
estão mudando o cardápio para se resguardar contra críticas de consumidores
preocupados com saúde. "Antes de tudo, o 'radical greening' é bem informado, tem
dinheiro e escolhe marcas. As empresas não podem prescindir dele", resume
Bastos, da Ernst&Young.
As maiores ameaças às empresas
01. Riscos regulatórios: referentes a mudanças na legislação
02. Choques financeiros globais: crises financeiras internacionais
03. Envelhecimento da população: futuro do trabalho e do consumo
04. Mercados emergentes: mudança na geopolítica dos negócios
05. Consolidação dos negócios: impacto das fusões e aquisições
06. Crises de energia: aumento expressivo do preço da energia
07. Transações estratégicas: perda de oportunidades de negócios
08. Inflação dos custos: aumento dos custos para se fazer negócios
09. "Verde radical": pressão por questões ambientais
10. Mudança de hábitos: tecnologia transforma os hábitos de consumo
Referência:
sebrae-sc.com
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