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Carreira / Emprego - Teoria contrária: conflitos entre funcionários fazem bem às empresas 

Data: 12/09/2008

 
 

Livros e reportagens sobre carreira e liderança afirmam, quase que invariavelmente, que os conflitos prejudicam o andamento dos trabalhos nas empresas; impedem o líder de focar na gestão estratégica, pois este acaba perdendo grande parte do tempo tentando apaziguar os ânimos da equipe; e acarretam falta de motivação.

Na realidade, entretanto, os conflitos podem ser interessantes e positivos tanto para as empresas quanto para os líderes, se estes souberem liderar. O professor do Ibmec-SP Gilberto Guimarães, que também dirige a BPI no Brasil, consultoria européia especializada em processos de mudanças, explica que existem dois tipos de desavenças entre funcionários e entre funcionários e líderes.

Tipos de desavenças
Há os conflitos comportamentais, que estão longe de serem positivos às empresas, e os conflitos de idéias e visões, que enriquecem as atividades das organizações. "Quando existe discussão em torno de um tema, cada um dos dois lados da história expõe suas idéias e o resultado é uma terceira idéia".

Mesmo que o chefe imponha sua idéia, esta já estará modificada pela discussão, o que representa um ganho de qualquer maneira, garante Guimarães. A explicação é que o "vencedor" da discussão terá ainda mais certeza de que sua idéia é a melhor.

"As propostas evoluem com o debate, dando mais certeza às certezas". Mas esta seria, segundo o especialista, a "pior das hipóteses". "Geralmente, discussões dão margem a uma terceira proposta". Sob este prisma, a dedução que se faz é que empresas onde não ocorre conflito algum podem ficar estagnadas e deixar de crescer.

Profissional: quando é hora de expor suas idéias?
Nem sempre as idéias dos funcionários dissidentes são boas, por isso é preciso tomar cuidado e avaliar com cautela o que falar, e quando. "A transparência total não é um bom critério de comunicação, por isso procure colocar suas idéias e proposições quando tiver certeza de que elas são boas. É importante filtrá-las. Dependendo do assunto, faça pesquisas, procure uma base de argumentação", aconselha o professor.

Líder: como estimular conflitos "positivos"?
De acordo com Guimarães, na sociedade do conhecimento, o bom chefe tem noção de que, via de regra, não sabe mais que seus funcionários, que são especialistas no que fazem. Daí a importância de estar aberto às idéias, e não criticar ou censurar funcionários dissidentes.

"Não faz sentido para um líder maduro impor seus pontos de vista e opiniões. O certo é discutir. Quem administra uma equipe pode impor resultados, mas nunca procedimentos. Estes precisam ser sempre melhorados. O debate sempre deve ter como norte a maturidade, tanto técnica quanto psicológica, do líder e dos membros da equipe", sublinha.

Entretanto, ele alerta que, se o conflito for de idéias, e não comportamental, o líder não pode botar lenha na fogueira, mas também não é sempre indicado apagar o fogo. "Deixe fluir. Estimule o diálogo no dia-a-dia, peça sugestões e induza a equipe a encontrar novas soluções, mas tudo com muito jogo de cintura", revela.

"O chefe de hoje é um maestro. Antigamente, fazia sentido pressionar para que as atividades fossem desenvolvidas com mais rapidez, porque a produtividade do ser humano era a máquina que determinava. Hoje, mais importante do que agilidade é a qualidade do trabalho e os resultados atingidos por meio dele", acrescenta.

Lidando com a mágoa
"Onde há conflitos, há mágoa, é uma característica do ser humano", garante Guimarães. Daí a importância do líder ter jogo de cintura ao lidar com as desavenças e as discussões que, como vimos, são essenciais a qualquer empresa. O ideal é criar um clima de liberdade, em prol do surgimento de idéias, e de cooperação e entendimento, para que cada um dos funcionários sinta que ganhou com o debate, ainda que sua idéia não tenha sido a preferida.

"Além disso, o gestor da equipe não pode classificar nenhum funcionário de melhor ou pior por suas idéias. Não julgue o quem e sim o que". Ou seja, não importa de quem tenha sido a idéia, mas se esta é valiosa ou não.



 
Referência: InfoMoney
Autor: Karin Sato
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