Carreira / Emprego - TPM: para cada tipo, uma reação no trabalho
Ao contrário do dia anterior, você acordou sem ânimo para o trabalho, se irritou
porque a escova de dentes não estava no lugar de sempre, e isso já foi motivo
para não falar bom dia para quem encontrou e para sentir um mal-estar atípico.
Pode ter certeza: você está com TPM (Tensão Pré-Menstrual)!
O problema afeta 85% das mulheres brasileiras - embora apenas metade desta
população busque ajuda médica - e mexe com o humor de uma maneira que pode
provocar conflitos intensos no ambiente de trabalho. É por isso que, aos poucos,
as empresas brasileiras estão prestando mais atenção à TPM.
"É um problema que só agora estamos conseguindo sensibilizar nas empresas",
afirmou o Dr. Eliezer Berenstein, que é proprietário de uma clínica que leva o
seu nome e oferece tratamento para a TPM, bem como um programa de apoio às
empresas para lidar com o problema.
Ambiente de trabalho
De acordo com o médico, antes, os problemas femininos ficavam limitados à
medicina do trabalho (ocupacional) e, muitas vezes, este método não resolvia a
TPM. Havia certa inexperiência das empresas em lidar com a mulher, que teve um
ingresso tardio no mundo corporativo, em relação aos homens.
"Só agora o problema começa a ter mais foco. A empresa começa a comparar o
absenteísmo de homens e mulheres, acidentes de trabalho entre homens e mulheres,
e ver que elas são destaque. Não havia essa conscientização", explicou o médico.
Para se ter uma idéia, nos setores essencialmente femininos, verifica-se queda
de 10% na produtividade, relacionada ao absenteísmo (causado pelos sintomas da
TPM, como dores de cabeça), em comparação com setores exclusivamente masculinos.
"Quanto mais jovem a equipe, maior o problema. Cuidar da TPM não vai ser uma
tendência nas empresas, mas uma obrigação".
E não tem empresa que não se salve: toda companhia que tem mulheres em seu
contingente sofre com o problema.
A TPM
A TPM é uma doença que incide desde a adolescência até o climatério. A causa é
desconhecida, apesar de inúmeras teorias tentarem explicá-la, mas é modelo
típico de doença psicossomática, surgida a partir das modificações dos hábitos
menstruais neste século.
Ela pode estar relacionada às alterações bioquímicas nos níveis dos hormônios
sexuais (estrogênio, progesterona), hábitos alimentares, estilo de vida ou
estresse. Está dividida em quatro tipos, que resultam em comportamentos
diferentes nas mulheres e têm tratamentos distintos. Veja abaixo:
- Tipo A: gera ansiedade, irritabilidade, agressividade, hostilidade e
pavio curto. "Para essa pessoa, a TPM piora com atividade física, porque tem
mais adrenalina e a pessoa precisa relaxar. Então, é preciso fazer
relaxamento e yoga, por exemplo", afirmou Berenstein.
- Tipo D: resulta em depressão, tristeza, desmotivação, sonolência e
auto-estima baixa. "Se fizer yoga, ela se deprime mais. Precisa de
adrenalina, então o indicado é a atividade física".
- Tipo C: compulsão por ordem, comida, doces. "Só fazer um trabalho com
medicamentos já melhora".
- Tipo H: há retenção de líquido, dor de cabeça, sobrepeso, inchaço. "O
tratamento também é medicamentoso".
Para cada tipo, um efeito no trabalho
Cada tipo de TPM tem seu tratamento e resulta em um comportamento no ambiente de
trabalho, segundo explicou o médico especialista. A depressiva tende a prorrogar
reuniões e transforma o dia de trabalho em algo não produtivo.
Já a do tipo ansioso passa a ficar super irritada, não suporta o trânsito, o
chefe, tende a não ir ao trabalho e, se vai, agride as pessoas. A do tipo H, que
retém líquido, se sente desconfortável, com dor de cabeça, no corpo e inchada.
Por último, a do tipo C, compulsiva, passa a ser exigente demais com os
resultados, mas reforça o lado negativo desta característica, que são as
punições a quem não os alcança.
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