Carreira / Emprego - Foi demitido? Saiba que não significa que seja incompetente
Toda vez que alguém é demitido, a história se repete: o profissional fica com
baixo astral, se perguntando por que isso aconteceu. A idéia de que seja
incompetente, sem querer, passa por sua mente, o que é compreensível. É uma
situação chata e, dependendo da forma como a decisão é comunicada, podem ficar
seqüelas.
Eis a boa notícia: existe uma grande chance de a demissão não ter sido causada
por incompetência. De acordo com o consultor do IDORT/SP, Américo José, existem
várias causas para as demissões, e uma muito comum é a mudança de estratégias
empresariais.
Entenda a decisão da empresa
"A empresa pode mudar a política, suas estratégias. Vamos supor que uma empresa
de telefonia precisa de um gerente com perfil de vendedor. Chega um momento em
que este gerente já vendeu tanto que não é mais preciso ter um profissional que
é ótimo vendedor. Agora, a empresa precisará de alguém focado apenas na
administração dos clientes já conquistados. É quando o primeiro gerente é
demitido", explica o consultor.
Além disso, as estratégias empresariais estão atreladas à conjuntura econômica e
à situação do mercado. Para citar um exemplo: atualmente, com o dólar fraco e a
concorrência feroz dos produtos chineses e indianos, não está valendo a pena
exportar para muitos empresários. Com isso, há a chance de demissão de todo o
departamento de exportação da empresa. Se isso aconteceu, ou vier a acontecer,
não se culpe.
O profissional bom, mas defasado
Pode acontecer também de a empresa demitir um profissional excelente, que já
está na casa há muitos anos. É provável que o motivo não seja sua incompetência,
mas a falta de atualização profissional. Não podemos esquecer que o mundo e os
mercados mudam constantemente, o que obriga as empresas a mudar também, se não
quiserem fechar as portas.
"Essa situação acontece muito àqueles que têm mais tempo de casa. É porque o
funcionário mais antigo esquece de olhar para aonde a empresa está indo e não
analisa o perfil das últimas pessoas que foram contratadas. Uma dica é olhar
para as práticas do concorrente e do mercado como um todo. Questione para aonde
o mercado está caminhando. Um exemplo que podemos citar é do gerente de banco.
Uma competência que não era exigida antes e hoje é essencial é a compreensão dos
investimentos".
De acordo com José, é comum o profissional achar que é dever da empresa cuidar
de sua reciclagem profissional. Com isso, ele fica esperando por cursos e
treinamentos que nunca acontecem. "O papel da empresa não é ensinar. Se ela
ensinar, está ótimo, mas, caso contrário, o funcionário é quem deve correr
atrás. Hoje, seu diploma tem prazo de validade".
Outros motivos
Não podemos descartar a hipótese de o profissional não ter atendido as
expectativas do contratante. Mas também não devemos fechar os olhos para as
outras hipóteses concretas.
Uma causa de demissão que não podemos desconsiderar é o boicote, que pode vir do
chefe ou dos colegas. "Quando uma pessoa quer assumir um papel que não é seu e
quer aparecer mais que os demais porque não sabe trabalhar em equipe, a própria
equipe boicota a pessoa. Mas o boicote também pode ter origem no chefe inseguro,
que teme a competição. Ao perceber que seu subordinado é melhor do que ele,
defende o emprego a qualquer preço". E esse preço pode ser prejudicar alguém
injustamente.
Há ainda os casos das empresas que demitem por conta de uma situação financeira
delicada. Por não conseguir arcar com todas as suas responsabilidades, o
empresário demite parte do staff.
A última causa a ser citada é o próprio comportamento do profissional. "O
profissional que vai a uma festa e fica bêbado demonstra não ter postura
adequada à cultura de determinada empresa, o que pode causar seu desligamento,
ainda que seja muito competente", finaliza.
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