Carreira / Emprego - Conflitos no trabalho custam caro, revelam pesquisas
O medo de retaliações faz com que muitos profissionais ocultem de seus gestores
e do responsável pelo Recursos Humanos conflitos causados pela falta de ética e
pela postura inadequada de colegas ou de líderes. "Em um mundo em que se observa
competição não apenas local, mas regional e globalizada, este tipo de receio é
natural", explica a mestre em psicologia da saúde pela Universidade Metodista de
São Paulo e consultora da BSP Career, Denise Manfredi.
"As pressões atuais na busca por diferenciais, transformações constantes e
melhores resultados dificultam a mudança de estilo de liderança. O que se
observa, em depoimentos de estudantes de MBA e outros cursos de pós-graduação, é
que a relação entre colegas de trabalho ou entre funcionários e chefes nem
sempre são tranqüilas".
No entanto, mudanças econômicas, demográficas e do mercado exigem que gestores
não apenas negociem com suas equipes, mas também ajudem as pessoas a negociarem
entre si. Em muitos casos, é ele quem deve mediar o conflito de trabalho. A
maioria dos gestores, entretanto, não possui preparo para tal, nem passou por
treinamento focado em conflitos.
O alto custo dos conflitos nas empresas
Assim, todos perdem: o líder, o liderado e a empresa. "Daniel Dana, um dos
pioneiros no campo da resolução de conflitos no ambiente de trabalho, Ph. D. em
psicologia, estima que acima de 65% dos problemas com desempenho são causados
por conflitos no relacionamento entre os funcionários em diversos níveis. Ele
destaca oito fatores de custos com conflitos", relata Denise.
Conheça os fatores de custos:
- Tempo desperdiçado: brigas e desentendimentos distraem os funcionários,
desviando o foco do que é importante. As pesquisas revelam que 30% do tempo
dos gestores são investidos na administração dos conflitos; e 42% do tempo
são usados tentando acordos. Se multiplicarmos o salário anual, mais os
encargos por essa porcentagem de tempo, a soma será significativa;
- Qualidade de decisão: "pergunte-se quais oportunidades foram
prejudicadas por decisões pobres afetadas por conflitos onde as reações
competitivas falaram mais alto do que o pensamento estratégico. Estime o
custo dessas oportunidades e a perda proporcional", recomenda a consultora;
- Perda de funcionários qualificados: verifica-se também por meio de
várias pesquisas que as demissões apresentam em 90% os conflitos como causa,
não considerando os "downsizings" e reestruturações. A Raytheon
Corporation determinou que a substituição de um engenheiro custa 150% da
remuneração anual. Essa porcentagem considerou a perda de produtividade,
honorários ou outros custos de recrutamento e seleção, retreinamento, entre
outros;
- Reestruturações: geralmente, pensa-se em mudanças de estrutura para
reduzir a quantidade de interações conflituosas. Infelizmente, o fluxo
reestruturado tem se mostrado menos eficaz do que os formatos originais onde
os funcionários teriam produzido muito mais trabalhando juntos;
- Sabotagem, roubos e vandalismos: vários estudos demonstram uma
correlação direta entre a prevalência de conflitos e a quantidade de danos
que ocorrem quando os funcionários estão frustrados e desgastados. Muitos
custos neste fator não são percebidos pelos gestores e acabam classificados
como erros incidentais ou eventuais;
- Queda de Motivação: de tempos em tempos, a motivação é vitima de
estresse nos relacionamentos com pessoas difíceis, principalmente sob
assédio moral por suas chefias. Isso sem considerar a queda na qualidade do
trabalho e a conseqüente perda de clientes e prejuízo na imagem corporativa;
- Ausências ou Rotatividade: ausências em grande parte vêm sendo
correlacionadas com a raiva e o ambiente tóxico. A ciência médica tem
provado que as infecções virais e até mesmo o câncer são parcialmente
psicogênicos. Ou seja, em parte, são causados por condições emocionais ou
psicológicas. Muitas situações são filtradas pela visão dos gestores, exceto
quando se trata das ausências deles mesmos;
- Custos com saúde: como foi mencionado, doenças e injúrias que requerem
atenção médica são, parcialmente, psicogênicas, e conflitos contribuem para
tal.
|