Empréstimos, financiamentos e compras a
prazo somente são úteis quando nos tornamos mais ricos com eles. Mesmo assim,
somente aqueles que possuem um rígido controle orçamentário saberão se estão
ficando ou não mais ricos ao trabalhar com dinheiro dos outros. A regra é
simples: somente compre a prazo ou financie quando seu dinheiro estiver rendendo
em uma aplicação juros maiores que os do financiamento. Isso é raro de
acontecer. Jamais invista em aplicações financeiras se estiver devendo; elimine
primeiro as dívidas para depois começar seu plano de investimentos, pois é uma
hipocrisia acreditar que se está ficando mais rico quando se ganha 1% de juros
no banco e se perde 3% no financiamento. Os financiamentos só empobrecem as
famílias.
Então, faça um favor a você mesmo: elimine
de seu dicionário as palavras “cheque especial” e “crédito rotativo”. Os juros
destas modalidades são verdadeiras roubadas e qualquer um tem acesso a linhas de
crédito mais baratas, como os empréstimos pessoais e o crédito direto ao
consumidor (CDC). Mesmo assim, os juros altos de nossa economia só se mostram
interessantes para aplicar, não para financiar. A não ser que você tenha
urgência na aquisição do bem (necessidade, e não vontade!), tenha a paciência de
fazer uma poupança para adquiri-lo à vista daqui a alguns meses. O tempo passa
rápido. E não esqueça de pechinchar no momento da compra: dinheiro à vista é uma
preciosidade no Brasil!
Para aqueles que já estão endividados,
façam um plano de eliminação de suas dívidas. O plano é composto de três passos:
1) Urgência: coloque em
prática os outros dois passos o quanto antes! Quanto mais demorar, mas juros
pagará.
2) Substituição de dívidas:
troque as dívidas que você tem por alternativas mais baratas. Quite as dívidas
no cartão, na financeira e no cheque especial (juros maiores que 8% ao mês),
tomando empréstimos diretamente com seu gerente no banco (juros da ordem de 5%
ao mês) ou, melhor ainda, antecipando o recebimento do décimo-terceiro ou do
imposto de renda (juros entre 3 e 4% ao mês). A melhor alternativa para
substituição de dívidas é o refinanciamento do automóvel. Quem já tem um
automóvel quitado pode vendê-lo à vista, pagar as dívidas atuais com o dinheiro
recebido e comprar um novo automóvel financiado, preferencialmente com valor
igual ou inferior ao do automóvel que possuía. Os juros do financiamento de
automóveis são em geral inferiores a 2% ao mês. É importante ressaltar que
qualquer alternativa é ruim para as famílias, mas que estas medidas devem ser
adotadas para se livrar de forma mais fácil das dívidas.
3) Eliminação das dívidas:
depois de substituir as dívidas anteriores pela alternativa mais barata,
proponha-se a uma dieta rigorosa. Não de alimentos, mas de dinheiro. Planeje-se
para tentar pagar as dívidas no menor prazo possível, fazendo para isso
restrições no orçamento que desagradarão a toda a família. Corte gastos com
lazer, roupas, alimentos mais caros e economize energia, água e telefone. Faça
isso da forma mais intensa possível e no menor espaço de tempo necessário,
acumulando recursos para pagar a dívida ou grande parte dela. Esta dieta
rigorosa só funciona durante um curto período de tempo, não pense em fazer isto
durante um período maior que dois meses. E perceba: o sofrimento imposto para a
correção do problema só ocorre porque em algum momento no passado optamos por
luxos que nossa renda não comportava.