Você já parou para pensar que o seu sucesso numa entrevista de emprego pode
depender de alguns detalhes? Uns pequenos, outros nem tanto assim. Às vezes, os
erros cometidos pelos candidatos a uma vaga de trabalho são inacreditáveis. Uma
roupa mal escolhida, uma frase dita fora de hora... Para ajudar você a ser
melhor sucedido nas próximas seleções, o Universia consultou diversos
especialistas em recrutamento e seleção que falaram, afinal, o que põe tudo a
perder quando você está frente a frente com o entrevistador. Confira os dez
erros fatais na entrevista de emprego!
Chegar atrasado
"Chegar atrasado numa entrevista, além de desorganização, demonstra que o
candidato não está dando o devido valor à entrevista. A displicência com o
horário mostra que você não priorizou tal compromisso em sua agenda. Além disso,
fazer uma pessoa esperar é falta de respeito. Tempo é um recurso escasso, logo,
deve ser bem aproveitado. Caso você, por algum motivo, atrase na entrevista,
informe imediatamente o entrevistador. Verifique se é possível passar um
candidato na sua frente, ou, se necessário, remarque a entrevista. Se você
chegou no horário, mas tem compromisso para mais tarde o ideal é avisar o
entrevistador de antemão. Não faça a entrevista na correria para não se sentir
pressionado. Isso pode prejudicar seu desempenho."
Wander Mendes, professor e consultor na área de Gestão de Pessoas e
Planejamento Estratégico da FGV-PR (Fundação Getúlio Vargas do Paraná).
Usar roupas informais demais
"Hoje em dia, os jovens são muito despojados. Na faculdade,
não há nada de mal nisso. Agora, para a entrevista de emprego, não custa
melhorar um pouco o visual. Isso não quer dizer que todo candidato a estágio ou
jovem recém-formado deva vestir terno e gravata ou, no caso das meninas, tailer
e scarpin. É preciso saber escolher a roupa e adequar o vestuário a cada tipo de
empresa. Uma agência de publicidade, por exemplo, permite um visual mais
informal. Agora, se a entrevista é para uma instituição financeira, é óbvio que
o candidato terá de seguir a regra básica: esporte fino. Lembre-se: o que deve
prender a atenção do entrevistador é o seu conteúdo e não a 'embalagem',
portanto, jamais vá para a entrevista de chinelo, regata, roupa decotada,
barriga aparecendo, saia curta ou short."
Marisa Silva, consultora de Recursos Humanos da Career Center
Não saber nada sobre a empresa ou o
setor
"É muito comum que os candidatos partam para a entrevista de
emprego sem saber sobre a empresa em questão ou sobre o setor em que ela está
inserida, quando na verdade, ele deveria estar munido do maior número de
informações possível. Se a empresa de recrutamento não divulgar qual é a
companhia que está em busca de candidatos, ela deverá, ao menos, informar sobre
o setor. Tem mais chance de sucesso o candidato que sabe se posicionar na
entrevista porque domina o assunto trabalho, em detrimento daquele que não se
deu ao trabalho de pesquisar mais sobre a empresa em questão. Sempre repito isso
para meus alunos: informação nunca é demais."
Jaqueline Mascarenhas, consultora de carreira do Ibmec
Minas Gerais
Expressar-se mal, com gírias e frases
sem sentido
"O discurso mais adequado para uma entrevista é aquele em que o
candidato consegue ser objetivo, responder as perguntas do entrevistador, expor
seu ponto de vista quando é convidado a fazer isso e perguntar, com tato,
detalhes sobre a vaga. No meio do caminho, porém, é muito comum que os
candidatos façam uso de gírias e regionalismos na hora de tirar suas dúvidas. O
linguajar é um detalhe importante, dependendo das expressões utilizadas, o
discurso demonstra certa imaturidade do candidato. O ideal é responder as
perguntas com calma, ter tempo para pensar e expor suas idéias com
tranqüilidade. Este, aliás, é outro problema grave de muitos discursos. Tem
candidato que fica tão nervoso na hora da entrevista que dispara a falar e
quando percebe já mudou de assunto e não respondeu a pergunta do entrevistador.
Isso é muito ruim, já que o ritmo da entrevista é um fator importante."
Marco Túlio Rodrigues Costa, professor de Aspectos Comportamentais Éticos
de Gestão de Pessoas da FGV-BH (Fundação Getúlio Vargas de Belo Horizonte)
Mentir sobre suas qualificações
"Mentir na entrevista é o mesmo que dar corda para se enforcar. Inventar
cursos, referências e pequenos sucessos colocam o candidato numa situação
vulnerável porque, caso seja contratado, terá de sustentar essa inverdade por
muito tempo. E como diz o ditado: mentira tem perna curta, hora ou outra seu
deslize será descoberto. Aí o prejuízo será bem maior. Uma vez que seu superior
descobrir que você não tem as habilidades destacadas na entrevista, perceberá
que seu perfil não atende às necessidades da empresa, e mais, que errou ao
apostar em sua seleção. Ao ser contratado, o indivíduo precisa ter claro que
convenceu o recrutador de possuir determinadas competências. Ao mentir, não só
estará provando que não as tem como atestará sua falta de caráter ao faltar com
a verdade. Isso deixará o recrutador descontente duas vezes e poderá resultar em
demissão comprometendo, inclusive, futuras recomendações."
Gustavo G. Boog, diretor da Boog Consultoria
Falar mal do emprego ou do chefe
anterior
"Mesmo que esteja com raiva da empresa ou do chefe antigo,
jamais fale mal deles na entrevista de emprego. Essa atitude é vista com maus
olhos por 99,9% dos recrutadores. Na entrevista de emprego, o recrutador não
está interessado em ficar por dentro de 'pendengas' cujas pessoas e razões ele
simplesmente desconhece. Seu objetivo é investigar de que maneira seu perfil
profissional e suas qualificações poderão ser úteis para a empresa. Caso você vá
logo partindo para o discurso de que estava infeliz no emprego anterior porque
seu chefe o perseguia, além de desviar o foco da entrevista, estará levantando
questões que podem levar o recrutador a repensar sua contratação. Afinal, numa
situação de conflito, é preciso avaliar a parcela de culpa de ambas as partes.
Além disso, falar mal da empresa ou do antigo chefe revela uma postura antiética
de sua parte, pois se tratam de segredos e detalhes de um negócio do qual você
não faz mais parte. Mas, atenção: isso não quer dizer que você deva mentir, e
sim, contornar a situação. Uma boa saída é dizer que saiu da empresa por estar
em busca de novos desafios profissionais."
Maria Bernadete Pupo, gerente de Recursos Humanos da Unifeo e professora
da FAC FITO
Disputar espaço com o entrevistador
"Para disfarçar o nervosismo, tem muita gente que acaba partindo para o
ataque e disputando espaço com o recrutador durante a entrevista. Para driblar a
insegurança, ele acaba querendo fazer pose de sabido a fim de triunfar sobre o
recrutador. Isso tudo, porém, é muito mais que previsível para quem trabalha com
Recursos Humanos. Aí, das duas uma: ou você perde a vaga porque o recrutador
percebe sua insegurança por meio de uma postura imatura de quem está na
defensiva, ou acaba sendo eliminado pela prepotência e o excesso de arrogância
que esse comportamento demonstra. Por isso, não entre numa disputa direta com o
recrutador. Espere, escute e, aí sim, faça suas considerações, sempre com
humildade."
Mariá Giuliese, diretora-executiva da Lens Minarelli e especialista em
análise e aconselhamento de carreira
Vangloriar-se de suas conquistas
pessoais
"Na hora de 'vender seu peixe' ponha o ego de lado e não em primeiro lugar. O
discurso não pode estar recheado de "eu fiz"; "eu consegui"; "eu conquistei"; e
"eu realizei". Quando você coloca todas as conquistas em primeira pessoa pode
soar presunçoso para o entrevistador. Até porque, na maior parte das empresas,
os projetos e as realizações não são fruto do trabalho individual, mas sim, de
uma equipe. Na hora de destacar seus feitos, procure valorizar sua participação
em um projeto de sucesso implementado por uma equipe, e a partir disso, destaque
como foi sua atuação para que ele fosse bem-sucedido. Lembre-se: egocentrismo
não é uma característica admirada pelos contratantes. Para não cair nessa, vale
treinar na frente do espelho. Olho no olho, com segurança no discurso. Um pouco
de bom humor também ajuda. Existe uma tese que diz: quando você sorri, se
desarma internamente e se torna mais receptivo."
Irene Ferreira Azevedo, professora de Liderança da BBS (Brazilian
Business School)
Não perguntar nada durante a entrevista
"Não é porque você está fazendo uma entrevista que sua participação na
conversa deve se limitar a responder o que o entrevistador pergunta. Por timidez
ou insegurança, muita gente sai com dúvida da entrevista e isso é ruim. Caso o
recrutador não mencione, é sua obrigação perguntar detalhes sobre a rotina de
trabalho e benefícios. Porém, isso não significa que você deve incorporar o
perguntador chato. Caso a explicação sobre a vaga não tenha sido suficiente para
esclarecer suas dúvidas, pergunte com bastante delicadeza novamente:
'Desculpe-me, não ficou muito claro para mim'. Agora, se mesmo assim restarem
dúvidas, deixe para outra ocasião. Perguntar sobre o salário não é uma coisa
ruim, desde que você não se preocupe só em saber quanto será a remuneração.
Procure se informar sobre outros detalhes para não mostrar que está interessado
só no dinheiro."
Cristiane Cortez, consultora de carreira do IBTA Carreiras
Demonstrar desequilíbrio emocional
"Não é segredo para ninguém que o nervosismo pode atrapalhar, e muito, nos
momentos decisivos. Na entrevista de emprego não poderia ser diferente. O
candidato pode até ter o perfil ideal para a vaga, mas se deixar a tensão
dominá-lo no momento em que precisa deixar claro suas qualificações, sua chance
pode ir por água abaixo. O desequilíbrio emocional demonstrado pela insegurança
e o nervosismo pode dizer ao recrutador que você não está pronto para assumir
uma grande responsabilidade. Por isso, evite cometer erros como: levar um
acompanhante para esperá-lo após a entrevista, inflar seu discurso com
comentários negativos ou colocar-se em uma posição de vítima frente
adversidades. Se você tem um bom currículo e suas características correspondem
ao perfil da vaga, não há motivo para se preocupar."
Priscila Lara, consultora de Recursos Humanos do Grupo Foco